Concertos a Oriente / Museu do Oriente

Com direcção artística de Gabriela Canavilhas no Museu do Oriente, em Lisboa, há Concertos a Oriente com melodias que atravessam culturas.

A sobreposição de hemisférios, a justaposição de culturas e o intimismo que ressalta de ambos os lados do mundo, Ocidente e Oriente, dão o mote para o ciclo Concertos a Oriente, que tem início neste sábado e se prolonga até 6 de janeiro do próximo ano, no Museu do Oriente. Através de um repertório que percorre diversos quadrantes musicais, cinco concertos compõem este ciclo que convida o público a embarcar numa viagem por diversas culturas, estilos, épocas e nações. Imperdível.

Logo na abertura, no dia 30 de setembro, Gilda Oswaldo Cruz interpreta, ao piano, peças de compositores ocidentais acompanhadas de haikus clássicos em japonês, proporcionando o encontro entre duas linguagens poéticas intemporais. Já a dupla composta por Pavel Gonziakov (violoncelo) e Jill Lawson (piano), leva ao auditório do Museu do Oriente, a 27 de outubro, a grande tradição musical europeia, interpretando obras de incontornáveis compositores como Frédéric Chopin, J. Brahms, A. Glazunov e D. Shostakovich.

A diáspora portuguesa dos Descobrimentos inspira o Grupo Renascentista Sete Lágrimas, que a 04 de novembro interpreta temas tradicionais de Timor, Macau e África, bem como canções populares desde o século XVI. Fundado em 1999 por Filipe Faria e Sérgio Peixoto, este grupo dedica-se aos diálogos da música antiga com a contemporaneidade. Com o pianista António Rosado é revisitada, a 15 de dezembro, a criação musical portuguesa de Luís de Freitas Branco e também o orientalismo de Claude Debussy. A encerrar o ciclo, no dia 06 de Janeiro, o Coro Sinfónico Lisboa Cantat sobe ao palco para o concerto de Ano Novo. Com acompanhamento ao piano, o coro interpretará temas portugueses alusivos à quadra do Natal e aos Reis, da autoria de Eurico Carrapatoso e Fernando Lopes Graça, Rutter, Berlioz e Haendel. É um fechar com chave de ouro.

Todos os concertos têm a direcção artística e são comentados por Gabriela Canavilhas – com exceção do primeiro, a 30 de Setembro, cujo comentário será feito pela própria intérprete. Assim, sem mais demoras, o alinhamento completo para colocar na sua agenda:
30/09/2017, 21h30 – Concerto por Gilda Oswaldo Cruz, piano e comentário:
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Alma brasileira (Choros nº 5); A manha da pierrete (de O Carnaval das Crianças).
Renaud Gagneux (1946- ) – Nojiriko (Suite de 7 peças para piano a partir de haikus de Issa e Mabesoone); Oito haikus op.54 (de O perfume da Lua, de Buson Yosa).
Fréderic Chopin (1810-1849) – Polonaise op. 26 nº 2; dois Noturnos Op.9 nº 1 e op.62 nº 2; três Mazurkas op. 50.
Francisco Mignone (1897-1986) – Batucada (1952) *primeira audição em Portugal.

27/10/2017, 21h30 – Concerto por Pavel Gonziakov (violoncelo) e Jill Lawson (piano):
Frédéric Chopin, Etude op.25 nº7 (arr. A. Glazunov).
J. Brahms, Sonate nº 1 E minor op. 38.
A. Glazunov, Elegie.
D. Shostakovich, Sonate op. 40.

04/11/2017, 21h30 – Diáspora, Grupo Renascentista Sete Lágrimas:
1. Anónimo (séc. XVI), Na fomte está Lianor
2. Tradicional (Macau), Bastiana
3. Anónimo (séc. XVI), Senhora del mundo
4. Joaquim António da Silva Calado (1848-1880), Flor amorosa
5. Anónimo (séc. XVI), Dic nobis Maria/Dalha den cima del cielo
6. Tradicional (Timor), Mai fali é
7. Gaspar Fernandes (*1565-1629), Tururu farara con son
8. Gaspar Fernandes (?1565-1629), Xicochi conentzitle
9. Anónimo XVI/XVII, No soy yo quien veis vivir
10. Filipe Faria e Sérgio Peixoto s/ texto anónimo (séc. XVI), Triste vida vivyre (contrafactum textual sobre salmo La Terre au Seigneur appartient de Claude Goudimel (?1514-1572))
11. Filipe Faria (n. 1976) e Sérgio Peixoto (n. 1974) s/ texto de vilancico anónimo (s. XVI), Parto triste saludoso
12. Artur Ribeiro (1924-1982), Rosinha dos limões
13. Manuel Machado (c.1590-1646), Dos estrellas le siguen
14. Tradicional (África do Sul/Moçambique), Yamukela (s/ arr. Pe. Arnaldo Taveira Araújo OFM (n. 1929))
15. Filipe Faria e Sérgio Peixoto s/ texto Lope de Vega (1562-1635), El pesebre
16. Romance Sefarad (Marrocos), Mosé salió de Misraim
Em palco: Filipe Faria, voz; Sérgio Peixoto, voz; Sofia Diniz, viola da gamba; Tiago Matias, vihuela, guitarra barroca e tiorba; Mário Franco, contrabaixo; Rui Silva, percussão histórica.

15/12/2017, 21h30 – Concerto pelo pianista António Rosado:
Fernando Lopes-Graça (1906 – 1994) – Suite in Memoriam Bela Bartók nº 5; 1. Prelúdio, 2. Vesperal, 3.Contradança, 4. Barcarola, 5. Loa, 6. Tocatina
Luís de Freitas Branco (1890 – 1955) – Dos Dez Prelúdios dedicados a Viana da Mota; 6. Moderadamente animado, 9. Moderado não lento, 8. Muito animado
Maurice Ravel (1875 – 1937) – Sonatine; 1. Moderé, 2. Mouvement, 3. Animé.
Claude Debussy (1862 – 1918)- Estampes; 1. Pagodes, 2. La soirée dans Grenade, 3. Jardins sous la pluie; e Suite pour le piano; 1. Prélude, 2. Sarabande, 3. Toccata.

06/01/2018, 21h30 – Concerto de Ano Novo, Coro Lisboa Cantat.

A não perder, em Lisboa. •

Museu do Oriente
© Fotografia: Jill Lawson.

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