Ciclo “Cinema Macau. Passado e presente”

Após a exposição “Macau. 100 Anos de Fotografia”, o Museu do Oriente regressa a este território, agora pela lente do Cinema, trazendo até si filmes de arquivo e de realizadores contemporâneos. As sessões do ciclo “Cinema Macau. Passado e Presente” já começaram e decorrem até ao dia 18 de fevereiro, sempre às 17.00, com entrada livre.

Neste ciclo, que se encontra organizado em sete sessões temáticas, com a curadoria da jornalista e crítica de cinema Maria do Carmo Piçarra, procura-se desvendar a pluralidade de olhares sobre Macau durante o século XX, bem como após a transição para a administração do território pela China.

Com início dado no passado domingo, e estendendo-se até 18 de fevereiro, “a programação do ciclo começa por revelar a percepção, durante o Estado Novo, de realizadores portugueses – tanto amadores (Antunes Amor) como profissionais que serviram a propaganda (Ricardo Malheiro) – sobre Macau, contrapondo imagens fixadas por cineastas estrangeiros ao serviço do Regime, como Miguel Spiguel e Jean Leduc. Mostra também como Manuel Faria de Almeida, um dos fundadores do Novo Cinema português que, posteriormente, ajudou a criar a Televisão de Macau, antecipou as angústias dos residentes no território com a perspectiva da transição da soberania“.

Em contraponto a estas visões, apresenta-se a visão contemporânea de jornalistas e das novas gerações de realizadores portugueses, que viveram ou visitaram (Rui Pedro Guerra da Mata / João Pedro Rodrigues) ou vivem (Ivo Ferreira) no território, e o de uma realizadora sérvia (Nevena Desivojevic), que filmou, em Lisboa, a rememoração de um aspecto da vivência em Macau. O ciclo integra ainda investigações filmadas, assinadas por jovens jornalistas portugueses (Filipa Queiroz e Hélder Beja), que relevam traços da presença portuguesa durante o século XX. A não perder, todo este novo contacto com a nossa história com Macau.

“Cinema Macau. Passado e Presente” fixa, finalmente, “as inquietações, aspirações e a sensibilidade da primeira geração de realizadores de Macau. Recorrendo a linguagens que vão do ensaio visual à animação e usando, sobretudo, o formato da curta-metragem, os novos filmes feitos em Macau, entre outros, por Albert Chu, Leong Kin, Cobi Lou, Hong Heng Fai, Cheong Kin Man e Tracy Choi – de quem é apresentada também a longa-metragem ‘Irmãs’ (Sisterhood) – reflectem as mudanças na paisagem, física e humana. Aqui, os vestígios coloniais servem um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento da ilha e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade de ecrãs“.

Ao longo deste ciclo serão exibidos filmes do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM), da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e do Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE).

Sem mais demoras, o programa para colocar na sua agenda lisboeta:
13/01 – HERANÇA PORTUGUESA E TRANSIÇÃO VISTOS PELA TELEVISÃO. Com a presença de Manuel Faria de Almeida, moderação de Maria do Carmo Piçarra – “O regresso” (52’), Manuel Faria de Almeida, 1988.
21/01 – PERSONAGEM MISTERIOSA NA FICÇÃO CINEMATOGRÁFICA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA. Com a presença de Nuno Carvalho (sobre o som de A última vez que vi Macau) – “O estrangeiro” (18’) Ivo M. Ferreira, 2010; “A última vez que vi Macau” (82’), João Pedro Rodrigues/ João Rui Guerra da Mata, 2012.
28/01 – PASSADO E PRESENTE DOCUMENTADO POR JORNALISTAS PORTUGUESES. Com a presença de Filipa Queiroz – “Once upon a time in Ka Ho” (31’), Hélder Beja, 2012 (legendado em inglês); “Boat people” (32’), Filipa Queiroz, 2016 (legendado em português).
04/02 – HISTÓRIAS DE MACAU I. Com a presença de Cheong Kin Man – “Macau de Ah Ming” (32’) Albert Chu, 1996; “Leno” (13’) Leong Kin/Cobi Lou, 2016; “Crash” (22’), Hong Heng Fai, 2016; “Uma ficção inútil” (31’), Cheong Kin Man, 2016. Filmes legendados em inglês
10/02 – HISTÓRIAS DE MACAU II. Com a presença de Nevena Desivojevic – “Projecto miúdos” (25’), Io Lou Ian, 2016 – “Um amigo meu” (16’), Tracy Choi, 2013; “I repeated – Macau” (41’), Penny Lam, 2014; “You’ve never been there” (8’), Nevena Desivojevic, 2015. Com excepção do primeiro, todos os filmes são legendados em inglês.
18/02 – HISTÓRIAS DE MACAU III – “Irmãs” (97’), Tracy Choi, 2016. Filme legendado em inglês.

A ir, no Museu do Oriente, em Lisboa. •

Museu do Oriente
© Imagem: “Irmãs”, DR.

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