O Fórum Artes e Ofícios – que já se encontra a decorrer – continua a explorar o território português e, neste 2024, elegeu o concelho de Odemira como cenário e espaço para uma ampla programação de oficinas, exposições, workshops, performances e diversas actividades satélite que culminam em dois dias de Colóquio que colocam o saber-fazer artesanal no centro do debate e da criação.
Destacar a importância da aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo através da prática manual na transmissão de conhecimentos, valorizar as artes e ofícios vernaculares, debater a importância da transmissão do conhecimento artesanal e seu impacto sociocultural e económico na promoção de sociedades mais equitativas e sustentáveis.
São estes os principais objectivos do mais que obrigatório, nestes tempos que correm, Fórum Artes e Ofícios 2024: Transmitir o Fazer que, depois de uma bem sucedida passagem pelos Açores, encontra, este ano, no concelho de Odemira, a geografia perfeita para uma série de actividades que colocam no centro do debate, da prática e da criação a aprendizagem através da prática manual, nos meses de junho e julho. Este Fórum é esgalhado e pensado pela plataforma Origem Comum e com a promoção da C. M.de Odemira, conta com a curadoria da dupla de designers Kathi Stertzig e Álbio Nascimento.
Programa de Actividades
Oficinas
Durante todos os fins de semana de junho, várias freguesias de Odemira receberam artesã/os que se dedicam a transmitir conhecimentos em técnicas como entrelaçado, empreita, empalhamento e cestaria, utilizando materiais como esparto, bunho, vime, cana comum e palmeira-anã. As inscrições são limitadas e gratuitas, abertas a todos e todas, independentemente do nível de experiência.
Colóquio
Nos dias 28 e 29 de junho acontecerá o colóquio dedicado ao tema “Transmitir o Fazer”. A ideia é reunir artesãos, designers, agentes das indústrias criativas, profissionais, investigadores e especialistas das áreas de artes e ofícios, cultura, ensino e património para debater, partilhar ideias e experiências sobre a educação artesanal e as práticas tradicionais, abordando questões cruciais como a produção artesanal na educação moderna, a transmissão de saber-fazer ancestral, e o impacto do conhecimento vernacular no desenvolvimento humano e social.
Exposições
O programa expositivo compreende três exposições que destacam a diversidade e a riqueza das práticas artesanais:
• “Produção artesanal portuguesa: a atualidade do saber-fazer ancestral”, promovida pela DGARTES, reúne artefactos que representam a diversidade de matérias-primas e técnicas de todo o país. De 01 a 30 junho, na Biblioteca Municipal de Odemira + Espaço CRIAR.
• “Artefactos dos Açores: O Centro de Artesanato e Design dos Açores” apresenta peças únicas das artes tradicionais açorianas, inspiradas pelas paisagens das ilhas. De 28 de junho a 15 julho, na Igreja da Misericórdia em Odemira.
• “Cerâmica de Odemira”, organizada pela CACO – Associação de Artesãos do Concelho de Odemira, exibe peças utilitárias e decorativas, destacando a cerâmica como uma das actividades mais expressivas da região. De 28 de junho a 26 de julho, na Olaria Municipal de Odemira.
Actividades Satélite
O programa inclui ainda workshops, performances, visitas a oficinas e actividades nocturnas com concertos e projecções de filmes. Entre as ofertas estão oficinas de construção de Viola Campaniça e cursos de escultura cerâmica.
Nas palavras da curadoria assegurada por Kathi Stertzig e Álbio Nascimento, “preservar o conhecimento do saber-fazer artesanal é uma forma de resiliência humana. É manter os sentidos acordados, tomar consciência e manter viva a ligação àquilo que nos rodeia. É garantir a não-alienação. Com este Fórum queremos abrir um espaço comum para ideias colectivas sobre a importância e o futuro da educação artesanal / do saber-fazer manual. Odemira (e a associação CACO) recebeu-nos com braços abertos para pôr esta edição em pé. É um grande privilégio podermos discutir este tema (Transmitir o Fazer) no contexto da diversidade cultural que existe neste concelho.”
Celebrar o saber-fazer artesanal e promover discussões vitais sobre a preservação e inovação das práticas artesanais no século XXI, em Odemira, a decorrer até julho. •