Amanhã, sábado dia 13 de dezembro, pelas 22h00, sob ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) uma lufada de cores e ritmos exóticos, necessária a um espetáculo dedicado a Carmen Miranda, a artista de nacionalidade portuguesa que conquistou o mundo.
Foi adorada em terras de Brasil, teve os Estados Unidos da América a seus pés, sem nunca deixar de ser portuguesa, até ao fim. Carmen Miranda é nome que não cai em esquecimento. A norte, Guimarães é assim a primeira cidade a ouvir, ao vivo, “Saudade de Você – Real Combo Lisbonense às voltas com Carmen Miranda”, o primeiro álbum do Real Combo Lisbonense, cinco anos após a edição de um EP inaugural, homónimo, que assinalou a estreia deste coletivo em torno da música portuguesa dos anos 1950 e 1960, tocada por conjuntos e orquestras. Editado no passado dia 24 de novembro, este trabalho tem como objetivo renovar e reinterpretar as canções popularizadas por Carmen Miranda, tão conhecidas por uma geração e ainda hoje ouvidas. O álbum apresenta onze temas, entre sambas e marchas, a maioria em língua portuguesa, como “Na baixa do sapateiro”, “Adeus batucada”, “O que é que você fazia?” e “Saudade de você”, que dá nome ao disco.
Quase toda a gente conhece Carmen Miranda, nem que sejam duas ou três músicas das cerca de 300 gravadas pela cantora mais internacional alguma vez nascida em Portugal, ou a reconhecem pela sua sempre tão rica e exótica apresentação e caracterização. Levada ainda bebé de uma aldeia junto a Marco de Canaveses, Carmen foi para o Rio de Janeiro, cresceu brasileira e nunca voltou à terra onde nasceu. Apesar disso, os portugueses podem estabelecer uma ligação cultural e afetiva a partir das suas origens: o quotidiano familiar cheio de memórias; a primeira música que cantarolou aos cinco anos, um Fado que lhe ensinou a irmã mais velha; o contexto do Rio no início do século XX, com uma enorme população de imigrantes portugueses; a presença de Dona Maria, a mãe, ao longo da vida. Tudo deixou marcas na personalidade de Carmen.
De Várzea de Ovelha a Hollywood, com longa escala carioca, Carmen cresceu com o samba e a malandragem da Lapa, subiu na fama internacional até ao topo, mas nunca desistiu do passaporte português. Carmen Miranda, a Pequena Notável, The Brazilian Bombshell. Muitos nomes para descrever o mito que se eternizou nas roupas baianas exuberantes e nos turbantes exóticos. Com a sua personalidade vibrante e com uma propensão natural para os palcos, Carmen Miranda foi uma das primeiras estrelas com fama à escala global. Conquistou o Brasil, dominou toda a América Latina e depois tomou de assalto os Estados Unidos onde fez carreira e se juntou ao estrelato dos anos dourados de Hollywood.
Fazendo jus à sua fama e carreira, a carismática artista gravou no cimento do Chinese Theatre os seus pés e mãos, privilégio apenas concedido à nata do mundo do espetáculo. Também lhe foi atribuída uma estrela dourada no mítico Passeio da Fama. Carmen Miranda espalhou o seu charme pelo mundo, ditou tendências, tornou-se um ícone no Brasil, país que acabou por considerar seu, e rendeu a América tendo sido convidada para se apresentar na Casa Branca pelo Presidente Franklin Roosevelt. Carmen Miranda saltou de Portugal para o mundo, conquistou uma fama sem precedentes e partiu cedo demais deixando, contudo, uma herança notável. A imagem icónica da artista é mundialmente reconhecida mas a sua memória é mais presente no Brasil e nos Estados Unidos.
Quase 60 anos depois da sua morte, o legado de Carmen Miranda continua ausente da música feita em Portugal. Com este espetáculo, o Real Combo Lisbonense reaviva memórias e tenta fazer renascer a aura da artista de nacionalidade portuguesa que maior projeção mundial alcançou. Um espetáculo totalmente novo que atravessa quase três décadas de história musical, através de um repertório de sambas, marchinhas e outros ritmos tropicais. É portanto, este espetáculo, uma noite a não perder, amanhã, em Guimarães. Apareça! •
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