Depois de alguns palcos corridos e de terem cativado o ouvido da crítica especializada e não só, os portugueses e conimbricences Ghost Hunt apresentam, ao vivo, o seu homónimo mini-álbum de estreia em Lisboa, este dezembro.
“Games” – que aqui vos deixamos para (re)ouvirem – single de avanço do primeiro trabalho de um dos mais cativantes projetos musicais portugueses, dos últimos anos, nas sonoridades eletrónicas, já roda nas rádios e faz ecoar o nome desta jovem banda de veteranos músicos, em várias frentes. Se (re)conhece os míticos Kraftwerk… prepare-se para este novo mundo bem “assombrado” (bom sentido) por esta superlativa influência alemã, entre outras.
Nas sábias e certeiras palavras de Rui Catalão – crítico de música nos anos 90; dramaturgo e performer, em 2014 apresentou no Teatro Maria Matos Canções i comentários (sobre a música de Blarmino), com Pedro Oliveira a tocar ao vivo; nesse ano, Pedro Oliveira formou com Pedro Chau os Ghost Hunt – “Ghost Hunt é ruído feito com muitas máquinas, mas é ruído feito com paredes e paredes de som meticulosamente combinadas. Paredes essas que revelam ser linhas melódicas, que podem ser curtas como jingles ou longas como cantos de baleia. Essas linhas melódicas difundem-se umas nas outras como o fluxo das ondas num mar agitado.
Com Pedro Chau a servir-lhe linhas de baixo muito tensas e ásperas, Pedro Oliveira instala em palco um estúdio de som. (…). Para um ouvinte com carinho por etiquetas, a primeira referência a que imediatamente associamos Ghost Hunt é a bandas como Kraftwerk, Harmonia, Cluster, Neu! A razão é menos estética do que operativa: há no modo de tocar dos Ghost Hunt uma grande afinidade pelas técnicas de assemblage da geração do Krautrock. Algum do equipamento que usam foi criado nessa época. De resto, a sua maquinaria é quase toda analógica. Não podemos ignorar também o percurso da dupla em bandas de guitarras (os dois Pedros são de Coimbra. O facto de se reunirem quando já nem vivem na mesma cidade ilustra bem a importância da cena de Coimbra, que gerou os músicos mais inovadores e obcecados do país.) Temos de fazer marcha atrás por muito daquilo que os formou, acima de tudo a música dos anos 80: o som “shoegazer”, a tecno de Detroit, o acid, o electro industrial, o synthpop, e, lá mais para trás, as primeiras bandas de heavy metal, o punk, o rock psicadélico, o garage rock. Mas este arsenal de correntes estéticas, na praia de Ghost Hunt, dissolve-se em rochas sedimentares e areia muito fina. A música está nas ondas. Na zona de rebentação.
(…)
Viajamos dentro do som. Às vezes até julgamos reconhecer algo familiar, que nos fascinou há muito, muito tempo – mas fomos apenas surpreendidos pelo fantasma da música a ser caçado à nossa frente.”
Pelas 22h30 de amanhã, quarta-feira dia 07 de dezembro, Pedro Oliveira (ex-Spider, Blarmino) e Pedro Chau (baixista dos gigantes The Parkinsons), levam ao Sabotage o seu conjunto exemplar de temas construídos à volta de sintetizadores e guitarras, exercício estético de acumulação e transfiguração de inúmeras referências musicais que vai conseguir reconhecer. Em vésperas de feriado de Nossa Senhora da Conceição é pecado ficar em casa, em Lisboa! •