Arte: O movimento plural de José Almada Negreiros / Gulbenkian

Mais de quatro centenas de trabalhos expostos compõem, a partir de 3 de Fevereiro, na Gulbenkian, a retrospectiva dedicada ao artista plástico português que defendia a presença da modernidade em todo o lado.

José de Almada Negreiros (1893-1970) / Sem título [Figurino], 1918 / Guache sobre papel • 27,7 x 21,7 cm • Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna • Inv. DP180 / © Paulo Costa

“José de Almada Negreiros. Uma Maneira de Ser Moderno” é o título de uma exposição maior de quem mostrou uma grandeza singular e uma versatilidade sem limites de um dos mais criativos artistas da história do modernismo do século XX, a qual estará patente entre 3 de Fevereiro e 5 de Junho, nas duas salas de Exposições Temporárias da sede da Fundação Calouste de Gulbenkian, em Lisboa.

Composta por pesquisas matemáticas e geométricas em pintura, obras em espaço público da cidade das sete colinas, narrativas gráficas, diálogos cinematográficos e o autorretrato, entre muitos outros – dos quais alguns serão exibidos, pela primeira vez, em público –, a mostra reunirá 400 trabalhos de um homem convertido à abordagem multidisciplinar das artes ou não fosse José Almada Negreiros artista plástico, escritor, actor, performer, cenógrafo e bailarino.

Com curadoria de Mariana Pinto dos Santos, historiadora de Arte e investigadora integrada do Instituto de História de Arte da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas, em colaboração com Ana Vasconcelos, conservadora do Museu Calouste Gulbenkian, a exposição será compartimentada em oito núcleos temáticos ligados entre si. Assim, na Galeria Principal da fundação, a pintura e o desenho serão complementados com os trabalhos efectuados em colaboração com arquitectos, escritores, editores, músicos, cenógrafos ou encenadores. A Galeria do Piso Inferior da sede será dedicada ao cinema e à narrativa gráfica, e serão exibidas obras e estudos inéditos, com o objectivo de dar a conhecer o movimento plural do processo artístico de José Almada Negreiros que, deste modo, defendia a presença da modernidade nos edifícios públicos, nas ruas, no teatro, no cinema, na dança, no grafismo e nas ilustrações dos jornais.

José de Almada Negreiros (1893-1970) / Sem título, com inscrição «Fecho do Capítulo I», 1946 • Desenho para o livro Lisboa • Oito Séculos de História de Gustavo de Matos Sequeira • ed. Câmara Municipal de Lisboa, 1947 / Guache sobre papel / Coleção particular / © Paulo Costa

Com o intuito de mostrar uma dimensão mais completa da obra de José Almada Negreiros, a Fundação Calouste Gulbenkian está a organizar um programa complementar. Tome nota:
Obra multimédia “Almada, Um Nome de Guerra”, realizado por Ernesto de Sousa, com coordenação de Isabel Alves e Joana Ascensão
Data: 3 de Março, às 19 horas.
Local: Sala Polivalente – Coleção Moderna.
Peça de teatro “Antes de Começar de Almada Negreiros”, pela Companhia da Esquina
Data: 11 de Março e 13 de Maio, às 16 horas / 12 de Março e 14 de Maio, às 11 horas.
Local: Sala Polivalente – Coleção Moderna.
“Os bailados e a Lanterna Mágica de Almada Negreiros”, por Mariana Pinto dos Santos, curadora da exposição
Data: 23 de Março, às 20 horas.
Local: Auditório 3 (entrada gratuita, a qual requer levantamento de bilhete).

José de Almada Negreiros (1893-1970) / Eros e Psique, [1954] / Vitral para casa da Rua de Alcolena, n.º 28 (arquiteto António Varela) / 57,5 x 325 cm • Coleção Museu da Assembleia da República • MAR 271

No âmbito da temporada Gulbenkian Música, será recriado o espetáculo “La Tragedia de Doña Ajada”, estreado em Madrid, em 1929, com a projecção da lanterna mágica desenhada por José Almada Negreiros, a qual é composta por seis quadros criados para acompanhar a música de Salvador Bacarisse e o libreto do poeta Manuel Abril. Uma vez que a partitura orquestral completa perdeu-se, o espectáculo é tocado pela Orquestra Gulbenkian, a qual será dirigida por Nuno Coelho Silva, vencedor, este ano, do primeiro Prémio Jovens Músico em Direcção de Orquestra.
Data: 23 de Março, às 21 horas.
Local: Grande Auditório.

No alinhamento do programa há também um ciclo de mesas redondas às Quartas, a partir das 18 horas, no Foyer do Grande Auditório. A entrada é livre. A agendar:
22 de Fevereiro: Modernismos em rede
Oradores: Richard Zenith, Penelope Curtis, Joana Cunha Leal.
15 de Março: Os meios dos modernismos
Oradores: Carlos Bártolo, Catarina Rosendo, Mariana Brandão.
19 de Abril: Os quatro manifestos de Almada Negreiros*
Oradores: Fernando Guerreiro, Sara Afonso Ferreira, Antonio Saez Delgado
(Local: Casa Fernando Pessoa).
10 de Maio: Modernismos e Estado Novo
Oradores: Gustavo Rubim, Manuel Deniz Silva, Joana Brites.
31 de Maio: Discursos sobre Almada Negreiros.
Oradores: Osvaldo Manuel Silvestre, Luís Trindade, Mariana Pinto dos Santos.

José de Almada Negreiros (1893-1970) / Sem título [estudo para pintura a fresco para Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos] • [c. 1945-1949] • Lápis de cera sobre cartão • 50 x 50 cm • Coleção particular / © Paulo Costa

Para terminar, há as visitas, que se traduzem numa mão cheia de percursos que vale a pena conhecer.
À conversa com as curadoras Ana Vasconcelos e Mariana Pinto dos Santos
• 4 de Fevereiro, às 16 horas.
Visitas orientadas
• 15 de Fevereiro, 22 de Março e 19 de Abril, e Sábados, às 15 horas.
A entrada é livre.
Visitas às Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos
• 18 de Fevereiro, 18 de Março, 29 de Abril e 27 de Maio, às 15.30 horas.
O bilhete inclui a deslocação em autocarro, desde a Fundação Calouste Gulbenkian, com partida às 15 horas, até às gares e o percurso inverso até ao ponto de partida.
Começar: Uma Viagem Matemática por Almada Negreiros, por Pedro Freitas e Simão Palmeirim Costa
• 26 de fevereiro, às 11 horas.

As visitas para grupos realiza-se mediante marcação prévia, assim como as visitas guiadas, através do 21 782 38 00 ou de descobrirmarcacoes@gulbenkian.pt .

A fundação Calouste Gulbenkian manterá as portas abertas para a exposição, de Quarta a Segunda, entre as 10 e as 18 horas (última entrada é às 17.30 horas), encerrando-as às Terças, no Domingo de Páscoa e a 1 de Maio.

A ir! •

+ Fundação Calouste Gulbenkian
Legenda da foto de entrada: José de Almada Negreiros (1893-1970) / Auto-Retrato, 1948 / Grafite sobre papel • 68,3 x 46 cm • Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna • Inv. DP220 / © Catarina Gomes Ferreira