A Galeria Zé dos Bois prepara-se para inaugurar a exposição Cartazes Cubanos da OSPAAAL 1960-1980, neste mês de julho, no Bairro Alto, em Lisboa. É uma oportunidade ímpar de conhecer a fundo a utilização do cartaz político no quadro de uma das mais relevantes iniciativas solidárias da segunda metade do século XX.
A exposição que a ZDB agora apresenta “situa-nos perante uma das mais extraordinárias experiências gráficas do último século“. Composta por aproximadamente uma centena de cartazes, revistas e dioramas concebidos no intervalo de tempo entre 1966 e 1980, esta exposição traça um retrato obrigatório do esforço colectivo que diversas forças políticas em África, na Ásia e na América Latina desenvolveram no sentido de estabelecer uma propaganda solidária comum. “Tendo o seu centro artístico e produtivo em Cuba, mas adoptando uma postura internacionalista desde a sua fundação, a OSPAAAL (Organização de Solidariedade para com os Povos de África, Ásia e América Latina) concebeu um amplo conjunto de materiais gráficos que se destinavam a dar voz e a galvanizar as facções políticas que, naqueles continentes, lutavam pela autodeterminação dos povos contra o colonialismo e outras formas de exploração e segregação“.
Organizada tematicamente, esta exposição articula imagens de conhecidos actores políticos como Che Guevara, Amílcar Cabral, Patrice Lumumba, Mehdi Ben Barka ou Richard Nixon com ilustrações de apoio à luta armada, apelos ao orgulho nacional, incentivos à revolta das classes operárias ou resistência ao domínio imperialista dos Estados Unidos. Ilustrações que, sabemos, têm no grafismo uma arte ímpar. “Beneficiando da posição de abertura dos seus dirigentes face às vanguardas artísticas do pós-guerra, os autores cubanos puderam fazer da produção gráfica da OSPAAAL uma verdadeira plataforma para o encontro entre um discurso altamente politizado e as mais radicais propostas artísticas da época“. Cartazes Cubanos da OSPAAAL 1960-1980 chama-o para descobrir uma “colecção de materiais que vogam entre a denúncia da opressão e a exaltação dos feitos revolucionários e que, no seu conjunto, são um documento inestimável da época de ouro do design cubano e um exemplo claro do uso da comunicação visual em prol da igualdade e das transformações sociais“.
A par da acção internacionalista da OSPAAAL, Cuba implementou um conjunto vasto de organismos políticos de vocação interna e local. Num destes organismos, COR – Comité de Orientação Revolucionário, sedeado em Cienfuegos, trabalhou Pepe de la Paz, artista gráfico cuja produção é alvo de uma retrospectiva incluída nesta exposição.
Esta exposição, que aconselhamos a não perder, estará patente de 14 de julho (dia da inauguração, pelas 22h00) a 23 de setembro de 2017. A Galeria Zé dos Bois situa-se na Rua da Barroca, 59, em Lisboa e pode visitar esta mostra de quarta a sábado, entre as 18h00 e as 22h00. Aproveite o verão para viajar na história da OSPAAAL. •