Novas confirmações: Tremor 2018

Para fechar a semana, na música, falemos das mais recentes confirmações para o Tremor 2018, na sua quinta edição, na ilha de São Miguel, Açores.

Da residência artística do rapper Mykki Blanco, cuja passagem por São Miguel tem com objectivo o criar de novas músicas, até ao espectáculo audiovisual de Aïsha Devi e Emile Barret, são cinco as novidades no cartaz de concertos estaedição do Tremor. A estreia absoluta de Mal Devisa, projecto a solo de Deja Carr (neta do músico de jazz nova-iorquino Bruno Carr), e os regressos de Miss Red e Baby Dee, desta feita a solo e com concertos em nome próprio, completam a terceira leva de anúncios do festival açoriano. Um cartaz que fica cada vez mais irresistível.

O Tremor tem regresso agendado ao arquipélago entre os dias 20 e 24 de março (já faltou mais…), novamente com uma rota de actividades culturais que prometem um diálogo contínuo e diverso com a paisagem. Tempo agora para breves apresentações dos nomes que agora se juntam ao cartaz.

Quando, em 2010, Quattlebaum lançava os seus No Fear, projecto ligado ao punk industrial, poucos conseguiriam prever que, anos depois, se assumiria como uma das figuras líderes do que o próprio apelida de “riot grrrl rap”. “De um vídeo à liderança de um movimento catalogado mediaticamente como queer hip hop, o espaço que Mykki Blanco conquistou é terra fértil no questionamento do universo simbólico de um género marcado por ideias de machismo e violência. Polémico, provocador e inesperado, rapper, artista e performer, Mykki é sinónimo de transgressão no desafio aos temas e às imagens do rap“, dando-lhe “novos contornos sonoramente mais próximos da electrónica e rebatendo preconceitos e conceitos de identidade“. Nesta estreia açoriana, Mykki fará uma residência de criação que servirá para compor alguns dos temas do próximo disco.

Quando se fala de Aïsha Devi tudo deve começar com uma referência à Danse Noire – “editora santuário, fundada pela própria, e que tem vindo a explorar o espaço abstracto do techno e da música de dança“. É sob este selo que Devi tem trabalhado e transformado a sua herança nepaleso-tibetana em electrónica que aspira a ser meditação. “Desde o lançamento de Of Matter And Spirit que acompanhamos esta viagem espiritual pelas suas origens, onde os mantras pop que produz nos desafiam a descobrir o não visível, balanceando-nos entre paisagens sonoras industriais e ritmos dançantes“. Em resposta a um desafio lançado pelo Tremor, Devi juntar-se-á, de novo, a Emile Barret, num espectáculo multidimensional de encontro entre música e imagem.

A voz de Deja Carr “é uma força da natureza, um instrumento de rara amplitude embebido numa espécie de empatia universal intrínseca, que remete tanto a Nina Simone, como a Billie Holliday“. Cresceu entre o Bronx e a cidade de Amherst, num percurso pessoal que parece ter-lhe desenhado o enquadramento intelectual com que olha o mundo. “Com densidade lírica pousada em instrumentação escassa, Carr é, ao mesmo tempo, a voz de uma cidade pequena e uma lâmina que escalpeliza os problemas sociais de comunidades fracturadas. Com Kiid, disco de estreia editado com o alter ego Mal Devisa, Carr ganhou a atenção de meios como Stereogum e Pitchfork como disco do ano, ao acordar-nos para músicas que têm a amplitude recursiva do jazz, do hip hop e do blues“.

Miss Red, ficou conhecida quando, em 2011, “roubou o palco” ao mítico produtor The Bug durante um concerto em Tel Aviv. Nessa altura, já era um membro dos East Rider, a equipa de profetas do reggae responsável por grande parte das movimentações em torno dos sound systems por todo Israel. “Diss Mi Army” (2012), lançado com The Bug, sob protecção discográfica da Ninja Tune, “foi o bilhete de avião para a conquista mundial e para os amores públicos de nomes como Andy Stott ou Evian Christ. Nos últimos cinco anos, tem cruzado o globo ao lado de Kevin Martin ou com os seus 3421“.

Estreou-se nos palcos nacionais no âmbito da última tour mundial dos Swans, num espectáculo que teve tanto de excêntrico como de desconcertante. No currículo, lêem-se colaborações com instituições musicais como Antony Hegarty, Current 93, Little Annie, Will Oldham ou Andrew W.K., que lhe granjearam o epíteto de ser uma das mais interessantes descobertas musicais da última década. Cantautora com formação clássica, “Baby Dee é uma espécie de lenda do underground nova-iorquino no universo transgénero, juntando, num mesmo palco, o virtuosismo do entretenimento circense com um extraordinário talento na interpretação de piano, acordeão e harpa“.

A tomar nota destes novos nomes que se juntam a Dead Combo e The Parkinsons, entre outros. A rumar aos Açores. •

Tremor
+ Tremor 2018 na Mutante
© Fotografia de destaque: Aïsha Devi.

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