Agendas de primavera abertas e, no mês de junho, pode tomar nota de um mais promissores nomes femininos dos últimos anos: a americana Julie Byrne tem passagem agendada, por cá. Na bagagem “Not Even Happiness”, considerado um dos discos mais sublimes de 2017.
“Nómada, sonhadora, naturalista e romântica”, termos que vemos associados à identidade de Julie Byrne que, num passado recente, se mudou entre diversas partes dos Estados Unidos da América – Buffalo, Pittsburgh, Pennsylvania, Northampton, Massachusetts, Chicago, Illinois, Seattle, Nova Orleães, Nova Iorque -, “aglomerando nas suas viagens influências, não da agitação das suas jornadas, mas sim do conforto que encontrou em cada etapa. O resultado é folk sentimental, atmosférica e transparente que evoca Joni Mitchell, Cat Power, Grouper ou Julia Holter“.
Autodidata, Julie admite, sem receios, não saber ler música nem a ouvir frequentemente – facto curioso, o primeiro vinil que teve em casa foi o seu próprio. “Apesar destes parecerem argumentos pouco vantajosos para uma compositora, a sua discografia demonstra uma capacidade exemplar de trabalhar melodias exuberantes e um lirismo evocativo. Ambas as qualidades se envolvem numa suave sensualidade que conjura numa narrativa que dificilmente não encanta“. Independente desde cedo – aos 18 anos abandonou os estudos, afastou-se de casa para ir trabalhar numa mercearia e, mais tarde, dedicou-se a ser Guarda Florestal no Central Park – Julie Byrne já conquistou o seu espaço na música indie, sendo já referenciada como nome a fixar no seu género musical.
© Video: Julie Byrne “Sleepwalker” para The Line of Best Fit
O primeiro álbum (de 2014) – “Rooms With Walls & Windows” – editado pela independente Orindal Records, é uma compilação de duas cassetes gravadas em 2012 e 2013: “Julie Byrne” e “You Would Love It Here”. “Com o passar do tempo, entre mudanças de casa e quilómetros de estrada com projetos como Whitney, Angel Olsen, Kurt Ville e Steve Gunn, tudo a endereçou a voltar à sua cidade natal. Cinco anos após a sua primeira experiência autoral, a norte-americana lança ‘Not Even Happiness’, em fevereiro de 2017. O longa-duração foi produzido por Eric Littman e gravado na casa de infância da cantora, em Nova Iorque. Mais confiante que nunca, mas com o seu carater subtil, o disco é considerado uma ode à beleza, ao amor, à natureza. Os arranjos orquestrais combinam-se ao folk para jogar com o silêncio e os múrmuros de Byrne. A sua linguagem é difusa, traçando temas como a autonomia, o desejo e a luta“.
De acordo com a revista de música Pitchfork, que avaliou o seu último trabalho com um elogioso 8.3/10, “o novo álbum da compositora Julie Byrne tem a lucidez e tatilidade de um cristal de cura (…) ela pinta momentos sublimes e impressionantes conseguindo transformar coisas simples em coisas arrebatadoras”. Já a afamada NME, também uma referência na imprensa sonora, qualificou “Not Even Happiness” como “uma obra-prima delicada que eleva as influências tradicionais da música americana“.
“Not Even Happiness” integrou ainda a lista dos melhores discos de 2017 para as publicações de referência: Uncut, MOJO, The Guardian, Pitchfork, Spin, Stereogum e Consequence of Sound.
Ao vivo, proporcionando uma viagem ímpar por todas os seus trabalhos, a compositora norte-americana “deslumbra, ora multidões, ora pequenas audiências, que encontram uma ligação real com o intimo das suas canções“. A sua sonoridade cativa naturalmente, mas é a sua voz e presença calorosa que, dizem e não duvidamos, hipnotizam. A artista estreia-se este ano em Portugal com três concertos agendados:
13/06 – Teatro das Figuras, em Faro.
15/06 – Galeria Zé dos Bois, em Lisboa.
16/06 – gnration, em Braga.
Concertos a não perder, na despedida da primavera. •
+ Julie Byrne
© Fotografia: DR.
Já recebe a Mutante por e-mail? Subscreva aqui .