Há festivais que, por mundos Mutantes, consideramos sempre naturais eleitos para mais do que uma nota nas nossas moradas digitais. Se nos segue, sabe que o Cistermúsica é um deles, inevitavelmente.
A decorrer em Alcobaça, este ano com um mês inteiro de duração – um arriscar da organização que o público agradece – o Cistermúsica soma e segue, com a primeira quinzena bem preenchida com momentos vividos de casa cheia, atestando assim a sua contínua e superlativa aposta num festival de excelência em palcos tão singulares, a que o público, no seu todo, não resiste.

© Michelle L. O’Connor e Wolodymyr Smishkewych, Cistermúsica Press
Na sua 27.ª edição, que arrancou no passado dia 28 de junho e que só termina a 28 de julho, o Cistermúsica procura dar alguns dos melhores exemplos de como pode ser ténue a fronteira entre o “Erudito e Popular”, assumindo este princípio como fio condutor da programação.
Procura e está a conseguir encontrar e provar, não fosse disso exemplo o dia non-stop, no passado sábado, em que o público pode saltar, e.g., de um concerto (que também foi aula) de música medieval – com Michelle L. O’Connor e Wolodymyr Smishkewych – para um dedilhar absolutamente mágico do exímio Mário Laginha acompanhado de Camané. Um dia que começou com Toy Ensemble num espectáculo (“Homero”) Spoken Word acompanhado de ilustração, que no meio teve a singular dupla Rão Kyao com Lu Yanan e terminou com a Companhia de Dança de Almada a percorrer o Mosteiro de Alcobaça com uma história contada pela música e pelo movimento do corpo. Ou ainda o esgotado e sublime concerto de Kronos Quartet que arrebatou ouvidos presentes, uns dias antes.
Dias que espelham a prova provada do caminho mais que certo que o Cistermúsica tem vindo a traçar – o cruzamento da música erudita com outras expressões artísticas, sobretudo a dança contemporânea , o cinema e outras expressões musicais, como o fado e o jazz, sem perder a sua essência base, que está na sua génese.
É um festival que longe dos grandes centros urbanos prova que se pode ser enorme na cultura, no modo como se faz e se dá cultura, de e para todos.

© Companhia de Dança de Almada, Cistermúsica Press
O crescimento do Cistermúsica pauta também pela atual dimensão do festival, que extravasa as fronteiras do concelho de Alcobaça através da “Rota de Cister”, apresentando concertos em mosteiros cistercienses de norte a sul do país, de Lisboa a Évora, passando por Penacova e Arouca. A par desta rota, a Programação “Em Rede” promove assim a descentralização cultural, levando programação artística diferenciadora a outros municípios, sobretudo, da região Centro e Oeste, como Coimbra e Leiria.
Se ainda não marcou presença no Cistermúsica, ainda tem oportunidade de comprovar os elogios que fazemos, ano após ano, ao programa sempre tão tentador e organização exemplar do Festival. Afinal, ainda faltam uns dias para dia 28 de julho.

© Mário Laginha e Camané, Cistermúsica Press
Parte do que ainda pode ver nesta edição (obrigatória) de 2019:
17/07, 21h30 – Gonçalo Pescada e Mário Marques (Portugal), Igreja Matriz de São Martinho do Porto (Cistermúsica em rede).
19/07, 22h00 – Madeleine Peyroux (E.U.A.), Cerca, Mosteiro de Albobaça.
21/07, 18h00 – La Trova (Espanha), Museu do Vinho de Alcobaça.
25/07, 22h00 – Dança em Diálogos, Claustro D. Afonso VI, Mosteiro de Alcobaça.
26/07, 21h30 – EGO Orquestra Estágio Gulbenkian (Portugal), Cerca, Mosteiro de Albobaça.
27/07, 21h30 – Gala Lírica com a Orquestra Filarmónica Portuguesa, Cerca, Mosteiro de Alcobaça.
28/07, 18h00 – Cuarteto Casals (Espanha), Cerca, Mosteiro de Alcobaça.
Para aceder a informação completa do festival, como os concertos em rede (fora de Alcobaça), basta clicar no link abaixo.
Cistermúsica 2019: a não perder. •