Cistermúsica 2021

Neste 2021 o Cistermúsica retoma a dimensão nacional que conquistou nos últimos anos, com redes de programação em mosteiros cistercienses (Rota de Cister) e noutros palcos do património natural e cultural, do litoral ao interior do país (Cistermúsica Redes), num trabalho pioneiro de coesão cultural e territorial que aqui, na Mutante, continuamos a seguir de perto. De assinalar, também, o “regresso” da programação internacional ao Festival, depois de um demasiado atípico 2020 que apenas permitiu apresentar agrupamentos nacionais.

Cistermúsica volta ao seu estado quase normal – não esqueçamos que a Cultura continua a cumprir todas as recomendações da DGS para sua segurança e a organização do Cistermúsica não foge à regra – e chega com uma programação que lhe vai proporcionar uma viagem musical com 40 espectáculos este verão.
De 25 de junho a 01 de agosto, o Festival de Música de Alcobaça apresenta “Da Ibéria aos novos tempos”, com a edição que nos chega como a mais ambiciosa da sua história. São já quase três décadas, sem parar, com o Cistermúsica a levar-nos a sentir a simbiose entre a música e o património de uma forma única, a viver de forma singular, e.g., os espaços do Mosteiro de Alcobaça.
Em 2021 o Festival prossegue essa missão na sua 29.ª edição, com uma viagem musical que inclui recitais, música de câmara e coral, concertos sinfónicos e óperas, protagonizada por alguns dos melhores agrupamentos na área da música erudita a nível nacional e internacional, mas também produções de jazz, músicas do mundo, dança contemporânea e outras atividades complementares.
No alinhamento, 40 espetáculos dedicados às celebrações dos 500 anos da circum-navegação e às efemérides musicais deste ano — de Josquin des Prez e Camille Saint-Saëns até Manuel de Falla, Stravinsky e Piazzolla —, além de outros compositores incontornáveis da história da música clássica.

© The Naghash Ensemble, DR

Da Música antiga à Música do séc. XXI em 40 produções, eis o mote com que o Cistermúsica nos chama, novamente, a Alcobaça. Logo no primeiro fim de semana do Cistermúsica constitui um símbolo perfeito da temática principal do festival, “Da Ibéria aos novos tempos”, com o concerto de abertura (25 de junho, às 21h30) pelo grupo vocal e instrumental espanhol La Grande Chapelle, que estreia em Portugal um programa de música sacra escrita por José de Baquedano para a Catedral de Santiago de Compostela, por um lado; e pelo programa A Música do século XXI proposto pelo Lusitanus Ensemble (26 junho, às 21h30) que interpretará obras encomendadas a conceituados compositores portugueses contemporâneos, por outro.

Com a possibilidade do regresso da programação internacional, além do concerto de abertura, as comemorações dos 500 anos da circum navegação serão também protagonizadas por dois conceituados agrupamentos espanhóis: Solistas do Coro de Câmara de Granada e o Samsaoui Ensemble com O Périplo De Magalhães E Elcano: Uma Volta Ao Mundo Em 12 Obras, e a Accademia del Piacere com Música Mestiça – Na Espanha barroca.
Ainda de Espanha, haverá o Ensemble Instrumental da Cantábria que apresentará um programa dedicado a Manuel de Falla, a propósito dos 75 anos do desaparecimento deste compositor espanhol.
A música de câmara volta a ter grande peso na programação do Cistermúsica, seja com o quinteto de sopros GISBA, com os solistas da Orquestra XXI, com o quarteto de cordas Esmé (Coreia do Sul) ou com a pianista Marta Menezes, acompanhada por um trio de cordas, que irão celebrar Saint-Saëns, Haydn, Tchaikovsky, Piazzolla, Stravinsky, entre outros. Stravinsky será também o que levará o Ensemble Darcos com a enigmática História do Soldado, e que terá o ator Paulo Pires como narrador.

Mas há ainda mais para a sua agenda. Um recital de piano a quatro mãos, por Jill Lawson e Luísa Tender, e a estreia moderna do Requiem de Coimbra, pelo prestigiado ensemble vocal e instrumental luso-francês Capella Sanctæ Crucis. Igualmente a não perder é o programa dedicado a Josquin [de Prez] e os seus contemporâneos em Portugal, pelo Alma Ensemble, no Mosteiro de Cós.
Outro destaque desta edição é a Gala de Homenagem a Mariella Devia, aclamada cantora viva da grande tradição lírica italiana, pela primeira vez em Portugal. A soprano estará em Alcobaça para uma Masterclasse que culminará com uma gala de homenagem pelo Allurement Trio, a 03 de julho.
Não faltarão dois grandes concertos sinfónicos, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e pela Orquestra XXI, que atua pela primeira vez em Alcobaça; nem sequer as óperas: uma barroca, La Serva Padrona, de Pergolesi, pelo Ensemble La Nave Va, a que se juntam os solistas Carla Caramujo e Luís Rodrigues, e também Maria De Buenos Aires, “ópera-tango” de Piazzolla, com direção musical de Daniel Schvetz e que terá como solista principal a soprano Ana Ester Neves.
Para além do novo tango, ao longo do Festival há mais programação “Outros Mundos”, com propostas que vão do jazz às músicas do mundo (destaque para Gaia Cuatro, que junta a Argentina ao Japão, e ainda The Nagash Ensemble of Armenia) passando pela dança contemporânea (companhia Dança em Diálogos). Outras rotas, para lá das fronteiras do Festival de Música de Alcobaça.

© Accademia Del Piacer, Oscar-Romero

Sem nos alongarmos mais, eis alguns destaques da 29.ª edição do Cistermúsica:
25/06, 21h30 – Obras em Latim, de José de Baquedano, La Grande Chapelle (Espanha), Agrupamento de Música Antiga; Mosteiro de Alcobaça.
26/06, 21h30 – Música do Século XXI, Lusitanus Ensemble – Obras de Anne Victorino d’Almeida, Carlos Azevedo, Alexandre Delgado, Mariana Vieira, Daniel Bernardes, Bernardo Sassetti, Carlos Marques e Eurico Carrapatoso – Ensemble de sopros; Mosteiro de Alcobaça.
02/07, 21h30 – O périplo de Magalhães e Elcano: Uma volta ao Mundo em 12 obras (Espanha), Coro de Câmara de Granada e Samsaoui Ensemble – Obras de Gaspar Fernandes, Alfonso X, Cristóbal de Morales, Juán Pérez Bocanegra, Juan García de Zéspedes, Tomás Luis de Victoria, Mateo Flecha e Pero de Escobar – Agrupamento de Música Antiga; Mosteiro de Alcobaça.
03/07, 21h30 – Homenagem a Mariella Devia, Allurement Trio; Mosteiro de Alcobaça.
04/07, 18h00 – Obras de Haydn, Tchaikovsky e Piazzolla, Quarteto Esmé (Coreia do Sul), Quarteto de cordas; Mosteiro de Alcobaça.
04/07, 21h30 – Gaia Cuatro (Argentina e Japão), Quarteto de Jazz; Mosteiro de Alcobaça.
08/07, 21h30 – Histórias, Canções E Danças Para Piano A Quatro Mãos, Jill Lawson e Luísa Tender – Obras de Cécile Chaminade, Johann Sebastian Bach, Claude Debussy, Joseph Jongen, Gabriel Fauré e Camille Saint-Saëns – Recital de piano a quatro mãos; Mosteiro de Alcobaça.
09/07, 21h30 – Requiem de Coimbra, Capella Sanctæ Crucis (Portugal / França) – Obras de André Moutinho, [António] Milheiro, Bartolomeo Trosillo, Agostinho da Cruz, [Afonso Perea] Bernal e Diego de Alvarado, Agrupamento de Música Antiga; Mosteiro de Alcobaça.
10/07, 21h30 – História do Soldado, de Stravinsky, Ensemble Darcos e Paulo Pires (narrador), Ensemble instrumental; Mosteiro de Alcobaça.
11/07, 18h00 – Josquin E Os Seus Contemporâneos Em Portugal, Alma Ensemble – Obras de Josquin des Prez, Pedro do Porto, Vicente Lusitano, Bartolomeo Trosillo, Pedro de Escobar, Vasco Pires e Jean Richafort – Ensemble Vocal; Mosteiro de Sta. Maria de Cós.
16/07, 21h30 – La Serva Padrona, de Pergolesi, La Nave Va e solistas – Ópera; Cine-Teatro de Alcobaça – João D’Oliva Monteiro.
17/07, 21h30 – Deambulações Musicais, Orquestra Metropolitana de Lisboa – Obras de J. N. Hummel e Joly Braga Santos – Concerto Sinfónico; Mosteiro de Alcobaça.
21/07, 22h00 – Não canteis a valsa, três cadernos em dueto – Dança em Diálogos – Dança contemporânea; Mosteiro de Alcobaça.
23/07, 21h30 – Júpiter, Orquestra XXI – Obras de Igor Stravinsky, Richard Wagner e Wolfgang Amadeus Mozart – Concerto Sinfónico; Mosteiro de Alcobaça.
25/07, 21h30 – Manuel de Falla 75/95, Ensemble Instrumental de Cantábria (Espanha), 75 anos da morte de Manuel de Falla e 95 sobre a estreia do seu Concerto – Obras de Manuel de Falla, Claude Debussy, Tomás Marco, Benjamin Britten e Juan Vásquez; Mosteiro de Alcobaça.
29/07, 21h30 – Maria de Buenos Aires, de Astor Piazzolla, Ensemble instrumental, solistas, dança e coro recitante, Ópera-tango; Mosteiro de Alcobaça.
30/07, 21h30 – Songs of Exile, The Naghash Ensemble of Armenia (Arménia), Obras de John Hodian, Músicas do Mundo; Mosteiro de Alcobaça.
01/08, 18h00 – Música Mestiça – Na Espanha barroca, Accademia del Piacere (Espanha) – Obras de Mateo Flecha, Henry de Bailly, Andrea Falconieri, José Marín, Fahmi Alqhai, Luis de Briceño e Gaspar Sanz – Agrupamento de Música Antiga; Mosteiro de Alcobaça.

© La Grande Chapelle, David Blazquez

Para conhecer o programa completo e informações mais detalhadas de cada momento desta edição do Cistermúsica, basta seguir o link no final desta nota.

Um festival absolutamente obrigatório, imperdível. A ir, em Alcobaça, porque a Cultura é segura! •

+ Cistermúsica
© Imagem de destaque: Cistermúsica 2021.

Já recebe a Mutante por e-mail? Subscreva aqui .