Numa declinação da música original “Gêmeos”, incluída no mais recente disco “Sabina”, editado em fevereiro deste ano, Luca Argel apresenta agora, neste EP, duas versões alternativas da canção, e uma é o extremo oposto da outra. Tão opostas que se tocam pelo avesso: nenhuma usa instrumentos. Pelo menos não no sentido mais comum da palavra.
A primeira foi toda produzida com sons eletrónicos. E a segunda, apenas com sons do corpo. Ligando tudo, do princípio ao fim, a voz. Quer dizer: as vozes. Muitas vozes. Afinal, dentro de cada um, somos múltiplos. Nenhum de nós é um só.
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Sobre esta música, Luca Argel refere que “quando vamos gravar uma música é preciso tomar decisões. O que não é nada fácil (especialmente para os geminianos, como eu). Não tem como colocar todas as ideias possíveis dentro da mesma gravação, por melhores que elas sejam. Mas e no caso uma música que fala justamente sobre isso? Sobre vontades contraditórias que a gente às vezes tem ao mesmo tempo, e precisa escolher? É o caso de “Gêmeos”, uma das músicas mais queridas do Sabina (para mim, e para muita gente). Achei que uma versão só ficou pouco, e resolvi inventar duas outras. Os Gêmeos de Gêmeos”.
O videoclipe que acompanha este lançamento, ainda para a versão original da música “Gêmeos” que integra o disco Sabina, tem realização, direção de fotografia e edição de Victor Neves Ferreira e produção de Tota Alves.
A trajetória artística do cantor, compositor e escritor Luca Argel começou em 2012 com o lançamento do primeiro livro “esqueci de fixar o grafite”. Logo depois, uma súbita mudança para Portugal, acaba por despertar novos caminhos musicais e poéticos. Em 2016 edita o seu álbum de estreia “Tipos que tendem para o silêncio”, a que se segue “Bandeira”, em 2017, e “Conversa de Fila”, em 2019, ambos muito elogiados pela inteligência das letras e a doçura da voz. Em 2021 regressa às edições com o aclamado “Samba de Guerrilha”, álbum conceptual destacado como um dos melhores lançamentos do ano, onde Luca Argel resgata a memória e recria velhos sambas com uma musicalidade inventiva e radicalmente transformada.
Formado em música pela UNIRIO, e mestre em Literatura pela Universidade do Porto, para além da carreira a solo como compositor e como escritor, Luca Argel é também vocalista e compositor de projetos coletivos como os grupos “Samba Sem Fronteiras” e “Orquestra Bamba Social”, com quem divide a alegria de difundir a sonoridade e poesia da música brasileira em Portugal, além de dinamizar o podcast “Boi com Abóbora”, de ser um dos Djs e dinamizadores do coletivo “Tropicáustica” e de compor trilhas sonoras para dança e cinema.
Para ouvir e reouvir, neste outono que já entrou em pleno.•