Os So Dead não sabem conjugar o verbo “parar”. Dizem, vozes em sussurro, que nem se preocupam em aprender esse infame verbo. A urgência de criar, de falar, de manifestar é grande, não só pelas habilidades artísticas, mas pelo estado geral da humanidade.
O novo álbum dos So Dead não pede licença – chega e ocupa o nosso espaço sonoro, e de que maneira. Depois dos singles “PUSH” e “Roadkill”, a banda mergulha de cabeça, sem hesitações, num disco que é puro confronto: com o mundo, com os outros, consigo mesmos. Letras afiadas, sarcasmo ácido e um som que morde – entre o synth punk, o noise e o no wave – é viciante a viagem sonora que nos presenteiam, com uma estética bem esgalhada. O som é mais sólido e robusto que os registos anteriores, a maturidade sonora bem sentida, notando-se uma densidade opaca e uma rapidez e um ritmo firme.
Temas como “Sleep mode”, “Creeper”, “BDSM” ou “They Live” disparam contra a hipocrisia, o conformismo ou a intimidação social. Trata-se de um álbum onde cada faixa soa a ultimato. Gritos de revolta embrulhados em distorção, ritmos bem marcados e um espírito de protesto que não faz cerimónia.
Há política, sem panfletos. Há crítica, sem moralismo. Há fúria, sem perder o foco. Os So Dead continuam a fazer da música um campo de batalha, onde não há espaço para meias palavras. Este disco é um murro na mesa e na actualidade.
A Wet Dream And a Pistol é o segundo disco de So DeaD. Teve mistura e masterização a cargo de João Rui e foi editado ontem, dia 26 de maio, com o selo da Lux Records.
Próximo concerto da banda é no Extramuralhas, em Leiria, no dia 23 de agosto. Novos sons a ter de ouvir e um concerto a ter na sua agenda de verão. •