André Saraiva e Mr.A no MUDE / Lisboa

O grafitti, a pintura, os “dream concerts“, a Andrépolis e, claro, o inconfundível Mr.A estão no MUDE – Museu do Design e da Moda, em Lisboa. Falamos de exposição André Saraiva, sobre artista francês homónimo, de origem portuguesa que, com a centenária Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, irá presentear a cidade das sete colinas com um painel de azulejos da sua autoria.

Parte da reprodução em desenho do painel de azulejo da autoria de André Saraiva

Restrospetiva é, antes de mais, a não-palavra. Trata-se da “primeira grande exposição de André Saraiva”, nas palavras de Bábara Coutinho, diretora do museu, que reúne todo o trabalho da autoria do artista, e também empresário, homónimo. Um espólio exibido em open space, no piso 3 do MUDE, no meio do qual habita a cidade “que é um sonho, uma mistura de Lisboa, uma mistura de Nova Iorque, uma mistura de Paris, de discotecas, de luz, de poesia”. Assim descreve André Saraiva o desenho que ornamenta a parte exterior da sua Andrépolis, o qual consiste na reprodução do que será o painel de azulejos Viúva Lamego (106 metros de cumprimento e 950 metros quadrados), pintados à mão pelo artista francês, a colocar no local escolhido pelo próprio, o muro do jardim Boto Machado, junto à mui lisboeta Feira da Ladra, a partir de setembro deste ano. “Um projeto emblemático na cidade de Lisboa pela sua dimensão e localização”, considera a vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lisboa Catarina Vaz Pinto.

“Voltemos” ao MUDE, onde a viagem pelo acervo de cerca de 200 peças da autoria de André Saraiva começa com as boas-vindas do “seu” irreverente e, talvez, possante Mickey Mousse. Daí a um passo, a arte pop ganha forma nos “dream concerts“, cartazes utópicos produto da sua linguagem irónica e descompremetida.

Os quadros pintados interpretam, por sua vez, a abordagem do grafitti. Porém, para André Saraiva, o grafitti só faz sentido na rua onde, em meados dos anos 1980′ começou a grafittar o seu próprio nome. Entretanto, a cabeça de Mr.A, o seu alter ego, criado nos anos 1990′, que invadiu cidades pela Europa fora assiste, ordeiro, em fila, a exposição do seu autor.

As sete pranchas de surf assinadas pelo artista francês

Espreitemos, agora, a Andrépolis, onde “pequenos clubes nocturnos” convertem a arte num bem de consumo, de entretenimento e prazer. De repente, Mr.A toma de assalto as paredes do MUDE, sinais de trânsito e caixas antigas de correio trazidas na bagagem de André Saraiva, que fala das peças da sua autoria e dos objetos pessoais “guardados” nos mostruários que compõem a exposição, bem como do seu álbum de fotografias a forrar uma parede da mostra, das máquinas de café, em tamanho mini, de uma conhecida marca da referida bebida e das sete pranchas de surf de marcas nacionais que marcou com a linguagem transgressora do graffiti, o seu. Para o fim deixamos a história do Mickey, que começa com um convite da Disney para reinterpretar tão emblemática figura que, esteve apenas “quatro horas em exposição. Mandaram tirá-lo. Queriam despedir o CEO da Disney Europa por ter aprovado. Continuei a fazê-los”.

A exposição, com curadoria conjunta de Bárbara Coutinho e André Saraiva, abriu as portas hoje, dia 4 de julho, e termina a 28 de setembro de 2014. A entrada é livre. •

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