O que levou um rei cristão do Oriente a tornar-se uma lenda inspiradora, inclusive de muitas das viagens dos Descobrimentos Portugueses, é o que o Museu do Oriente mostra na exposição “Das Terras do Preste João”, que inaugura ainda este Junho.
Uma selecção de artefactos pertencentes a quatro coleccionadores privados e algumas obras da Biblioteca Nacional, convidam-no a conhecer a diversidade cultural de um território hoje conhecido como Etiópia, por ocasião dos 500 anos de relações diplomáticas e cooperação técnica entre a Etiópia e Portugal, cujas comemorações tiveram início em 2015 e se prolongam até 2020. Esta data remete para a chegada à Etiópia de Francisco Álvares e de uma Embaixada Portuguesa em 1520.
Ourivesaria tradicional, esculturas, pinturas e obras bibliográficas, que datam entre o século XV e XXI, abrem uma pequena fresta sobre o passado de uma terra que foi sede de um dos grandes impérios da Antiguidade e relacionam-no com a actualidade. A exposição é comissariada por Isabel Boavida, actual conselheira cultural da Embaixada de Portugal na Etiópia e do Instituto Camões na Etiópia.
No primeiro núcleo descobrem-se, em paralelo, a visão europeia sobre a Etiópia centrada na figura cristomimética do Preste João e as histórias que se desenvolveram a partir da lenda fundadora, centrada na relação exogâmica entre a Rainha do Sabá e o Rei Salomão.
A demanda do reino abissínio e as relações que firmaram uma história partilhada dão passagem para o segundo núcleo, em que se foca o elemento religioso da vida do povo etíope através das artes do fogo, da gravura, da pintura, da caligrafia e iluminura.
O terceiro núcleo abre uma janela sobre os modos de vida e a cultura material, com peças de uso quotidiano e fotografias que dão conta de usos e costumes dos povos das terras altas da Etiópia.
Detendo funções de patriarca e de rei, Preste João foi, na realidade, Imperador da Etiópia. A sua generosidade e virtuosismo ultrapassaram fronteiras e são vários os relatos de que existiria – no Oriente, para uns, em África, para outros -, um reino onde se condensavam o Paraíso e o Inferno. Reza a lenda que era descendente de Baltazar, um dos Três Reis Magos, e reza a História que, em 1487, D. João II enviou Afonso de Paiva para investigar a localização do mítico reino, na tentativa de torná-lo aliado numa possível expedição à Índia. Embora tenha morrido antes de comunicar o relatório, Pêro da Covilhã, que o tinha acompanhado, iria mais tarde completar a sua missão.
A exposição inaugura no próximo dia 28 de Junho, pelas 18h30, e estará patente até ao dia 16 de Setembro (horário: terça-feira a domingo, 10h00-18h00; à sexta-feira o horário prolonga-se até às 22h00, com entrada gratuita a partir das 18h00); a exposição integra também as comemorações do Ano Europeu do Património Cultural 2018.
A visitar, em breve, em Lisboa. •