“Desmesura”, de Hélia Correia

A Escola da Noite está a ensaiar “Desmesura”, de Hélia Correia. Com encenação de Igor Lebreaud, Jarbas Bittencourt e Sofia Lobo, a próxima produção d’A Escola estreia neste Outubro, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.

“Desmesura – exercício com Medeia”, escrita em 2006 a partir da tragédia de Eurípides, insere-se na linha de revisitação dos textos clássicos seguida pela autora, na sequência de “Perdição – exercício sobre Antígona” (1988) e “O Rancor – exercício sobre Helena” (2000).
Hélia Correia elimina nesta peça algumas personagens da tragédia original e acrescenta outras, mulheres. A acção situa-se num espaço que tradicionalmente lhes está destinado – a cozinha – e são personagens habitualmente sem voz – escravas – que confrontam a protagonista e o seu amor desmesurado, o seu ciúme, a sua reacção violenta à traição de Jasão. Para além de uma reflexão sobre a força avassaladora e incontrolável do amor e da sua proximidade à loucura, “Desmesura” é também um belíssimo poema sobre viagens forçadas, exílios, escravidão, sobre o peso dos juramentos, sobre o poder das línguas e da linguagem, sobre a importância das palavras.
Dirigido por Igor Lebreaud, Jarbas Bittencourt e Sofia Lobo, o espectáculo conta com as interpretações de Ana Teresa Santos, Daniela Marques, Igor Lebreaud, Lucília Raimundo, Miguel Magalhães e Sofia Lobo, o espaço cénico de Carlos Júlio e Sofia Lobo, a direcção musical de Jarbas Bittencourt, os figurinos de Ana Rosa Assunção, a música original e o espaço sonoro de Jarbas Bittencourt e Zé Diogo e o desenho de luz de Danilo Pinto.

Sobre a autora, Hélia Correia foi distinguida em 2015 com o Prémio Camões e recentemente galardoada com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores pela sua obra mais recente (“Um Bailarino na Batalha”), Hélia Correia (1949) é uma das mais destacadas escritoras portuguesas da actualidade.
A sua obra cruza vários géneros e estilos – romance, novela, conto, teatro, poesia – sendo-lhe reconhecido o gosto pela Antiguidade Clássica, com a qual dialoga através de um estilo próprio e inovador, impregnado de poesia. Por outro lado, salientava a ensaísta e professora universitária Rosa Maria Martelo em 2015, a escrita de Hélia é uma “escrita híbrida”, através da qual “consegue uma fuga ao realismo, mas sem nunca deixar de manter uma atenção muito directa ao mundo em que vivemos”. Hélia Correia – acrescenta – “articula o fantástico com as circunstâncias da nossa vida”.
Para além do Prémio Camões e do recente Prémio da APE, a escritora recebeu ainda, entre outros, o prémio PEN Clube em 2001 (pela sua obra de ficção “Lillias Fraser”) e prémio Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa em 2013 com o livro de poesia “A Terceira Miséria”.

Brevemente actualizaremos esta nota para vos dar as datas e horas dos espectáculos. Para já, fique com “Desmesura” no pensamento, para em breve ver em cena, em palco. •

A Escola da Noite
TCSB
© Fotografia: Hélia Correia por Gonçalo Rosa da Silva.

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