Mattutino de’ Morti / Gulbenkian Música

Numa data especial, do nosso calendário, em que várias tradições recordam os familiares e amigos que já partiram, a Gulbenkian Música apresenta um programa com duas peças essenciais da música sacra: o Mattutino de’ Morti, de David Perez, e uma das mais célebres odes fúnebres de Bach, a Cantata BWV 198, Trauer-Ode. A não perder.

O maestro Leonardo García Alarcón, que tem dirigido nos grandes palcos algumas das orquestras mais reconhecidas do mundo, regressa à obra de David Perez, compositor napolitano que se instalou em Portugal em meados do século XVIII, altura em que apresentou Mattutino de’ Morti (1770), sobre o qual o romancista William Beckford relatou na altura: “jamais ouvira, e talvez nunca mais viesse a escutar, música tão comovente”.

Em 1752, David Perez aceita o convite para entrar ao serviço da corte do rei D. José I. Nos primeiros anos em Lisboa compõe, sobretudo, para teatro lírico, mas após o terramoto de 1755 vira a sua dedicação para a música sacra. O Mattuttino de’ Morti surge em 1770, tendo logo alcançado um grande sucesso por toda a Europa. A peça foi estreada no Santuário de Nossa Senhora do Cabo, tocada pelos principais músicos da Capela Real, por ocasião da peregrinação àquele lugar sagrado. O ritual manteve-se até aos dias de hoje no Cabo Espichel e desde essa altura que é considerada por muitos musicólogos a grande obra de referência de toda a música sacra do século XVIII. Se ainda não ouviu esta obra prima, não deixe passar esta oportunidade de a ouvir interpretada por músicos de excelência.


© Leonardo García Alarcón por Vincent Arbelet

A Cantata BWV 198, Trauer-Ode, de Bach, foi composta para o funeral de Christiane Eberhardine, mulher de Augusto II da Polónia, e estreada a 17 de outubro de 1727 na Igreja Universitária de Leipzig. A obra, que está dividida em duas partes, gira à volta do lamento pela morte da princesa, na qual o coro tem um papel fundamental, elevando a peça a um nível raro de beleza e emoção. Absolutamente obrigatório conhecer e ouvir.

O programa será interpretado pelo Coro e Orquestra Gulbenkian com a participação das sopranos Eduarda Melo e Mariana Flores, o contratenor Christopher Lowrey, o tenor Fabio Trümpy e o baixo Grigory Shkarupa.

Para melhor tomar nota na sua agenda, os concertos:
31/10, 21h00 – Edifício Sede, Grande Auditório, Gulbenkian, Lisboa.
01/11, 19h00 – Edifício Sede, Grande Auditório, Gulbenkian, Lisboa.

Música de excelência a não perder, em Lisboa. •

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© Fotografia de destaque: Coro e Orquestra Gulbenkian, DR.

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