O que está para além de um músico e do seu instrumento eleito para nos cativar? Todo um manancial de sábias mãos essenciais à música, à sua criação e execução superlativas. Se em tempos mergulhámos na oficina de um Luthier, agora decidimos decifrar todo o complexo trabalho de um criador de baterias. Um ofício que, mais do que o trabalho de um sapiente artesão, é arte singular e de excelência. Mãos que transformam madeiras (e não só) em instrumentos de percussão, essenciais ao músico que se ouve e se vê.
No meio desta pandemia desafiámos Marco Faina – as mãos por detrás das hipnotizantes FAINA Drums – a desvendar-nos parte dos segredos desta sua profissão de criador de baterias. Um mestre que cria baterias com um profundo respeito pelas matérias eleitas, pelo recurso a produtos naturais, pelo som, pela musicalidade de cada peça que cria, pela estética final, pela ciência por detrás de todo o processo, desde o desenho até à entrega da peça. Uma paixão que o move na busca de sonoridades perfeitas para se superar a cada novo projecto. Mãos absolutamente essenciais para se ter um som único, exclusivo.
Tudo feito na sua oficina nos arredores de Coimbra, num espaço onde a rainha de todas as matérias é, sem dúvida, a madeira. Ali respira-se madeira. Sem mais demoras, a viagem pela ciência e arte de fazer acontecer percussão.
O nome. Se Luthier está para instrumentos de cordas, que nome há, se é que há, para um “fazedor” de Baterias? Artesão ou algo mais específico?
MF: Pegando na analogia e considerando a concepção desta arte, penso que criador poderia vir a ser um nome porreiro. Mas, na verdade, seja fazedor, construtor ou artesão, o importante não é o título, é a forma como construímos e a energia que transmitimos a quem vê, ouve e experimenta as nossas baterias.
Como descreves este teu ofício a um leigo?
MF: Uma profunda liberdade que, ao longo do tempo, te leva a fazer mais e procurar mais formas de criar produtos únicos e específicos. Uma construção sustentável onde apenas a madeira e outros elementos naturais se ligam entre si, formando um só corpo. Uma longa viagem de aprendizagem, onde a evolução só é possível quando sustentada pela dedicação e a compreensão da existência de erros.
E se estivesses a falar com um músico, como falarias?
MF: Diria o mesmo. Acrescentando que todos os nossos produtos, independentemente da sua família botânica, são criados a partir de madeira em estado bruto. Diria, também, que como não produzimos em série todas as novas vidas, vindas da FAINA, são únicas. Cada árvore, de onde cortamos os elementos para cada peça, irá ter propriedades mecânicas distintas, assim como os seus veios e grãos mostrarão a sua desigualdade, apesar de ser a mesma árvore. É aqui, quando compreendemos a ligação e a importância entre borne e cerne, o tipo de corte e grão da madeira, que conseguimos atingir um positivo estado seletivo, adequado às exigências dos nossos bateristas. Por fim, acrescentava que este tipo de construção tem uma representação muito, muito pequena a nível mundial. Pois é tudo criado à medida de cada um. Não há limites. Tudo é único.
“Disse às pessoas que era baterista antes de sequer ter um set, eu já era um baterista na minha cabeça.” Keith Moon.
Agora, o porquê de estarmos aqui sentados a falar de Baterias. Como vieste parar a este a este instrumento, desde a sua concepção à sua reparação? Já o eras antes de o seres?
MF: Começando pela bonita frase do Keith Moon, também sentia que já era um construtor, fazedor ou criador de baterias, muito antes de tudo isto ter acontecido, mas não fazia ideia da complexidade desta longa, interminável e saudável viagem.
Da minha chegada aqui, ninguém – familiares, amigos e conhecidos – sabem bem o porquê disto tudo. Da mesma forma que eu também não sei bem como isto aconteceu de uma forma tão intensa e rigorosa. Quando os pensamentos se materializam, entendo que afinal há um propósito das coisas acontecerem. E quando isto acontece, não podemos parar. Sempre toquei bateria, mas nunca de uma forma profissional. O caminho até aqui, talvez tenha tido origem no pensamento de elevar o instrumento a outra dimensão e não me refiro apenas à imagem. Refiro-me também a questões como a facilidade na afinação, a presença de harmónicos controlados e à capacidade de obter frequências adequadas, ao que se pretende numa determinada construção. Estes são fatores que importam a qualquer baterista e daí vir esta loucura saudável de fazer baterias em madeira maciça. Digo madeira maciça para não haver confusão na interpretação entre madeira e derivados de madeira.
Onde aprendeste tu a fazer esta tua arte? Quem te passou este tão importante conhecimento?
MF: As coisas aconteceram de uma forma muito natural e certamente com o tal propósito. Até já poderia ter algumas aptidões que estivessem adormecidas, mas em muitas delas tive sempre a sorte de me aparecer no momento certo, alguém certo, com as capacidades técnicas certas, para dar o empurrão certo.
Comprei vários livros ligados à marcenaria, às madeiras e técnicas de acabamentos, onde aprendi alguns conceitos que passei a utilizar naquilo que faço. Com o tempo e por exclusão de partes, adotei a minha forma de trabalhar. Nesta área, existe uma grande diversificação técnica que é necessária nas diferentes fases do processo de construção, onde o detalhe e o rigor têm obrigatoriamente de estar sempre presentes. Se algo falhar, toda a atividade subsequente não será conseguida.
No estudo das madeiras, o apoio da Universidade de Coimbra – Departamento de Engenharia Civil (DEC) -, foi muito importante para a análise da variação dos valores do módulo de elasticidade, em exemplos do mesmo tipo e também da mesma árvore. Conseguimos saber a partir da frequência fundamental em ensaio de vibração livre, em conjugação com a determinação da densidade e teor de humidade da madeira, o módulo de elasticidade dinâmico. Dentro das propriedades mecânicas, que é habitual encontrar em determinado tipo de família, verificámos que as variações podem ser grandes. E isto sente-se no trabalhar, percebe-se no contacto e vê-se na textura.
“O caminho até aqui, talvez tenha tido origem no pensamento de elevar o instrumento a outra dimensão e não me refiro apenas à imagem.”
Nomes obrigatórios para esta tua viagem ser exequível, ser possível na tua vida?
MF: Os nomes que devo e tenho a obrigação de referenciar são: Válter Medina – parte da base de tudo isto acontecer; Luís Formiga − pela disponibilidade constante e proximidade; Márcio Dhiniz – pelo contínuo trabalho na divulgação da FAINA e fazer parte da família; Fábio Duro – por confiar desde o início no nosso trabalho e fazer parte dele; David Matos – pela ajuda e constante disponibilidade na organização do espaço de trabalho; Nuno Cardoso − uma multifunções essencial, em qualquer estação do ano; Jorge Reis − simplesmente pela sua presença; Ricardo Coutinho – pelo trabalho de divulgação; Pedro Lemos e ao José Devesa − pelas suas aparições elétricas e eletrónicas; Lina Letra – por pegar na ideia e criar o logo da FAINA; Celestino – pela disponibilidade e partilha de conhecimento de tornear madeira; Narciso e ao António Coelho − pela partilha do conhecimento e ajuda técnica na preparação do meu supersónico torno; Guilherme das Madeiras & Companhia − pela disponibilidade e bom rigor profissional; o meu Pai − por o conseguir arrastar, a fazer o que eu queria; os meus avós − pelo espaço que me deixaram; Carla Devesa − por permitir a isenção de horário; Jorri Silva (Blue House) – pelo apoio, pelas ideias e divulgação da marca; Universidade de Coimbra (DEC) pela disponibilidade e apoio dado pelo Eng.º Alfredo Dias, no estudo das propriedades mecânicas das madeiras, e também ao Eng.º Pedro Santos, pela determinação dos módulos de elasticidade dinâmicos.
Tens coragem para me descreveres o processo de execução de uma Bateria Faina desde o desenho até à entrega, em mãos, ao teu cliente?
MF: O primeiro e mais importante passo é saber quais são os padrões de som que o baterista pretende. Estes padrões serão levados em conta desde o início até ao final da construção. Seguidamente, são apresentadas as dimensões adequadas ao propósito (diâmetros e profundidades), as propriedades mecânicas e tipos de cortes (tangencial ou radial) das madeiras; por exemplo: a densidade, dureza, tipo de veio, grão e textura.
Na terceira e última etapa, avançamos para a determinação do tipo de acabamento. Com brilho ou sem brilho, com cor ou sem cor. Seja qual for o acabamento escolhido, será sempre feito com as nossas misturas de óleos, tinturas, ceras e lacas naturais, pois é tudo feito por nós, afinado caso a caso.
Terminada esta última fase, o que se segue?
MF: Posto isto, fica ao nosso cargo a conclusão da obra, dando sempre a garantia de aceitação da bateria, caso o baterista não goste do som. Começamos por calcular os ângulos de corte e as dimensões dos segmentos. Estando registados os valores, segue-se para a seleção e corte das madeiras, de forma a fazer a ligação entre os veios, as texturas e o tipo de grão.
Após os cortes, os segmentos são analisados para aferir a sua precisão e grau de rugosidade, para então serem submetidos à colagem. Reunidas as condições de temperatura e humidade relativa do espaço, são realizadas as colagens, controlando de forma rigorosa as forças aplicadas nas uniões e verificando se os possíveis afastamentos estão dento dos limites de aceitação.
Concluído o período de cura, as peças são retificadas e levadas ao torno até atingirem a dimensão que tinha ficado definida na ficha de produto. É feita a primeira preparação superficial, deixando uma adequada rugosidade inicial para que a penetração dos óleos seja generosa e deixe uma boa lubrificação no interior da madeira.
Marco… Ainda não terminaste e eu já arregalo os olhos. Que dedicação, todo o processo.
MF: Verdade…
Continua. Desculpa a interrupção.
MF: Em seguida, são realizados os chanfros nas extremidades. Sítio onde as peles vão assentar e, consequentemente, vão responder conforme o contacto entre ambas as zonas. Esta ligação, entre madeira e pele, é de elevada importância, pois com peças com a mesma madeira e com as mesmas dimensões, conseguimos dar padrões de som distintos. Passado o tempo de cura e de repetição dos processos de tratamento, são realizados os acabamentos finais e a montagem.
Na montagem, em vez de borrachas, utilizamos anilhas e outros componentes em pele natural. As peças são afinadas e testadas para aferir que o resultado esperado foi conseguido. É gravada a marca, modelo e número de série. E depois, esperamos para ver o rosto feliz de quem vai ficar com esta arte.
Quais os objectos essenciais à construção de uma bateria? Quais os seus nomes e para que servem?
MF: Esquadros (vários tipos), compassos (vários tipos), réguas (várias), sutas, paquímetros, medidor de folgas – para controlo dimensional e angular; Serrotes, serras e desengrossadeira – desengrossar e cortar; Torno – imprescindível para a geometria final; Raspadores, goivas, formões, buril de corte – para desbaste, corte e dar formas à madeira; Esmeriladora e esmeril – para afiar as ferramentas de corte; Tupia e fresas – para os chanfros; Tesouras, facas e punções – para as anilhas em pele; Termómetros, balança e fogão – para diluir e realizar as nossas misturas de óleos, tinturas e ceras; Um bom stock de vinho – para manter a sanidade mental.
Vinho. (Risos). Quem sou eu para argumentar sobre os elementos essenciais à execução exímia de um set de Bateria. Tinto, vou deduzir que é tinto. Só pode ser.
Qual a madeira que é mais encomendada e tempo médio de todo este processo?
MF: Apesar das dores de cabeça para os bateristas conseguirem escolher a madeira, a mais escolhida é a cerejeira brasileira tipo II e tipo III. Classifico-as assim pois são dois tipos de madeira muito difíceis de encontrar com este tipo de veio e textura. Em relação ao tempo, depende essencialmente da temperatura do ar e da humidade relativa, pois as peças passam por várias fazes de cura, levando-as a permanecer em estágio curativo durante três semanas a dois meses.
Agora, no remate da tua resposta, até parecia que estávamos a falar, novamente, de vinho. (Risos).
Qual o elemento mais complexo de criar, ou são todos complexos, no seu estilo?
MF: Quanto maior mais difícil, obviamente. Aliado a isto, temos também de considerar a densidade, dureza e os diferentes tipos de veio e de grão, que levam a uma melhor ou mais difícil forma de trabalhar. Também as peças com relevos exteriores, levam o seu tempo e é uma tarefa bastante difícil.
Se num instrumento de cordas, para um leigo, até visualmente, na sua forma, é mais rápida a percepção das variantes, o que varia numa bateria que, quem vê de longe, possa pensar que só lhe mudam o número de peças ou de cores?
MF: À primeira vista, pode parecer que é só uma peça, mas na verdade, essa peça, transporta com ela uma história que lhe deu vida. Falamos de madeira, tratada naturalmente, que foi trabalhada especificamente para alguém. Vemos e ouvimos essa diferença através da linda simbiose entre instrumento e baterista. Ninguém pode ficar indiferente. Finalizando, houve pessoas que me disseram que não eram músicos, mas gostariam de ter um set em casa. Uma dessas pessoas, tem uma tarola FAINA na sua sala. Portanto, não é preciso ser músico, para ter um produto FAINA.
“Quando ouço música hoje em dia e ouço Pro Tools e baterias que soam como um máquina – é como se roubassem a vida à música.” Dave Grohl.
E o mesmo incontornável diz ainda: “Nos dias de hoje, quando podes usar uma máquina ou um computador para simular ou emular o que as pessoas podem fazer em conjunto, mesmo assim isso ainda não consegue substituir a magia de quatro pessoas numa sala a tocar.”
Todos temos ser capazes de ser bons críticos de nós e do que nos rodeia, construtivamente falando. Por tal, que me dizes tu a este recurso digital para, e.g., gravações de álbuns que, em vez de irem buscar uma bateria e um baterista, produzem o som num computador? Enfraquece a música? Rouba-lhe a vida como diz Grohl? Perde toda ou quase toda a magia?
MF: É um assunto que não gosto de falar…
Compreendo.
MF: Mas sim, concordo a 100% com o Dave Grohl. Há bateristas que utilizam baterias digitais para estudo, aliado ao facto de não terem forma de tocar com uma bateria acústica por causa do barulho. E isto, logicamente, é aceitável. Numa bateria acústica tens liberdade, consegues sentir a dinâmica, consegues aplicar afinações adequadas ao momento, consegues gerar energia. Tudo é de momentos, onde as espontaneidades ficam registadas. E isto, é liberdade. É magia, como diz ele.
Com a evolução da inteligência artificial, será possível a máquina gerar sentimentos puros de amor? Ter sensibilidade aos afetos de uma forma pura e própria? Da mesma forma estas coisas digitais estão longe de substituírem o instrumento puro e duro.
“Para que exista viabilidade de negócio terá de haver sustentabilidade profissional. E, neste caso, não deve ser o dinheiro que deve andar à frente do que fazemos. O que fazemos é que deve andar à frente do dinheiro.”
Há músicos que possas desvendar o nome para quem já criaste um set de Bateria?
MF: Luís Formiga. O músico, professor, compositor e produtor musical, que manteve sempre uma relação de proximidade e acompanhou este projeto desde o início. Começou com um set FAGUS. Atualmente, está com AMBURANA III. Igual a este último, penso que durante anos não vou conseguir madeira igual. Nos seus diferentes projetos – como e.g. Mancines, Animais ou António Ataíde e os Impuros – foi bom perceber a liberdade e versatilidade do seu novo set, permitindo resultados diferentes, para cada contexto musical.
Márcio Dhiniz. O músico, compositor e maestro, trabalhou com vários músicos como e.g. Gilberto Gil, Caetano Veloso ou Ney Matogrosso. O Márcio, toca com um set AMBURANA II e, o facto de ele tocar com afinações muito altas, foi favorável à nossa avaliação, pois foi uma forma de conseguir saber os resultados nas gravações e nos palcos, com este tipo de afinação. Os resultados foram ótimos.
Há também o baterista Fábio Duro que, desde o início, depositou confiança no trabalho da FAINA. Começou e continua com um set AMBURANA II, igual ao do Márcio, variando apenas algumas dimensões e a forma como os chanfros foram trabalhados. Utiliza-o para projetos de rock, como por exemplo os Dark Jane. Atualmente, estou a trabalhar num novo set Guibourtia, em madeira Mutene, que é da família da bubinga (o cheiro é igual). Este segundo set do Fábio terá outras componentes e exigências obrigatórias, para o seu outro projeto na área do metalcore, com os Henriette B.
Para terminar, Birds Are Indie. Tem de haver espaço para eles. Após o longo trabalho – que deu origem às lindas edições de “Migrations – the travel diaries #1”, “Local Affairs”, “Let’s pretend the world has stopped”, “Love Is Not Enough -, decidiram recrutar um novo membro para a sua família. Apesar das incertezas iniciais, sobre o tipo de madeira a escolher, a decisão acelerou o passo quando os olhos dos pássaros viram uma tarola e um bombo em mogno africano, trabalhados com diferentes relevos acentuados, em todas as suas áreas circundantes. Este foi o ponto de partida para a escolha da Joana, do Henrique e do Jerónimo. Como resultado, conseguimos um elegante som grave, muito controlado. Sem desvalorizar trabalhos anteriores, foi certamente um dos sets, arrisco a dizer, que é único no planeta terra.
Ao criares para músicos profissionais, a liberdade criativa existe ou cinges-te apenas aos requisitos pedidos e não dás rédeas à tua assinatura? Até onde pode ir a liberdade criativa numa bateria, há limites pré-definidos?
MF: Cada um de nós, podendo até existir o mesmo contexto naquilo que estamos a fazer, deve determinar o seu próprio espaço, método e estilo de criar. Trata-se de um aperfeiçoamento constante e caracterizador da nossa génese. E essa marca fica claramente registada nos nossos produtos.
A liberdade terá sempre de existir em qualquer um dos casos. Só assim dás permissão a ti mesmo para elevares os teus pensamentos e criares coisas novas. A FAINA é uma constante evolução. Os músicos dizem-nos o que querem e nós trabalhamos para dar mais do que pediram.
“Primeiro e antes de tudo, sou um baterista. Depois disso, sou outras coisas… Mas não toquei bateria para ganhar dinheiro.”, Ringo Starr.
A caminho do fim e agarrando na frase de Ringo Starr, antes de tudo mais, és um artesão e algo mais ou é o inverso – és algo mais e também um artesão?
E porquê teres a tua oficina na periferia de Coimbra? O saldo é positivo?
MF: A minha atividade na FAINA é uma segunda actividade, mas na verdade é levada como se fosse a primeira.
Pegando na frase do Sr. Ringo, posso aplicar esse sentido à minha vida. Neste caso, à FAINA. Para que exista viabilidade de negócio terá de haver sustentabilidade profissional. E, neste caso, não deve ser o dinheiro que deve andar à frente do que fazemos. O que fazemos é que deve andar à frente do dinheiro. Se o que fazemos for bom, tudo virá por acréscimo. O meu espaço de trabalho e estúdio é numa casa que foi deixada pelos meus avós. Ao longo destes últimos anos foi sendo reconstruída, onde aproveitei mais áreas para a minha digressão nesta aventura cósmica.
Coimbra, é uma cidade agradável. Pena é todo este contexto de pandemia que tem vindo a condicionar, bastante, a vida artística e consequentemente a vida de várias famílias. Esperemos que, em breve, tudo mude positivamente.
Para quem gostarias de criar um set, um sonho/ ídolo?
MF: Nunca fui muito destas coisas de ídolos. Todavia, em relação ao sonho, que prefiro chamar de pensamento, espero que os bateristas portugueses se sintam à vontade para experimentar os nossos produtos. E, também, que venham a dar a devida valorização a uma marca com construção nacional, muito própria e com capacidade qualitativa em espaço mundial.
Toda uma ciência aliada à arte, ou vice-versa, esta de se ser criador de baterias. Um ofício onde as mãos, o saber, o talento e a paixão são as ferramentas essenciais para o criar de uma tarola, de um bombo, de um timbalão. Uma dedicação incontestável à música, à arte de criar sonoridades de percussão, a de Marco Faina. •