Neste (ainda pouco normal) 2021 chega-nos o alinhamento para a 12.ª edição do Misty Fest. Um festival que se caracteriza por uma programação que promove a descentralização dos grandes eventos, na medida em que percorre salas de excelência de todo o país. Lisboa, Porto, Espinho, Coimbra, Setúbal, Braga e Torres Vedras são as cidades que vão receber esta desejada 12.ª edição do Misty Fest, que se irá realizar entre os dias 03 e 30 de novembro de 2021.
Entre o fado, o jazz, a música contemporânea, a música clássica, a world music, a morna, ou a electrónica, nomes da esfera internacional aplaudidos por público e crítica, o Misty volta a reafirmar, em 2021, o seu papel de relevo no panorama musical nacional.
Programa Completo:
Nopo Orchestra
03 novembro | Auditório de Espinho, Espinho
04 novembro, 17h00 | Museu do Oriente, Lisboa
05 novembro, 21h30 | Convento São Francisco, Coimbra
08 novembro, 21h00 | Fórum Municipal Luísa Todi, Setúbal
NOPO Orchestra marca o reencontro dos mestres Rão Kyao e Karl Seglem. Um projeto original que reúne um coletivo de músicos portugueses e noruegueses, uma mistura de ideias criativas inspiradas na música tradicional portuguesa e norueguesa.
Rão Kyao, é uma referência na música portuguesa. Karl Seglem, por outro lado, é um dos mais reverenciados músicos, compositores e poetas da Noruega. Ambos saxofonistas de raiz, tanto Rão como Karl buscaram outros sons noutros instrumentos como forma de se ligarem a um sentir talvez mais místico ou ancestral: as flautas de bambu, no caso do músico português, os chifres de cabra, no caso do norueguês. Em ambos os casos, instrumentos que recuam no tempo, que carregam história e tradição, mas que também podem traduzir o futuro.
Neste concerto, Rão Kyao e Karl Seglem terão ao seu lado Francisco Sales, guitarrista português que gravou dois trabalhos aplaudidos internacionalmente, Valediction e Miles Away. A música popular da Noruega e de Portugal fundem-se num jogo de emoções, de mestrias e de cumplicidade, procurando, através de “espaços e surpresas”, como refere Seglem, ilustrar o que ambas as nações têm em comum, nomeadamente um certo pendor melancólico que puxa a saudade. Com vários jovens músicos em palco, a orquestra transnacional tocará música dos dois autores, mas também reconhecíveis sonoridades do reportório tradicional de cada um dos países.
Suso Sáiz
05 novembro | Auditório de Espinho, Espinho
06 novembro, 21h00 | Museu do Oriente, Lisboa
Suso Sáiz é um dos nomes maiores da modernidade espanhola, um discreto músico com uma discografia que se estende por quase quatro décadas e que nos últimos anos reencontrou lugar no presente graças à aliança com a editora holandesa Music from Memory que, em 2016, reuniu algumas composições da sua discografia na antologia Odisea, inspirando depois um regresso ao ativo que já lhe valeu rasgados elogios na imprensa especializada. Músico de vanguarda, compositor e produtor, uma sonoridade inequívoca, criador inconfundível com um som hipnótico e extremamente criativo.
A carreira de Sáiz remonta a 1980, quando formou La Orquestra de las Nubes, grupo em que cruzou eletrónica, música popular e jazz com uma veia experimental que lhe garantiu desde logo um lugar de destaque na modernidade do país vizinho.
Em anos mais recentes lançou, na Music From Memory, trabalhos de referência na vanguarda eletrónica atual como Rainworks, Nothing is Objective ou, já o ano passado, Between No Things, uma bem recebida colaboração com Suzanne Kraft, alter-ego do DJ e produtor Diego Herrera. Essa intensa atividade levou Sáiz a ser convidado por reputados festivais de música eletrónica e experimental, com a sua música.
Matthew Halsall
10 novembro, 19h00 | Convento São Francisco, Coimbra
11 novembro, 21h00 | Museu do Oriente, Lisboa
14 novembro | Auditório de Espinho, Espinho
O trompetista de Manchester Matthew Halsall é já, sem dúvida, uma referência no jazz britânico. Com um som que se inspira no jazz espiritual de Alice Coltrane e Pharoah Sanders, assim como na world music, nas influências eletrónicas e até mesmo na arte e na arquitetura modernas, cria algo unicamente seu.
Salute to the Sun, o seu mais recente álbum, é apontado como um marco contemporâneo do jazz mais espiritual e é também a base para o seu novo e sofisticado espetáculo, com o trompetista e multi-instrumentista a apresentar-se à frente de um sexteto de músicos da nova escola do jazz inglês.
Halsall é o fundador e diretor da Gondwana Records, uma das mais ativas editoras independentes da cena jazz britânica, e dirige a Gondwana Orchestra com que já gravou dois álbuns. Gravou igualmente com o vocalista americano Dwight Trible, com Nat Birchall, Emanative, Greg Foat, Mr Scruff ou DJ Shadow, firmando o seu elevado nível técnico com uma abordagem emotiva e inventiva ao seu instrumento, reclamando para o seu som as marcas das obras pioneiras de gente como Pharoah Sanders ou Alice Coltrane.
Win Mertens
13 novembro, 21h30 | Convento São Francisco, Coimbra
14 novembro, 21h00 | Altice Fórum Braga, Braga
Pianista, contratenor e compositor belga com uma carreira ímpar na música contemporânea, Wim Mertens é uma das mais emblemáticas figuras da música contemporânea. Mertens refinou a sua linguagem, compôs para diversos instrumentos e ensembles e firmou o seu nome no panorama internacional com recitais regulares nas melhores salas, a solo, em pequenas formações e com orquestras.
Para assinalar devidamente quatro décadas de carreira, Wim Mertens lançou o CD quádruplo Inescapable, que reuniu 61 composições, entre marcos do seu percurso, gravações ao vivo de alguns dos seus mais aplaudidos clássicos e peças inéditas. Esse é o mote para uma digressão mundial, um espetáculo especial em que pretende presentear os seus fãs com interpretações dos momentos mais apreciados da sua longa discografia. Neste concerto, acompanhado por dois músicos (violinista e violoncelista), o pianista e compositor belga viajará pelos marcos de Inescapable bem como algumas das peças de The Gaze of the west, a sua mais recente obra.
Avishai Cohen Trio
14 novembro | Teatro Virgínia, Torres Novas
15 novembro, 21h00 | CCB, Lisboa
Avishai Cohen é um dos mais discretos gigantes do jazz contemporâneo, um baixista e contrabaixista que estudou e que se formou enquanto tal em Nova Iorque, uma das mais musicais cidades do mundo, e onde se tornou braço direito de Chick Corea. Nos anos 90 aventurou-se a solo, construindo uma sólida carreira em nome próprio que lhe valeu os mais prestigiados prémios e rasgados elogios na imprensa, incluindo o New York Times ou o Guardian. Para lá de músico extraordinário, Avishai afirmou-se como compositor, com as suas criações a encontrarem uma dedicada audiência global. Cohen vai buscar a sua inspiração às canções folclóricas e poesias hebraicas que ele ouviu quando criança em Israel, às canções judaico-espanholas Ladino da tradição sefardita, à música clássica e ao jazz.
Arvoles, o seu trabalho mais recente, será o ponto de partida para um concerto com uma nova formação: ao seu lado estará o pianista e compositor Elchin Shirinov e a jovem prodígio da bateria Roni Kaspi. O trio prepara-se para uma digressão com o material de um álbum cujo título em Ladino, língua falada na península ibérica pelos judeus sefarditas, significa Árvores. Música carregada de história, de raízes fundas e alcance fulgurante, é o que Avishai Cohen propõe neste importante regresso a Portugal.
Nancy Vieira
14 novembro, 17h00 | Museu do Oriente, Lisboa
Nancy Vieira é uma das mais reputadas artistas a explorarem no presente o imenso património musical de Cabo Verde. E em palco, Nancy é uma das grandes defensoras desse património – da Morna – estando habituada a apresentá-lo um pouco por todo o mundo.
Nancy gosta de se fazer acompanhar pelos seus músicos habituais, mas também gosta de receber convidados. A sua música que fala das viagens e o do mar, da saudade e da distância, vive de diferentes balanços, algo que confere sempre uma dinâmica especial aos seus concertos para que leva sempre mornas e funanás, coladeiras e mais música que se espraia pelo oceano e pelo mundo. A artista, que reside em Portugal, estreou-se em 1995, mas começou por dar nas vistas em 1999, quando surgiu numa compilação de título Música de Intervenção Cabo- Verdiana cantando ao lado do lendário Ildo Lobo. Lançou depois os trabalhos Segred (Praça Nova, 2004), Lus (Harmonia Mundi/World Village, 2007), Pássaro Cego (Arthouse, 2009), com Manuel Paulo, ou Nô Amá (Lusafrica, 2012). Em 2018 apresentou o muito aplaudido Manhã Florida (uma vez mais com selo Lusafrica). Atualmente, Nancy prepara um novo trabalho, acrescentando novas canções a um reportório de excelência.
Joep Beving
18 novembro, 19h00 | Convento São Francisco, Coimbra
20 novembro, 21h30 | Auditório de Espinho, Espinho
21 novembro, 17h00 |Museu do Oriente, Lisboa [DATA EXTRA]
21 novembro, 21h00 | Museu do Oriente, Lisboa
Um dos pianistas vivos mais ouvidos do mundo com uma impressionante soma de 85 milhões de streamings o que diz muito do alcance da particular visão do holandês Joep Beving. A sua vertente melancólica traduz- se em melodias de profunda capacidade de envolvimento o que já levou a que as suas composições sejam descritas como “música para os sonhos”. O final de 2020 foi período de intensa criação em que refletiu sobre os tempos, sobre o isolamento e a saudade: Solitude ou a belíssima Saudade de Gaia são duas peças reveladoras da profundidade da sua música e da sua extrema beleza.
Henosis, o mais recente e triunfal álbum de Joep Beving, vencedor de um prémio Edison, é já o seu terceiro trabalho para a mundialmente famosa Deutsche Grammophon, a mais conceituada editora no mundo da música clássica e erudita. Com envolvimento orquestral e eletrónico, o seu piano ascende a novos patamares. Será esse o álbum que servirá de base a um concerto que se espera superlativo, com passagem por momentos mais relevantes da sua obra anterior igualmente assegurados. Uma apresentação absolutamente imperdível.
Lina Raül Refree
22 novembro, 21h00 | Teatro Maria Matos, Lisboa
O fado reinventado e re-orquestrado a meias por uma fadista nossa e pelo catalão Raül Refree, atualmente um dos melhores produtores de Espanha. Raül descobriu a voz de Lina no Clube de Fado e daí até ao estúdio foi um passo. Rodeado de sintetizadores vintage, de Moogs e Arps, de Oberheims e Rolands, mas também com o piano muito perto, Raül emoldurou a voz de Lina em névoa analógica, deixando as guitarras do fado na imaginação, mas retendo toda a força de uma garganta carregada de verdade.
Em temas como “Barco Negro” ou “Foi Deus”, “Ave Maria Fadista”, “Medo” ou “Gaivota”, qualquer um deles um monumento maior da memória do fado, Lina mostra-se artista completa. As suas interpretações são sobretudo humanas, emocionantes. Essa entrega oferece uma outra luz ao fado nos arranjos que Raül Refree lhe preparou. Sem truques ou filtros, mas com arte e com uma abordagem nunca antes tentada vestindo o fado com uma inédita roupagem eletrónica que ao invés de o desvirtuar só lhe reforça a condição universal.
Penguin Cafe
28 novembro, 21h00 | Casa da Música, Porto
29 novembro | Teatro Tivoli, Lisboa
30 novembro, 21h30 | Convento São Francisco, Coimbra
Em boa hora Arthur Jeffes decidiu pegar no legado do seu pai, Simon Jeffes, e reinventar a mítica Penguin Café Orchestra, que nos anos 80 foi responsável por algumas pequenas obras primas como Signs of Life ou When In Rome, discos lançados por Brian Eno. O resultado é a moderna aventura Penguin Cafe, projeto apostado em prosseguir na mesma senda, entre um estilo neo-clássico e de câmara e uma leveza pop. Da soma dessas partes nasce uma música envolvente. Um grupo de músicos de sólida formação clássica aos quais se juntam outros músicos, que já tocaram em grupos tão dispares como os Suede ou Gorillaz. Uma mistura entre o minimalismo hipnótico ao estilo de Philip Glass com música folk e músicas do mundo.
O mais recente álbum dos de Arthur Jeffes, Handfuls of Night, resulta de uma encomenda da Greenpeace que lhe pediu quatro peças que funcionassem como um hino ou homenagem a quatro espécies de pinguins, gesto que pretende chamar a atenção para o perigo de extinção que estes animais enfrentam. A música é de uma beleza a par da própria natureza em que esses seres habitam, entre cordas e piano, melodias expostas em arranjos que nos levam para outra dimensão. Será esse o programa que os Penguin Café trarão a Portugal, num concerto que a crítica internacional não tem parado de enaltecer.
Travis Birds
26 novembro, 21h00 | Museu do Oriente, Lisboa
27 novembro, 21h30 | Convento São Francisco, Coimbra
28 novembro | Auditório de Espinho, Espinho
Travis Birds é uma cantora madrilena com um novo álbum na sua bagagem de 2021, La Costa de los Mosquitos, uma janela aberta sobre o seu mundo interior, como a própria o descreve. É a própria artista que explica que quando se olhar para a sua carreira, no futuro, haverá um antes e um depois de La Costa de los Mosquitos.
Com qualidades que lhe garantiram de imediato os efusivos elogios da imprensa espanhola, foram essas qualidades que levaram os produtores do êxito televisivo La Casa de Papel a escolher Coyotes, tema lançado em 2019, para o genérico de El Embarcadero, outra série televisiva de sucesso.
Para lá de Coyotes, Travis Birds lançou Madre Conciencia, reforçando a música que mistura uma dimensão cinemática com flamenco e pop moderna. Travis Birds começou por se revelar em 2016 com Año X, estreou-se ao vivo no Café Berlin, recolheu aplausos e fez correr tinta e agora, com o seu novo álbum, La Costa de Los Mosquitos, revela mais música feroz, que fala de obsessões que soa tão familiar quanto original. E tudo isto é acompanhado por uma vincada personalidade de palco, que sabe bem o valor de uma performance, que entende que a presença física é fundamental para impor uma visão artística.
Assim que possível actualizaremos o artigo, no que respeita a locais e horários por assinalar.
Entretanto, é reservar as datas nas cidades que lhe forem mais próximas e não perder pitada destes imperdível Misty Fest 2021.
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