Abyss & Habidecor é uma empresas nacional de indústria têxtil, onde o luxo é sinónimo de máxima qualidade, desde a matéria-prima selecionada ao produto pronto a embalar. A mestria cabe às muitas mulheres que preservam o saber-fazer.
“É preciso ter uma boa equipa, para ter produto de qualidade”, sublinha Pierre de Lemos, CEO da Abyss & Habidecor e filho de Celso de Lemos, o chairman desta empresa de têxteis de luxo portuguesa. Emprega 244 pessoas, das quais “aqui, 99,8 por cento dos trabalhadores são de Viseu”, destaca o nosso anfitrião, referindo-se às duas fábricas localizadas na Zona Industrial de Mundão, na freguesia de Mundão, concelho de Viseu.
São maioritariamente mulheres. Têm nas mãos o dom de saber-fazer e no olhar o rigor de um mestre, atributos valiosos na feitura de cada peça. É visível a delicadeza e, simultaneamente, o empenho demonstrado durante a visita à fábrica, a primeira da Habidecor, onde são feitos os tapetes para a casa de banho – desde a manufatura ao departamento do controlo de qualidade, em que cada artigo é examinado com minúcia, para que tudo fique perfeito. Portanto, “tudo é feito à mão por nós, desde o fio ao produto final”, afiança Rúben Teixeira, gestor de clientes desta empresa familiar, onde também há teares grandes para os tapetes, com 4000 fios.
“Temos de conhecer bem a matéria-prima”, avança Pierre de Lemos. Trata-se, por exemplo, do Giza Extra Long Staple, o algodão proveniente de Gizé, no Egipto. “É o melhor algodão do mundo”, adianta Rúben Teixeira. No total, são encomendadas 200 toneladas deste produto por ano. A aposta na matéria-prima de qualidade garante peças “mais duráveis e com cores mais duráveis”, declara o gestor de clientes da empresa.
“Quando o fio chega à fábrica é analisado. Só depois é colocado nas máquinas, seguindo-se a fase da tomada de decisão, de como é que vamos fazer melhor”, acrescenta o gestor de clientes da Abyss & Habidecor. A tinturaria, instalada dentro da fábrica principal, com um catálogo com 60 cores à disposição para toalhas e 35 para os lençóis, por exemplo, bem como o laboratório, utilizado na criação química de cada cor, dão resposta às exigências implementadas pela empresa. Sem esquecer o espaço destinado à pré-lavagem dos artigos, tão importante quanto o embalamento, por forma a assegurar a qualidade desejada, e a oficina, com torneiros-mecânicos, eletricistas, entre outros profissionais indispensáveis para consertar eventuais avarias ou outros problemas com as máquinas.
A visão de Celso Lemos
“Celso de Lemos é um expert em têxtil”, continua Rúben Teixeira referindo-se ao fundador desta empresa familiar, que, todos os meses, faz questão de ir a Viseu, concelho onde nasce há oito décadas e, aos 17 anos, incentivado pela mãe, Georgina de Lemos, decide viajar para a Bélgica. Objetivo? Estudar engenharia química, seguindo-se a aprendizagem em contexto profissional, e, mais tarde, regressar a Viseu, onde inicia a manufatura de tapetes de casa de banho. A estreia acontece na cave da casa dos pais, em 1978. O móvel da máquina de costura, a mala, que, outrora transporta os tapetes para venda, e o retrato de D. Georgina de Lemos expostos no showroom, instalado na atual sede da Abyss & Habidecor, são uma homenagem a esses tempos e, acima de tudo, à mãe.
A primeira fábrica, a Habidecor, abre portas em 1980. “Atrás desta, está outra fábrica, na qual são feitos os lençóis de banho”, explica Rúben Teixeira, indicando a direção do respectivo edifício, cuja abertura ocorre em 2017. Entretanto, são postos em prática um cem-número de testes, no sentido de desenvolver e o aperfeiçoar os métodos de confeção, até chegar à produção efetiva destes artigos. Já em Tondela está a Abyss, a fábrica de produção de roupa de banho, mesa e cama, cujo início de laboração remonta a 1998. Stock de fio, de felpo, de produto cortado e pronto para ser confecionado, e o produto acabado, para tingir, seguem os padrões de qualidade da casa-mãe.
“Só produzimos [peças] para a Abyss & Habidecor”, salienta Rúben Teixeira. Os padrões são criados e desenvolvidos no departamento de design da Abyss & Habidecor, na Bélgica. “São designers de moda belgas que estão a trabalhar neste sector da empresa.” Viajam pelo mundo, para dar azo à criatividade, que, posteriormente, é materializada e, por fim, distribuída pelos 1200 clientes de 65 países. Para além da qualidade, atributo crucial para a consistência e a reputação da Abyss & Habidecor, Pierre Lemos nomeia três pilares fundamentais para a consolidação da empresa: “independência criativa, independência na produção e independência financeira.”
