New album: Mutations / Vijay Iyer

Piano. A continuação do corpo de Vijay Iyer, pianista e compositor que dança com os dedos em teclas e nos traz, este mês, novas sonoridades para ouvir do primeiro ao último acorde, sem pausas. “Mutations” é o trabalho que leva Vijay Iyer à editora jazz ECM Records e é o álbum que por aqui se ouve e escreve, a ser editado no próximo dia 28 de fevereiro.

O novo trabalho de Vijay Iyer conta com três peças de piano a solo – “Spellbound and Sacrosanct, Cowrie Shells and the Shimmering Sea” e “Vuln, Part 2” a abrir as musicalidades e “When We’re Gone” no fecho. A meio, como espinha dorsal, um brilhante “Mutations I-X” – dez composições para quarteto de cordas e eletrônica, e o piano, sempre o piano. Uma viagem sublime, envolvente, com uma carga lírica indiscutível, por diversas atmosferas que o compositor nos dá. A composição escrita de Iyer é acompanhada, em alguns momentos, pelo improviso decisivo que dá, ao todo, leveza e surpresa que o tornam único. Iyer cria ambientes sonoros vários, variações sentidas que não nos deixam adormecer no ritmo. São as mutações, transformações de um piano em contraponto com ritmos e sonoridades criadas eletronicamente, com ambientes acústicos e com o quarteto de cordas que dão corpo à composição. Na palavras no próprio “In some sections, minute variations or fluctuations in a recurring figure ultimately elicit a structural transformation; in other movements, real-time acts governed by competing directives yield an emergent, spontaneous order. These ten coexisting entities are linked either genetically or by a kind of simbioses.“, mutação presente em cada uma das dez “Mutations” presentes neste álbum, é mutação musical à flor da pele. Gravado em Nova Iorque no Avatar Studio, em 2013, com Manfred Eicher como produtor e com Vijay Iyer (piano, eletrónica) encontramos, também, em “Mutations”: Miranda Cuckson (violino), Michi Wiancko (violino), Kyle Armbrust (viola) e Kivie Cahn- Lipman (violoncelo).
Se para si é nome que ainda não reteve, Vijay Iyer nasceu em Albany, Nova Iorque, estudou matemática e física em Yale, recebeu um Ph.D. interdisciplinar em Ciência Cognitiva da Música pela Universidade da Califórnia – Berkeley, tem estado ligado à Manhattan School of Music, New York University e New School, e é diretor do The Banff Centre’s International Workshop in Jazz and Creative Music em Alberta – Canadá; em janeiro de 2014 juntou-se à Faculty of Arts and Sciences, em Harvard. No seu palmares musical conta com as mais diversas colaborações como Steve Coleman, Wadada Leo Smith, Miya Masaoka… Trabalhou com os poetas Mike Ladd, Amiri Baraka, Charles Simic e Robert Pinsky. As suas reconhecidas composições têm sido encomendadas e executadas por The Silk Road Ensemble, Ethel, Brentano String Quartet, Quarteto JACK, American Composers Orchestra, Hermès Ensemble, Ensemble Contemporary International, e Imani Winds. Uma suma, muito resumida, de um curriculum de peso.
Nota final, para quem andar por Munique a 29 de março, Vijay Iyer e o quarteto de cordas darão um concerto de estreia europeu de “Mutations” na Haus der Kunst. Concerto co-promovido pela ECM e o Museu de Arte. É a única data europeia, para já. Um álbum a ter e reter – “Mutations” de Vijay Iyer.   •

© Fotografia: Sara Quaresma Capitão.