“Habitar o espaço, observar e procurar intervir com o seu verdadeiro sentido”
Em Janeiro de 2013 Edgar Pires aceitou o convite do Carpe Diem Arte e Pesquisa, no Palácio do Pombal, para desenvolver um projecto de intervenção in situ / site specific. Dando continuidade a outros já desenvolvidos com a temática da luz, como, “Superfície / Obstáculo, na residência Coop, “Incolor” na Sala do Veado no Museu de História Natural e “Luz, Espaço e Acções” na Sala Bebé. Nesta última, tirou partido da luz artificial projectada do exterior para o interior do espaço de exposição, executou pequenas intervenções nas janelas, que acabavam por definir duas composições de luz / sombras e reflexos situados em planos de tecido.
Com esta abordagem, Edgar Pires explora agora a luz solar no espaço arquitectónico, como fonte de produção de imagens de luz/reflexos. Neste processo de muitos ensaios in situ predominou a questão imaterial e efémera da imagem manipulada no seu próprio momento de existência. Todos estes ensaios culminaram num conjunto de três objectos escultóricos em vidro plano, que interagem com a luz solar que entra pelas janelas dentro, provocando uma transformação em termos luminosos no interior da sala, que começa às 17h e acaba às 19h.
Apesar de se poder olhar de vários ângulos para estes três objectos, há claramente dois momentos de visualização da exposição: a contemplação dos objectos no espaço, sem incidência directa da luz solar e, com incidência directa. Resultando numa nova abordagem, em que a obra interage com o movimento da luz solar, provocando uma transformação sempre em constante mudança no interior do palácio.
A exposição ostenta um conjunto escultórico que procura abranger um território que conjuga a questão matérica e a luz solar, dando azo a um novo universo relativamente ao espaço que ocupa. Está patente uma ironia nestes objectos em vidro plano, suspensos às tiras, que fazem lembrar brise-soleil, elementos arquitectónicos com função de bloqueio de luz colocados no exterior do edifício, que neste projecto se encontram no interior do edifício e são altamente sensíveis à luz: não servem para impedir mas sim para expandir/dispersar a luz.
“A intenção deste projecto convidar o espectador interagir espacialmente com os objectos escultóricos, experienciar esta questão visual que está intrínseca e, observar os lentos movimentos dos reflexos de luz no interior.”
Existe uma grande preocupação em criar uma ligação forte entre a sua obra e o espaço que ocupa, é neste detalhe que intervenção tem a sua força e o seu lugar.
“Desenvolvi inúmeros ensaios espontâneos no seu interior (sala branca), através de processos que deram azo a imagens efémeras de luz, maioritariamente documentadas em fotografia”
A exposição irá decorrer entre 10 de Maio e 26 de Julho, na Sala Branca do Palácio Pombal, casa do Carpe Diem Centro de Arte e Pesquisa, na Rua Século.
Para apoiarem este e outros projectos existem os “Múltiplos Carpe Diem Editions”. Edições limitadas de obras dos artistas que integram o programa de curadoria do Carpe Diem – Arte e Pesquisa. Estas apresentam-se em pequeno formato e edição limitada de 30 + 3 PA, com obras geralmente bidimensionais em impressão fotográfica com garantia, e acompanhadas de um certificado de autenticidade. Os Múltiplos são o resultado de uma colaboração directa entre o artista e o Carpe Diem – Arte e Pesquisa, dando continuidade ao projecto expositivo e a sua sustentabilidade. Dentro deste conceito, Edgar Pires irá também ter mais para a frente os seus “Múltiplos” à disposição, na loja do Carpe Diem.
Edgar Pires, (Oeiras,1982), formou-se em Artes Plásticas e Escultura na Faculdade de Belas Artes, da Universidade de Lisboa, em 2007.
+ Carpe Diem Arte e Pesquisa
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