Esta é a história cruzada de três mulheres: Cecília, casada, mãe de três filhas; Tess, casada, mãe de um filho; e Rachel, viúva, cuja filha foi assassinada quando jovem.
Numa linguagem simples, familiar, a australiana Liane Moriarty vai-nos oferecendo as diferentes perspetivas da vida destas mulheres, desde a feliz e bem casada Cecilia à traída Tess, passando pela infeliz Rachel, que vive na sombra da morte de uma filha assassinada aos 17 anos.
Mas nem tudo o que parece ser, é-o de facto e no desenrolar desta história vamos-nos apercebendo da fragilidade da vida humana, da forma como esta nos pode afetar, ainda que, aparentemente, a vida dos outros não pareça ter qualquer ligação com a nossa.
Embora ‘O segredo do meu marido’ seja uma leitura leve, há nele um ponto fundamental e real, quase desconcertante: a forma como a vida nos obriga muitas vezes a voltar aos locais e às pessoas que não quisemos enfrentar; a forma até como parece corrigir os nossos erros, por vezes, de uma maneira trágica, como sucede neste livro.
Todas estas personagens travam lutas: a da lealdade, no caso de Cecilia; a da felicidade, no caso de Tess; e a da verdade, no caso de Rachel, mas, sem dúvida, a que causa mais angústia é a luta da lealdade de Cecilia. No final, ainda que ela e o marido sofram, é Cecilia que recebe algum alívio, na forma como ela escolhe resolver a situação e, mitigar, até, a dor alheia.
Não há um final feliz neste livro, há apenas um resignar, um aceitar da vida tal como ela é. E à cabeça vem-nos aquela frase tão cara para os mais velhos, talvez mais sábios, na sua longa caminhada: “É a vida…” •
“O segredo do meu marido” / 416 páginas / €17,70
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