Anja Lechner, violoncelista alemã, e François Couturier, pianista francês, apresentam-se em duo com “Moderato Cantabile”, pela mão da ECM Records.
Depois de uma década de trabalho conjunto no Tarkovsky Quartet e de uma ligação contínua ao Pergolesi Project, com a cantora Maria Pia de Vito, o tocar único do violoncelo de Anja Lechner – de um mundo mais clássico com o improviso na mão – une-se ao piano de François Couturier – jazz na alma – para editarem dez interpretações de forma irrepreensível, em modo duo. Em “Moderato Cantabile” Lechner e Couturier dão-nos a ouvir interpretações e leituras suas de compositores, um pouco outsiders ou menos reconhecidos pelo público, nas margens da história da música. Falamos de G.I. Gurdjieff, Komitas e Federico Mompou.
“To differing degree their music reveals influences from the east, both in terms of relationship to folk traditions and religious music, and philosophically.” É sem dúvida um trabalho que nos faz viajar, uma viagem sem sobressaltos, contínua durante dez momentos ímpares com o remate de um piano a ditar o ritmo e um violoncelo que nos parece levar até à Rota da Seda, na última interpretação de Mompou. É um piano que começa o encanto e um violoncelo com um corpo sonoro tão cheio que se deixa conquistar, e vice versa. É um casamento musical de cumplicidade natural. E se neste trabalho há as novas leituras a compositores acima referidos, há também, a meio da viagem, composições de Couturier – “Voyage“, “Soleil Rouge” e “Papillons” -, que tem no palmarés um longo caminho a viver a música de Mompou, e influências da sua associação a Anouar Brahem e, claramente, as sonoridades do médio oriente fazem parte da sua construção musical; composições a que o violoncelo de Lechner dá um sentir ímpar, um tempo exato, de música à flor da pele… logo no início, com “Sayyid chant and dance no. 3 / Hymn no. 7“, de Gurdjieff, fica claro como será esta viagem a dois, com dois instrumentos de cordas, a quatro mãos experientes.
“Moderato Cantabile” é um álbum que tem de ser ouvido, sentido e que prende o ouvido. Gravado no Lugano Studio, em novembro de 2013, produzido por Manfred Eicher, tem o selo de qualidade assegurada da ECM Records e dois músicos/ intérpretes de excelência que nos envolvem a cada nota tocada. A ouvir sonoridades clássicas. •
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