A Orquestra Gulbenkian ruma a Paris onde ficará em residência na Opéra Comique para participar na nova produção de “Le pré aux Clercs”, uma ópera do compositor francês Ferdinand Hérold. Dirigida por Paul McCreesh e encenada por Éric Ruf.
De acordo com Paul McCreesh, trata-se de uma “ópera muito interessante e de grande importância na história da arte lírica francesa”. Apesar de atualmente não ser muito conhecida, o maestro britânico recorda que a esta obra, estreada em 1833, “foi uma das óperas mais célebres ao longo de 120 anos”, sucesso medido pelo elevado número de representações realizadas. “Esta música tinha de ter algo de especial para cativar e emocionar as pessoas durante tanto tempo”, reforça McCreesh, que se mostra rendido aos méritos da partitura. “É uma música muito atraente, sedutora, oferecendo grandes momentos e algumas belas árias, daquelas que acabamos a cantarolar em casa”. Apesar de desconhecida por muitos, já pouco lembrada por outros, esta é uma ópera obrigatória e incontornável na história da música francesa e não só.
Já o encenador, Éric Ruf, diretor da Comédie Française, vê nesta ópera um “antepassado” da comédia musical, “em que a música se encontra totalmente ao serviço da história e da dramaturgia”. Ao mesmo tempo, considera tratar-se de uma comédia com vários ingredientes, “orquestra, coro, canto, guarda-roupa e grandes cenas de amor”, apresentando também muitos momentos de texto declamado que o encenador, também ele ator, tem vindo a trabalhar intensamente com os cantores. Ruf sublinha a atmosfera de “espetáculo total” desta ópera, que resulta de uma óbvia preocupação de juntar uma boa história, boa música e bons intérpretes. É, indubitavelmente, um espetáculo do mais rico que poderá assistir, na música.
Baseada no livro “Chronique du Temps de Charles IX”, de Mérimée, “Le pré aux Clercs” tinha alcançado mais de mil representações quatro décadas após a sua estreia, em Paris. Vítima de tuberculose, Ferdinand Hérold infelizmente nunca chegou ver a sua obra no palco, morrendo cerca de um mês antes da estreia da ópera. Nota importante: esta produção será apresentada na Gulbenkian Música, no dia 8 de abril, às 20h00, numa sessão única. A direção musical mantém-se a cargo de Paul McCreesh, do mesmo modo que Éric Ruf assina a versão semi-encenada, adaptada ao Grande Auditório da Fundação. O elenco de cantores serão mesmo: Marie Lenormand (Marguerite de Valois), Marie-Eve Munger (Isabelle Montal), Jael Azzaretti (Nicette), Michael Spyres (Barão de Mergy), Emiliano Gonzalez Toro (Conde de Comminges), Eric Huchet (Cantarelli) e Christian Helmes (Girot). Imperdível!
Em Paris, a Orquestra atuará nas seis récitas programadas, entre 23 de março e 2 de abril. As récitas em Paris serão gravadas pelo Palazzetto Bru Zane, uma instituição cultural instalada em Veneza, dedicada à divulgação da música francesa do período romântico. Se estiver por Paris, nestas datas, não deixe de ir à Opéra Comique de Paris ouvir a Orquestra da Gulbenkian num espetáculo ímpar.
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© Vídeo: Opéra Comique.
© Fotografia: Imagem de divulgação de “Le pré aux Clercs”, Opéra Comique.
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