“L’Isola Disabitata – Serenata per musica” / Queluz

Tome nota: Estreia mundial moderna no Palácio Nacional de Queluz: “L’Isola Disabitata – Serenata per musica”. Um concerto a ir, em Queluz.

No próximo dia 26 de junho, a Parques de Sintra e o Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (DS-CEMSP) apresentam, em estreia mundial moderna, “L’Isola Disabitata” – Serenata per musica”, do compositor David Perez, no Palácio Nacional de Queluz.

Este espetáculo, interpretado pelo Divino Sospiro e com direção musical de Massimo Mazzeo, será a continuidade aos ciclos de música que a Parques de Sintra tem vindo a apresentar nos Palácios de Sintra, integrando-se na decisão de os dinamizar através da música, bem como atrair novos públicos – uma iniciativa maravilhosa e que é de louvar, levar a música ao património construído. Relativamente às serenatas compostas para o Palácio de Queluz, género nacional por excelência, esta é a primeira de várias que se pretende recuperar e apresentar. Este projeto de investigação prevê o estudo sobre o contexto de criação e execução das obras e a sua edição crítica.

David Perez foi um dos compositores mais relevantes no panorama musical europeu da segunda metade do séc. XVIII. Com o título de “Compositor da Real Câmara e Mestre das Suas Altezas Reais” de 1752 a 1778, dirigiu a vida musical da Corte portuguesa até à sua morte. A sua produção influenciou a maioria dos compositores portugueses. Muitos, como João Cordeiro da Silva, João de Sousa Carvalho e Luciano Xavier dos Santos, foram seus discípulos diretos. Esta Serenata foi escrita para ser apresentada no Palácio de Queluz, residência do Infante D. Pedro e da futura rainha D. Maria I, alunos privilegiados de David Perez, que estabeleceram com ele uma estreita ligação. A proximidade entre o casal real português e o compositor napolitano está demonstrada pela sua presença na tela pintada no teto da Sala dos Embaixadores, no Palácio Nacional de Queluz.

© Divino Sospiro, por Pedro Soares.

O libreto para esta Serenata foi escrito, em 1752, pelo maior poeta para música do séc. XVIII, Pietro Metastasio. Vários compositores usaram este texto com grande êxito. Para além da trama quase realista, a narração trata de viagens marítimas longínquas para as Índias Ocidentais, o que terá despertado, na altura, bastante interesse, particularmente, entre o público português. Desta obra restam atualmente apenas duas partituras manuscritas. Uma encontra-se na Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda e tem a seguinte nota em língua italiana: “…para ser apresentada na Real Vila de Queluz no ano de 1767” que consta igualmente no libreto impresso conservado na Biblioteca Nacional de Portugal; a outra encontra-se na Biblioteca do Conservatorio di Musica San Pietro a Majella, em Nápoles. A edição crítica desta partitura é responsabilidade de Iskrena Yordanova (DS-CEMSP). A Serenata, em versão de concerto, será realizada pela orquestra Divino Sospiro, com direção musical de Massimo Mazzeo, e contará também com os sopranos Joana Seara, Francesca Aspromonte e Francesco Divito e com o tenor Bruno Almeida.

O século XVIII foi um dos períodos mais importantes na História da música portuguesa, registando um forte investimento do poder real ao nível da produção e da interpretação, através de estratégias que incluíram a importação de músicos e de repertório, bem como a formação de intérpretes e compositores. Ao Palácio de Queluz acorria frequentemente a Corte para assistir a serenatas, cavalhadas e espetáculos de fogo-preso. A música ocupou sempre um papel central nestas festividades, sobretudo entre 1752 e 1786. Antes e depois da construção da Casa da Ópera, em 1778, ali se tocaram dezenas de serenatas e óperas.

Por tudo isto, torna-se obrigatória uma ida a Queluz, para assistir ao concerto no dia 26 de junho, às 18h00, na Sala do Trono, no Palácio Nacional de Queluz. Vamos? •

+ Palácio Nacional de Queluz
© Fotografia em destaque: Sala do Trono, PSML Wilson Pereira.

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