A 9.ª Edição do Festival Rescaldo está à espreita e decorrerá em dois dos mais importantes polos culturais da cidade de Lisboa: a Culturgest e a Galeria Zé dos Bois.
A programação de 2016 não é exclusiva à divulgação de valores emergentes, com o habitual destaque a inovadores talentos da música de cunho nacional, mas debruça-se igualmente no coroar de artistas cujas carreiras se têm fortificado através da expansão e reconhecimento internacional. Acrescentam-se ainda colaborações musicais inéditas, como é o caso dos psicadélicos Black Bombaim que partilham o palco com o saxofonista alemão Peter Brötzmann, num dos concertos mais desejados deste festival.

© OZO por Lauren Maganete
O Rescaldo tem início marcado para dia 19 de fevereiro, na Culturgest, ao som da guitarra elétrica de Filipe Felizardo que, em 2012, cunhou a primeira edição da então recém-criada Shhpuma, evidencia no seu disco mais recente, “Volume IV – The Invading past and other dissolutions”, um “crescimento da sua busca pessoal por uma voz única em torno dos blues e do que se convencionou chamar ‘american primitivism’“. Na mesma noite, sobem ao palco os OZO, um duo que junta o piano e a formação clássica de Paulo Mesquita com o background enquanto baterista dos reconhecidos Peixe:Avião, de Pedro Oliveira. “Herdeiros de um género que pode ser designado como ‘chamber post-rock’, demonstram no seu ‘A kind of Zo’, também ele editado pela Shhpuma, uma paixão pela expressividade eletroacústica“.
No dia 20 de Fevereiro, ainda no Pequeno Auditório da Culturgest, o trio de cordas Timespine do qual fazem parte Tó Trips, Adriana Sá e John Klima, remete para a “tradição hindustani, para a kora oeste-africana, para o koto japonês e para a tradição de seis cordas do sul norte-americano“. De seguida, sobe ao palco Norberto Lobo, guitarrista prodigioso que continua a surpreender a cada disco e a cada concerto, numa constante evolução, criando melodias e sons originais e singulares.

© TImespine por Rui Mantero
A semana seguinte começa na Galeria Zé dos Bois com Acid Acid a abrir o dia 25 de fevereiro. Criada “a partir de uma guitarra, de um sintetizador e de samples escolhidos criteriosamente, a sonoridade deste projeto do radialista Tiago Castro tem como referências o psicadelismo, os ensinamentos sonoros das décadas de 60 e 70 e o krautrock alemão“. A fechar a noite, os Plus Ultra, um trio bem forte formado por Gon (Zen), Kino (Ornatos Violeta) e Azevedo (Mosh), que em 2015 editou uma k7 pela emblemática Lovers & Lollypops e que “pratica um rock de fação sludge com um balanço funk. Uma casta única de suor e intensidade incomparáveis“.
O dia 26 de Fevereiro marca o regresso do festival à Culturgest, desta feita no novo espaço da Garagem, com os Papaya. O super-grupo da cena indie nacional composto por Ricardo Martins, ex-Lobster, na bateria, Óscar Silva, o senhor Jibóia, na guitarra, e Bráulio Amado, dos Adorno, na voz e baixo, “leva a palco canções curtas e incisivas, num género que se aproxima do pós-punk com um certo ideal de tropicalismo“.
Aguardada com certa ansiedade pelo público do Rescaldo, é a inédita colaboração dos já consagrados Black Bombaim com um mestre do free-jazz, o saxofonista alemão Peter Brötzmann. “Apesar do salutar estatuto galopante da banda barcelense no circuito europeu e mundial da fação mais psicadélica do rock instrumental, a verdade é que Peter Brötzmann, soprador violentíssimo e decano do jazz mais explosivo que o mundo já conheceu, é figura maior em qualquer palco que pise, seja com que companhia for“. Esta será, com certeza, uma noite especial.

© Black Bombaim por Joana Castelo
O dia de encerramento do festival, 27 de fevereiro, soma três concertos na mesma sala, a Garagem da Culturgest. Os portuenses HHY & The Macumbas com habitual aparato cénico para mais uma “celebração ritualista, uma sessão de voodoo de proveniência geográfica incerta, feita de uma feliz conjugação do digital e do profundamente orgânico“. De seguida, Pedro Pestana explora as infinitas possibilidades de uma guitarra no seu projeto Tren Go! Soundsystem que se faz acompanhar das projeções de Slide Jane, e para finalizar, os Gala Drop, banda com um percurso musical de cerca de uma década de reinvenções e que é hoje “ponta-de-lança da mais aventureira e bem-conseguida música a ser feita em Portugal“. Estreiam-se com uma renovada formação e encerram o Rescaldo num concerto que se crê imperdível.
De 19 a 27 de fevereiro, deixe-se levar pelo Festival Rescaldo, em Lisboa. •
+ Festival Rescaldo
© Imagem de capaz: cartaz Rescaldo.
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