Ciclo American Autumn: Laura Gibson / Coimbra

Desde 2008, a Lugar Comum tem procurado desenvolver toda uma dinâmica no domínio da música independente, em diálogo e cooperação com diversas estruturas e agentes culturais. Feito a que lhe damos todo o mérito e elogios pelo sair do mainstream.

Na cidade de “Coimbra, e no restante território nacional, partindo de uma sensibilidade artística partilhada, fomos estabelecendo sucessivas parcerias, que permitiram uma sempre desejada programação em rede. É pois, com confesso entusiasmo, que estendemos agora esse esforço além fronteira, ao nos associarmos à Son Estrella Galicia, na realização da 8.ª edição do ciclo de concertos ‘American Autumn’.” Assim nos chega o bom anunciar de uma parceria que se crê d’ouro e que, muito certamente, vai ter casa(s) bem preenchida(s) de público devoto de boa música.

Um ciclo que visa contemplar salas e teatros das cidades de Ourense e Madrid (e que chega, agora, até nós), “os concertos entrelaçam a vastidão da indie norte-americana, tendo em edições passadas contado com Sharon Van Etten, Low, Alela Diane, Peter Broderick, Damien Jurado, Lee Ranaldo, Will Johnson, Josh Rouse ou Nada Surf, entre muitos outros“. E como começar esta aliança? Com uma subida ao palco da desejada Laura Gibson.

Após uma saída do berço chamado Portland, em 2014, e de uma viagem de três longos dias – no Empire Builder, o comboio que percorre toda a extensão da fronteira canadiana, em direcção à costa Este –  cria um novo ser e estar em Nova Iorque. Nova casa e o ingressar no histórico Manhattan’s Hunter College, onde passou a estudar escrita criativa enquanto, simultaneamente, começava a desenhar o seu quarto álbum de originais. Todavia, nas voltas e revoltas dos tempos, em março de 2015, o edifício onde residia foi destruído por uma explosão de gás. Não obstante se encontrar no local, Laura escapou ilesa, mas perdeu todos os objetos pessoais, os seus instrumentos, semanas de rascunhos de poemas e novas composições…

Durante os meses seguintes, acolhida pelas amizades e sem esmorecer, prosseguiu os seus estudos e tentou refazer parte das composições que permaneceram escritas na memória. Mais tarde, com o apoio fundamental de diversos músicos, amigos e fiéis seguidores, conseguiu construir todo um fundo para gravar o seu quarto álbum, ao qual, naturalmente e sem dar aso a grandes interrogações, deu o nome do comboio que a transportou para uma nova etapa: “Empire Builder”. Afinal, foi a chave da mudança.

Acompanhada em estúdio por Peter Broderick, Dave Dapper (Death Cab For Cutie) Nate Query (The Decemberists) e Dan Hunt (Neko Case), Laura Gibson gravou aquele que é apontado pela maioria da crítica especializada como o seu melhor álbum até à data. Imerso nas suas doces vocalizações e na subtileza dos arranjos proporcionados por um contagiante Broderick (que tem agendado concerto Misty para o próximo novembro – aqui), “Empire Builder” é um momento de não só de memórias, de deixar livres as emoções, mas igualmente de recomeço no percurso da cantautora norte-americana. E, para nós, certamente, uma filosófica catarse de Aristoteles, purificando os ouvidos.

Agendado está o concerto para o dia 16 de setembro, pelas 22h00, no CAV – Centro de Artes Visuais em Coimbra. Laura Gibson traz consigo o seu mais recente trabalho, num concerto que será revelador do seu novo percurso e da sua afirmação como uma das mais acarinhadas cantautoras norte-americanas, da atualidade.

A tomar nota. A não perder. •

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© Fotografia: Laura Gibson, “Empire Builder” Digital Album Cover.

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