Lazy Sessions / Jardim das Virtudes

Após duas sessões repletas de público, com as escolhas de Álvaro Costa e Adolfo Luxúria Canibal, as Jameson Lazy Sessions estão a postos para animar mais tardes de sábado no Jardim das Virtudes, no Porto. Tardes que prometem continuar a ser inesquecíveis.

O Jardim das Virtudes localiza-se no centro histórico do Porto, um jardim que se desenvolve em socalcos pelo vale onde corria o Rio Frio, um ribeiro hoje totalmente submerso e que desaguava nos areais de Miragaia, no local onde se construiu o edifício da Alfândega Nova. Recentemente remodelado, o jardim proporciona uma deslumbrante vista panorâmica sobre o rio Douro, possuindo no seu interior o Chafariz das Virtudes, monumento nacional. O acesso é feito pelo passeio e calçada das Virtudes, nas traseiras do Palácio da Justiça. O espaço único e obrigatório conhecer.


© Lazy Sessions, José Bacelar

Com a chegada do verão regressam, a este belo jardim, as Jameson Lazy Sessions no já se tornou num dos mais apetecidos eventos do Porto, palco de concertos e Djing, um evento aberto a todos e de todas as idades que promete voltar a animar a cidade e a dar-lhe alguma da melhor mú- sica que se faz por aí. As primeiras edições revelaram-se um êxito incontestável e pretendem continuar a crescer de forma sustentada e trazendo este ano uma novidade: ao longo das oito sessões, igual número de curadores bem conhecidos do panorama musical português selecionam projetos ao quais nos convidam a estar atentos.

Com um número total de oito eventos, de o2 de julho a 03 de setembro de 2016, haverá Dj Set das 15h00 às 20h00; concertos às 16h00 e 18h00; com encerramento agendado para 20h00. Aberto a todo o público individual e/ou agregados familiares. Não fique em casa! Eis o que se avizinha neste Jardim das Virtudes:

16/07 – Curador: Plano B; Concertos: Duquesa e Lasers; Dj: Phillips & Justamine + Pixel82.
Nuno Rodrigues (Duquesa), o trabalho de estreia do também vocalista dos Glockenwise é soalheiro e apropriado para os dias pródigos em evasão. A inspiração bebe-a das melodias da música pop clássica e explora, no seu modo, a sensibilidade e a folia juvenil, ancorando-se nas suas raízes barcelenses.
Lasers é o projeto de electrónica/beats do portuense João Lobato, caracterizado pelo uso marcado de micro-sampling, batidas fortes e linhas etéreas de sintetizadores. Em 2012, no EP homónimo, pegou em samples, linhas de sintetizadores e batidas fragmentadas de dubstep, hip hop e outros estilos, suavizando-os e fazendo-os deslizar em ondas de electrónica orgânica e luzidia, com melodias que fazem lembrar Gold Panda, Shigeto ou Toro y Moi. Ao vivo faz-se acompanhar de visuais dinâmicos que funcionam como feedback da performance musical.

30/07 – Curador: Salgado (Maus Hábitos); Concertos: Birds are Indie e Old Jerusalem; Dj: Bent.
Trio de Coimbra, verdadeiramente indie, que depois de alguns EPs teve um tema do disco “How Music Fits Our Silence” incluído nos Novos Talentos FNAC, no ido ano de 2012. Mais recentemente, firmou-se junto do público e da crítica com dois álbuns onde a evolução sonora é clara – “Love Is Not Enough” (2014) e “Let’s Pretend The World Has Stopped” (2016). Em Portugal e Espanha encontram os seus palcos e continuam a ser um projecto absolutamente descomprometido onde o mais importante persiste: o amor e uma pop depurada de artificialismos.
Depois de um período de interregno desde o último álbum homónimo, Old Jerusalem regressa às edições com “A rose is a rose is a rose”, sexto LP do projeto. Por contraponto ao anterior “Old Jerusalem” (2011), integralmente composto e intepretado por Francisco Silva, “A rose is a rose is a rose” retoma a colaboração com outros músicos, destacando-se o trabalho desenvolvido com Filipe Melo, responsável pelo piano e arranjos de cordas, e um verdadeiro e empenhado cúmplice na delineação do rumo estético deste trabalho.
Juntando à prestação de fiéis colaboradores (como o produtor Paulo Miranda e o baterista Pedro Oliveira) os contributos de músicos e técnicos que trabalham pela primeira vez em disco com o projeto: o já mencionado Filipe Melo, Nelson Cascais – contrabaixo, as colaborações pontuais de Petra Pais e Luís Ferreira, dos Nobody’s Bizness, na voz e guitarras, respectivamente, o quarteto de cordas de Ana Pereira, Ana Filipa Serrão, Joana Cipriano e Ana Cláudia Serrão.

06/08 – Curador: Bezegol; Concertos: J-RO + AFU-RA; Dj: Rude Bwoy Sound + Slimcutz.
James Robinson, a.k.a. J-Ro, é um artista de hip hop e ex-membro do Tha Alkaholiks e um convidado regular da Rádio de Combate. Artista de hip hop norte-americano, este MC de Brooklyn conta com cinco álbuns de sucesso. As digressões têm deslumbrado multidões com a sua performance enérgica e divertida, contribuindo para desenvolver e manter uma extensa base de fãs.
Afu-Ra é membro da Gangstarr Foundation e trabalhou numa série de êxitos com o Dj Premier e entre outros produtores e artistas. O início da sua carreira foi impulsionado por uma elogiada performance nos dois primeiros álbuns de Jeru the Damaja. O trabalho de Afu-Ra continuou em sentido ascendente, com uma impressionável lista de de temas com artistas como Big Daddy Kane, Cocoa Brovaz, Sean Price, PF Cuttin, Masta Killa, Teena Marie, Ky-Mani Marley, Sian Super Crew, DJ Tomeek, Gentleman, Les Nubians, Easy Moe Bee, The Beatminerz, Vinnie Paz, True Master e muitos outros. Em 2015 lançou o seu quinto álbum, “The Master Chef”.

13/08 – Curador: The Legendary Tigerman; Concertos: The Quartet of Whoa!+ Ghost Hunt; Dj: The Legendary Tigerman + A Boy Named Sue.
Uma das boas surpresas da música portuguesa dos últimos anos: The Quartet of Woah!. Quatro músicos oriundos de anteriores formações rock que se juntaram para um projeto com inspiração no rock psicadélico e progressivo dos anos 1970, ao qual juntaram ritmos stoner rock. O resultado musical desta mescla curiosa, com o álbum de estreia recentemente editado, “Ultrabomb”, a ser já um disco elogiado na imprensa especializada. Por estes e mais motivos, os The Quartet of Woah! são já uma revelações do rock nacional e poderão afirmar-se cá dentro e lá fora. O videoclip “U Turn” serve de comprovativo da garra da banda.
Ao apoderar-se da tripla herança guitarra-sintetizadores, Ghost Hunt é ruído feito com muitas máquinas, meticulosamente combinadas. Com Pedro Chau a servir linhas de baixo muito tensas e ásperas, Pedro Oliveira instala em palco um estúdio de som. Para um ouvinte com carinho por etiquetas, a primeira referência a que se pode associar Ghost Hunt é a bandas como Kraftwerk, Harmonia, Cluster, Neu! A razão é menos estética do que operativa: há no modo de tocarem uma grande afinidade pelas técnicas de assemblage da geração do Krautrock. Temos de fazer marcha atrás por muito daquilo que os formou, acima de tudo a música dos anos 1980: o som “shoegazer”, a techno de Detroit, o acid, o electro industrial, o synthpop, e, lá mais para trás, o punk, o rock psicadélico, o garage rock. É uma fábrica de sons vivos.

27/08 – Curador: Lovers & Lollypops; Concertos: Glockenwise + Surma; Dj: Lovers & Lollypops Sound System.
Glockenwise, o quarteto de Barcelos que “costuma ter um efeito semelhante, imediato, electricidade e urgência a atravessar os invisíveis, fotões a colorir a sala cheia de gente disposta a aproveitar o berro da lâmpada que já ameaça fundir”, André Simão (Dear Telephone / La La La Ressonance). Banda que leva ao Porto o seu novo trabalho de originais e promete um concerto para não esquecer.
Débora Umbelino, a.k.a. Surma, tem 21 anos e chega de Leiria e o seu mundo sonoro vem de locais bem mais exóticos. Projeto one-woman-band onde domina teclas, samplers, cordas, vozes e loop stations em sonoridades que fogem do jazz para o post-rock, da electrónica para o noise e nos levam para paragens mais ou menos incertas, com paisagens desconhecidas e a vontade de viajar. Os últimos quatro anos foram passados entre módulos de voz e contrabaixo no Hot Clube de Portugal e o início de um curso de pós-produção audiovisual. Os últimos quatro meses foram passados na estrada em mais de 30 concertos a solo, entre Portugal e Espanha, com um curto interregno para gravar este seu primeiro tema, “Maasai”. O seu primeiro disco sairá no próximo inverno.

03/09 – Curador: Pedro Tenreiro Dinamyte Records; Concertos: Oliveira Trio + Nuno Riviera; Dj: Pedro Tenreiro
Um dos projectos surgidos da cessação de Os Tornados, que tanto tem contribuído para a dinamização da cena retro portuense, Oliveira Trio é composto por Marco Oliveira (orgão), Manel Oliveira (baixo) e Nuno Riviera (bateria e produção). Estrearam-se em disco com um single de sete polegadas, praticamente esgotado, na “sua” Discos Dinamite!, com duas fatias do mais exótico órgão, que deram nas vistas um pouco por toda a Europa, foram aposta da Jazzman Records e lhes valeram o convite para participar na edição de 2015 do Purple Weekend, um dos mais prestigiados eventos de puro Rock’n’Roll da vizinha Espanha.
Nuno Riviera produtor de serviço dos Discos Dinamite! tem um longo cadastro. Motor criativo de Os Tornados, tem o mais visceral Rock’n’Roll a correr-lhe pelas veias e não consegue estar parado. Tem vindo a construir o seu estúdio o mais analógico possível. Fundou os T.T. Syndicate, com quem editou três singles explosivos e tem arrasado palcos por cá e lá. Produziu os Oliveira Trio que estariam génese dos Discos Dinamite! E ajudou alguns dos seus parceiros de Os Tornados a darem corpo aos Lola Lola. Entretanto, prepara-se para se estrear em nome próprio.


© Lazy Sessions, José Bacelar

As Lazy Sessions estão de ‘portas abertas’ entre as 15h00 e as 20h00 e a entrada é livre. Aos sábados, se andar pela cidade Invicta, seja dono da virtude de saber passar bem uma tarde verão num jardim ímpar, com música singular.

A tomar nota, a ir. •

+ Jameson Lazy Sessions

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