Em Coimbra, o mês de novembro terá o seu início marcado por uma noite marcada pela sua Canção, no grande auditório do Convento de São Francisco. Será a primeira Grande Noite do Fado e da Canção de Coimbra.
Co-organizado pela Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra e pela Câmara Municipal de Coimbra, na próxima noite de sexta-feira, dia 04 de novembro pelas 21h30, será apresentado, por um lado, o Fado de Coimbra na sua pureza original, com o grupo Insígnia Secção de Fado da AAC e a Escola de Fado dos Antigos Orfeonistas; o Fado ao Centro a interpretar temas clássicos com que tem brindado os palcos internacionais (eles que têm já no seu curriculum vários palcos internacionais, de peso), que vão desde as origens do Fado Hilário até aos dias de hoje. A restantes propostas assumem várias tendências, desde os arranjos de fados e baladas para o Coro, com vários acompanhamentos instrumentais até aos novos grupos que assumem a irreverência de novos arranjos e inclusão de novos instrumentos e novas sonoridades, como os grupos Cordis, Ricardo Dias Ensemble e o António Ataíde e os Impuros. O espetáculo dividir-se-á em duas partes:
1.ª parte com:
Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (AAC)
Escola de Fado dos Antigos Orfeonistas
Fado ao Centro
2.ª parte com:
Cordis
António Ataíde e os Impuros
Ricardo Dias Ensemble
Coro dos Antigos Orfeonistas

© Fado ao Centro
Numa pequena suma, os grupos presentes:
Cordis (piano & guitarra portuguesa) – Nasceu em Coimbra, em 2005, depois de longas e entusiasmantes experiências com o piano de Paulo Figueiredo e a guitarra portuguesa (de Coimbra) de Bruno Costa, mesclando a tradição clássica e jazzística do primeiro com a herança musical do fado de Coimbra do segundo. Em 2008, este projeto é apresentado ao público num primeiro CD, “CORDIS piano & guitarra portuguesa”, com versões de peças de reconhecidos compositores para Guitarra de Coimbra, como Artur e Carlos Paredes. Em 2011 editam “CORDIS 2” integrando, desta vez, diversos músicos convidados que enriqueceram o universo sonoro do CORDIS. O ano de 2013 viu nascer um pack triplo com um concerto ao vivo em DVD e os dois primeiros CD’s reeditados. Terminado este ciclo, Paulo Figueiredo e Bruno Costa dedicaram todo o seu tempo, esforço e alma à composição de um conjunto de peças totalmente originais que integram o novo CD “Terceiro”, lançado em finais de 2015, com o registo quente e envolvente de um certo “regresso às origens” do piano e da guitarra portuguesa do CORDIS.
Insignia, Grupo da Secção de Fado da AAC – Grupo oficial da Secção de Fado da AAC, composto por estudantes de diversos cursos da Universidade de Coimbra (UC). O nome reflecte a importância da Canção de Coimbra como elemento integrado na Tradição Académica assim como a ambição de, através da interpretação fiel à versão original, preservar, cultivar e sobretudo divulgar pelo país e além fronteiras este singular género musical. Formado em 2014 pelas vozes de Manuel Pinheiro, Ricardo Rodrigues e Arturo Lopez, pelas guitarras de Coimbra de Miguel Rodrigues e Francisco Coroa e viola de Pedro Selas, o grupo já conta com diversas actuações em Serenatas de estudantes, tendo participado recentemente na Serenata Monumental da Queima das Fitas e na Serenata da Festa das Latas e Imposição das Insígnias.

© Ricardo Dias Ensemble
Escola de Fado dos Antigos Orfeonistas – Esta escola surge na sequência de um protocolo celebrado entre a Câmara Municipal de Coimbra e o Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, no sentido de continuar o trabalho desenvolvido pelas antigas Escolas de Música do Chiado, dedicadas inteiramente ao ensino da Canção de Coimbra. Com o passar dos tempos, o leque de oferta educativa foi aumentando e neste momento a escola está voltada para os mais diversos públicos-alvo, beneficiando ainda da divulgação e interação dos seus seguidores nas redes sociais.
Apresenta-se na I Grande Noite do Fado e da Canção de Coimbra por intermédio dos seus professores Diogo Passos (Guitarra Clássica), Nuno Silva (Voz) e Ricardo Dias (Guitarra Portuguesa).
Fado ao Centro – Nas bem compassadas palavras dos músicos, “O nosso amor pelo fado é tão grande que é nosso desejo partilhá-lo com todos, sejam os nossos companheiros da música e da academia, admiradores próximos que se permitem ser transportados pelas emoções que as nossas canções lhes despertam, mas também por visitantes curiosos da nossa cidade, que podem nunca ter ouvido falar do fado de Coimbra. (…). O Fado Ao Centro nasceu para ser garante e âncora desta tradição com raízes fundas e sólidas, dando-lhe a forma presente e anunciando um futuro a haver. No espetáculo que os seus músicos propõem, está toda esta tradição, mas está também o presente e o futuro da alma coimbrã, única e sem tempo.”

© António Ataíde e os Impuros
Ricardo Dias Ensemble – Os músicos que compõem o RDE assumem a difícil tarefa de renovar o Fado e a Canção de Coimbra. Recusam obedecer à tradição, experimentam outras sonoridades, introduzem novos instrumentos e apostam na leveza e na sensualidade de um género musical tão enraizado na cultura portuguesa. Ricardo J. Dias (piano) é diretor musical e um produtor várias vezes premiado com o galardão ‘José Afonso’, e autor, compositor e companhia frequente de alguns dos nomes maiores da música portuguesa. Ricardo Dias (guitarrista) é um dos expoentes máximos da guitarra de Coimbra e compositor de vários temas. Bernardo Moreira é uma referência incontornável do jazz europeu. Ni Ferreirinha tem um papel determinante no desenvolvimento do Fado e acompanhou quase todos os cantores e guitarristas de Coimbra. José Vilhena é a voz ímpar e emocional que dá corpo a este projeto em tudo diferente. Em outubro de 2014 o grupo lançou internacionalmente o CD denominado “Coimbra-Fado”, tendo sido o principal argumento para a nomeação na categoria de “melhor grupo” nos SONGLINES MUSIC AWARDS 2015 – Prémio internacional da prestigiada revista de World Music, que se destina a celebrar e reconhecer o talento musical em todo o mundo, consoante os álbuns lançados. Durante a sua curta existência subiram vários palcos dos quais se destaca o Caixa Alfama 2015.
António Ataíde e os Impuros – Projeto em que a Canção de Coimbra se funde com outros géneros musicais. “A ‘impureza’ surge como símbolo de liberdade e tolerância musical. Nele podemos viajar na diversidade musical universal nunca abdicando das suas origens. Tanto nos temas rearranjados, como nos temas originais podemos escutar músicas de outros mundos… ‘São apenas temas de uma Canção diferente…’“.

© Coro dos Antigos Orfeonistas
Coro dos Antigos Orfeonistas – Constituído por antigos estudantes da Universidade de Coimbra, o Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra foi criado com o intuito de promover e difundir o gosto pela arte musical/coral, fomentar iniciativas de carácter filantrópico, prestando a sua colaboração a instituições de reconhecido interesse humanista/social e, bem assim, fazer reviver os Ideais de Fraternidade, de Tolerância e de Solidariedade que, ao longo de gerações, marcaram, de forma algo peculiar, a Academia de Coimbra. Apresentou-se pela primeira vez em Dezembro de 1980, por ocasião das comemorações do centenário do Orfeon Académico de Coimbra – onde o Coro foi buscar as suas raízes institucionais – e, desde então, realizou várias centenas de concertos em Portugal e no estrangeiro, tendo percorrido numerosos Países em praticamente todos os Continentes (Europa, Américas – do Norte e do Sul –, África e Oriente). Destacam-se, pela sua importância institucional, os concertos nas Sedes de Organizações Internacionais, nomeadamente, o Parlamento Europeu, o Tribunal das Comunidades Europeias, a Comissão Europeia, a UNESCO e a ONU. Ao longo dos anos, o CAO tem realizado ainda inúmeros concertos e colaborações com artistas Nacionais e Internacionais de renome, tais como José Carreras, Simone, Rui Veloso, Luís Represas, Sara Tavares, Nuno Guerreiro, Carlos Guilherme, André Sardet, Vitorino e Janita Salomé, Cristina Branco, Jorge Palma, Mariza, Ivan Lins, Carlos do Carmo e Carminho.. Agraciado com o grau de Membro Honorário da Ordem de Mérito por Sua Excelência o Presidente da República Dr. Mário Soares (1996), o Coro possui ainda a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura (1995), a Medalha de Mérito Cultural da Câmara de Coimbra (2000), a Medalha de Mérito Honorifica da Universidade de Coimbra (2007), a Medalha de Prata (1987) e a Taça (2005) do Parlamento Europeu – entre tantos outros merecidos prémios e reconhecimentos. É, ainda, Sócio Correspondente da Academia Pernambucana de Música/Recife (1993) e “Amigo Honorário” da Fundação Bissaya Barreto (1997). Mas um dos troféus de que mais se orgulha é da referência que fez ao Coro Sua Santidade o Papa João Paulo II, quando a ele se dirigiu após uma atuação no Vaticano (1996): “Dos anjos diz-se que cantam no Céu. Nós andamos a ensaiar na Terra para cantar um dia com eles no Céu. Mas um pouco do Céu já se ouve quando vós cantais”. É dirigido, desde 2003, pelo Maestro Virgílio Caseiro, Comendador da Ordem de Santiago de Espada pelo seu mérito artístico e pedagógico.
Desde a sua fundação, o CAO tem gravado diversos álbuns, a solo ou em colaboração com outras entidades. Além de um LP, em 1985, o Coro gravou um DVD e 4 CD’s: em 1994, um CD de música diversa; em 1995, o segundo, de composições de Adriano Correia de Oliveira, José Afonso e José Niza, com acompanhamento da London Philharmonic Orchestra e arranjos orquestrais e corais dos maestros José Calvário e Augusto Mesquita; em 1998, um outro (“Alleluya”), de Música Sacra de diferentes épocas e origens; ao vivo, em 2001, o concerto com que o Coro encerrou as comemorações dos seus 20 Anos, no Centro Cultural de Belém, acompanhado pela Orquestra do Norte; em 2005, o DVD “O Barbeiro de Sevilha”, em nova colaboração com a Orquestra do Norte, com o Teatro São Carlos e encenação de Carlos Avillez; em 2008, o “Cantar Coimbra 2”, em parceria com a Orquestra Clássica de Coimbra. Ainda em 2008, o CD “100 Anos de Fado de Coimbra”, por parte do Grupo de Fados do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, com parte da receita a reverter para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. No ano de 2015 o Coro comemora o seu 35º aniversário com uma Gala cujas receitas reverteram para a Plataforma de Apoio aos Estudantes Sírios, dirigida pelo ex-Presidente da Republica, Dr. Jorge Sampaio. Se nunca ouviu este Coro… não sabe o que anda a perder.
Uma noite que se crê que seja para ficar na memória. Uma noite a não perder, em Coimbra. I Grande Noite do Fado e da Canção de Coimbra dia 04 de novembro, pelas 21h30. Alinha? •
+ I Grande Noite do Fado e da Canção de Coimbra
© Fotografia de destaque: Cordis.
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