A curiosidade em relação aos vinhos vem dos tempos de criança, em que acompanhava o pai às adegas, local de culto, com um ritual muito próprio entre os homens da terra, e que se mantém na memória até hoje. Na passagem para a idade adulta, inicia os estudos superiores em engenharia agrónoma na Universidade de Évora. Lisboa é o próximo destino para um estágio em microbiologia do vinho. E porque o caminho faz-se caminhando, obtém uma pós-gradução e embarca numa viagem pelo mundo. Regressa à Universidade de Évora para dar aulas e inicia a consultoria na área da vitivinicultura. Em 1999 funda a empresa com a família, a Paulo Laureano Vinus e, em 2003, dedica-se em exclusivo à velha paixão: os néctares de Baco. Uma paixão com identidade para Paulo Laureano, alentejano de gema e um dos mais conceituados enólogos portugueses.
Em 2006 descobre um terroir na Vidigueira que elege como fundamental para a produção de um bom néctar dos deuses, graças aos fatores que determinam a origem: “o solo, o clima e um conjunto de castas que tornam o sabor ótimo. Ao contrário da paisagem branda do Alentejo, na Vidigueira há um triângulo composto por pequenas colinas, com solos de xisto e uma coleção de castas que só existem naquele local e fazem com que a produção de vinho dali seja única. Tem o que um produtor de vinho procura que é um sítio com identidade própria.”
Afirmar a consistência do terroir da Vidigueira dentro e fora de portas é um enorme desafio para Paulo Laureano, que vê nas castas nacionais uma aposta forte. Orgulho manifestado sem reservas, mesmo quando fala sobre Bucelas. “Uma região extraordinária cujo conceito é semelhante ao da Vidigueira, pois apresenta solos únicos – são magnas calcárias – e umas vinhas excecionais em vales protegidos do mar. Uma região diferenciada, que produz apenas vinhos brancos com determinação de origem controlada (D.O.C.) e possui duas castas excelentes: Arinto, mais conhecida, a Esgana Cão. Esta última, apesar de ser tão ácida, consegue fazer vinhos com um perfil aromático multifacetado e não muito forte. Mas a produção de vinho requer paciência. Espero que tornem a olhar para Bucelas como uma região única, um potencial tão grande que temos às portas de Lisboa.”
E como tudo tem uma história… “O melhor vinho tem a melhor história. Por isso, passo muito tempo da minha vida a viajar pelo mundo a contar a história da Vidigueira, das minhas castas e da minha paixão pelo vinho.” Além da vertente profissional, as consultorias de Paulo Laureano abordam o lado emocional, como o que acontece com o L’AND Vineyards, em Montemor o Novo, no Alentejo, e cujo cerne do conceito é o vinho.
Queremos que as pessoas tirem o máximo do prazer do vinho e se divirtam com o vinho.
Objetivo cumprido graças à vinha central cujas parcelas são distribuídas pelos proprietários de cada moradia, que detém duas das três castas seguintes: Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Touriga Franca. A finalidade consiste em incentivar cada pessoa a “construir” o seu vinho feito a partir das suas castas ou das castas do vizinho. O processo de produção fica a cargo do L’AND Vineyards, sob o olhar atento da diretora de enologia Patrícia Baptista, e de Paulo Laureano, que traça as diretrizes em relação ao desenho e à produção dos vinhos. Incentivamos as pessoas a participar nas vindimas, a vir à adega, a provar os vinhos… Explicamos-lhes como fazemos os lotes, o porquê das percentagens de castas usadas e da junção de uma casta com outra. Se quiserem ter o seu rótulo, podem fazê-lo, e pedir a certificação ou constituírem-se produtores… Nós resolvemos a parte mais complicada. •
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© Fotografia: João Pedro Rato