Diogo Pinto, correção, Gobi Bear , tem álbum no ar, a soar. “Inorganic Heartbeats & Bad Decisions” é o primeiro álbum de longa duração deste one band boy. Vimaranense, rapaz de voz bem doce que deixa que ela, a voz, corra ao sabor dos acordes dos instrumentos, contudo, sem deixar que ela esteja num segundo plano. Instrumento e voz sempre na sonoridade equilibrada. São 13 músicas, não há tempo para medos de azares, que se ouvem em continuo, sem travar. Tudo começa com “Joanna“, som onde eletrónica domina e nos transporta para sonoridades muito atuais da música nacional, para chegarmos a “Eli/Abel” onde o instrumental se assume protagonista e a voz é também um instrumento que cria ritmo próprio. “Wooden Toys” esboça-nos um sorriso inevitável com ritmo marcado que, de certa forma, nos leva a memórias lá longe, de pequenos; em “Men-like Clouds” a surpresa de sobreposição de vozes encaixadas em musicalidade simples que funciona tão bem. “Eels” leva-nos para “1992” que se revela colheita de bom som, um dedilhar que nos prende num arranjo ali, definido, que às vezes se torna mais claro. “Animals“, mais calma com a voz no leme, e… “Scarecrow in the Rain” instrumental com arranque bem conseguido e voz que surge a meio caminho e guitarra no fim, “November” é viagem nos guia para mais três músicas, que se mantêm no arranjo musical definido desde o início: “Certainty is not Word“, “I Can’t Be Found” e “A Thousand Light Bulbs” – guitarra e percussão assumidas, eletrónica como maestro, para fechar com uma serena “Monica II” que, a acompanhar a voz que é som de marca de Gobi Bear, tem uma percussão que não a deixa ser embalo, mas sim uma suave melodia ritmada e… a surpresa da guitarra que a meio visita, quando a voz, que em todo o álbum é ponto bem positivo, ganha mais corpo, um bom fecho. No todo, um álbum com estilo definido de sonoridades bem atuais, a par do que de bom se tem feito na música nacional. A ouvir, a descobrir aqui .
Álbum com o selo Murmurio Records e Ilustração de Luís Belo . •