Primeiras palavras que ocorrem após audição, sem pausas, do novo álbum dos inigualáveis Dead Combo: o nome devia ser A Bunch of Malandros… de insignes malandros que nos conquistam, sempre, a cada novo álbum.
O duo Tó Trips (guitarrista) e Pedro Gonçalves (multi-instrumentista), depois das festividades de 2013, ano em que celebraram 10 anos de Dead Combo, transporta-nos em 2014 para um mui admirável mundo novo, de uma Lisboa boémia carregada de personagens imaginados, de estórias encenadas e sons de noites difusas.
O abrir das musicalidades é com um passo seguro, constante, enquanto se espera a sós pelo Nick no Rick, é o “Waiting for Nick at Rick’s Café” que toca como um ritmo de aquecimento para uma dança, em novos cenários, de uma Buenos Aires reinventada com novo travo, hoje numa viela em Lisboa, a meia-luz. Assim se arranca para o exercício de 13 músicas, todas saídas da pena de Tó Trips e Pedro Gonçalves. Seguimos com “Povo Que Cais Descalço” e “Arraia” que abre o álbum para ritmos mais aligeirados não fora esta composição o transporte para o universo de “Miúdas e Motas“, you boys… E “Waits“, sem Tom e sem hesitar, que se diga que não é preciso o nome da música para sabermos que nela vive e canta a alma do imenso Tom Waits. A música conduz-nos para um mundo do Mr. Waits onde a sua voz grave e melodias estão no ritmo, nas escalas, em cada detalhe desta composição, tão originalmente boa. Sem nunca descer a bitola chega “Zoe Llorando” e que se sinta mais quando o acústico dança, quando a melodia destes Meninos nos faz perder de amores pela doce e quente melancolia, nos leva em memórias de balanços suaves idos, de corações perdidos, música simplesmente bela e o embalo, a preceito tão bem feito, segue em “B.Leza“, com maior carga instrumental, sem perder o minimalismo de Zoe, e ainda nos fazendo querer envolver mais numa dança carregada de sensualidade ímpar. A “Dona Emília” e sua “B.Leza” terminam com calma de Zoe e metem um novo ritmo forte à festa, que Lisboa é também feita de ritmos elétricos acelerados e não tão pegados. Somos chegados à música que dá nome ao álbum, “A Bunch Of Meninos“. O título é genial, cola-se a nós, fica tatuado na memória visual; a música prende na imagem exata do que pode ser um bunch de malandros de qualidade suprema na música, que a cada álbum somam e seguem em doses generosas, nas sonoridades. “Dos Rios“, “Welcome Simone” e “Mr. Snowden’s Dream” consolidam o nível deste trabalho a caminho do final e… oh boys, “Hawai em Chelas“. Que se vistam as camisas de palmeiras, que se calcem uns chinelos que o Havai fica aqui, em Portugal, e é tão bom. A despedida que é a chegada a um destino surpreendente criado por dois músicos de alma cheia e mais, e com todo o respeito por um dos Meninos, é uma trip (usar slang com boas intenções fica bem) este novo trabalho onde a riqueza e complexidade da composição, dos instrumentos e da interpretação criaram um novo universo Comboniano, díspar dos anteriores, contudo bem fiel e leal à identidade que a cada novo minuto, de cada nova sonoridade bem dedilhada, nos cativa, uma vez mais.
O quinto álbum dos Dead Combo, gravado em setembro de 2013 nos Atlantic Blue Studios, foi produzido pela banda e por Hélder Nelson, contando com as participações especiais de Alexandre Frazão – bateria e percussão – e António Sérginho – percussão. (Muito) bons sons nacionais. E porque os palcos são a casa deste duo recordamos datas de concerto:
21/03 – Coliseu dos Recreio, Lisboa;
22/03 – Teatro Aveirense, Aveiro;
29/03 – Escola de Artes e Ofícios, Ovar;
03/04 – Oficina Municipal do Teatro, Coimbra;
05/04 – Centro de Artes e Espectáculos, Portalegre;
10/05 – Teatro Faialense, Horta/ Açores;
17/05 – Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barreiro;
22/05 – Teatro Garcia de Resende, Évora;
23/05 – Teatro Municipal, Faro;
05/06 – Teatro José Lúcio da Silva, Leiria;
07/06 – Theatro Circo, Braga.
Tome nota e… obrigatório ir! •
+ Dead Combo
© Vídeo: Dead Combo.
© Fotografia: Pauliana Valente Pimentel .
© Imagem de capa: Dead Combo, do vídeo “A Bunch of Malandros“.