Festivais de Gil Vicente / CCVF

Todos os anos, como já é tradição em Guimarães, o mês de junho é o mês do teatro. É o mês do festival da cidade, batizado com o nome do pai do teatro português, que já conta com 27 anos de existência. Serão duas semanas de programação, com o que de melhor se faz em teatro.

Os Festivais Gil Vicente oferecem, este ano, um programa que promete chegar a vários públicos, brindando-os com o melhor do contemporâneo. Haverá teatro para todos os gostos: os intemporais textos clássicos, as companhias irreverentes de personalidade forte, os textos contemporâneos dos melhores dramaturgos do nosso tempo. Serão duas semanas em que Guimarães mergulha no teatro, num ano em que os Festivais se estendem a toda a cidade tendo como palco não só o Centro Cultural Vila Flor, mas também a Black Box da Plataforma das Artes e da Criatividade, e a Black Box da Fábrica ASA.

O festival abre no dia 5 de junho, às 22h00, na Black Box da Fábrica ASA, com um grande texto de Shakespeare, trazido pelos galegos da Voadora: “A Tempestade”. História sobre vingança, mas também amor; história de conspirações oportunistas que contrapõe os instintos animais que habitam o homem à figura etérea, espiritualizada pelas aspirações humanas, como o desejo de liberdade e a lealdade, tudo com grande dose de magia.

Na noite seguinte, 6 de junho, às 22h00, é a vez da Black Box da Plataforma das Artes e da Criatividade acolher o espetáculo “OZZZZZ”, de Alfredo Martins, uma peça musical em que o clássico “Feiticeiro de Oz” aparece em contexto contemporâneo. Num tempo como o nosso, em que as distâncias se encurtam pela tecnologia e pela facilidade em nos deslocarmos, aparece aqui em perspetiva a frase mais emblemática do clássico: “There’s no place like home”, peça que aborda o conceito que temos de “casa”.

“A Tempestade” © Tamara de la Fuente

Sábado, 07 de junho, a Black Box da Fábrica ASA volta a ser palco privilegiado para acolher a peça “Trahisons”, com texto original de Harold Pinter, Prémio Nobel da Literatura 2005. O espetáculo vem com produção da companhia belga tg STAN, tem uma estrutura dramática invulgar, sendo contada em cronologia invertida, ou seja, a peça começa no fim e desenrola-se para o início. Escrita em 1978 e baseada na experiência de vida do próprio autor, “Trahisons” fala sobre o adultério e explora, com o brilhantismo da escrita de Pinter, os efeitos demolidores da mentira na vida das personagens.

Na semana seguinte, é a vez do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor receber os Festivais Gil Vicente. No dia 12 de junho, às 22h00, outro grande clássico sobe ao palco: “Tartufo”. Uma das mais famosas comédias de Molière chega a Guimarães pela mão da Companhia de Teatro de Almada. A obra genial é dirigida pelo encenador Rogério de Carvalho e trata temas sempre atuais como o oportunismo, o individualismo e a hipocrisia.

Sexta-feira, 13 de junho, às 22h00, no Pequeno Auditório do Centro Cultural Vila Flor é apresentado um texto de um grande dramaturgo contemporâneo: “Demónios”, de Lars Norén, com encenação de Nuno Cardoso, e produção da companhia Ao Cabo Teatro. Quatro personagens, dois casais que se vão cruzar e vão perceber que os pequenos dramas do dia a dia escondem algo maior. O desenrolar da trama vai fazer com que todos se confrontem não só com os seus demónios mas também com os dos outros, estando maior demónio de todos a espreitar a cada esquina da história: a solidão.

A fechar os Festivais Gil Vicente, subirá ao palco a peça “Na Solidão dos Campos de Algodão”, do Teatro Oficina numa coprodução com a companhia Útero. A Black Box da Fábrica ASA é o local perfeito para acolher este espetáculo que vai estar em cena nos dias 14 e 15 de junho, às 22h00 e 17h00 respetivamente. Obra escrita pelo dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès e encenada por Rogério de Carvalho. Como o título sugere, a solidão está presente neste texto. A solidão que lança dois homens numa noite em que cada um tem as suas motivações, apesar de as mesmas nunca serem claras.

“OZZZZZ” © Nuno Torres

Ao cartaz principal dos Festivais Gil Vicente, junta-se um conjunto de atividades paralelas que, este ano, com quem começa a dar passos na arte da representação.  Assim, nos dias 5 e 14 de junho, pelas 19h00, há “Rua Acima”, espetáculo da Turma de Iniciação Teatral do Teatro Oficina (Adultos), encenado por Emílio Gomes com texto de Pedro Bastos, que acontece num percurso desde a Rua D. Afonso Henriques culminando no CCVF. No dia 11, mais dois espetáculos na Black Box da Plataforma das Artes e da Criatividade. O primeiro, às 19h00, é “ADN”, espetáculo da Turma de Iniciação Teatral do Teatro Oficina (Adolescentes), de Dennis Kelly, com encenação de Diana Sá e Emílio Gomes. O segundo espetáculo, desta vez da Turma de Iniciação Teatral do Teatro Oficina (Adultos), a realizar-se às 22h00 no mesmo local, é “Sangue no Pescoço do Gato”, de Rainer Werner Fassbinder, com encenação de Diana Sá. Além das Turmas de Iniciação Teatral do Teatro Oficina foram também convidados a participar no Festival as turmas de Teatro da ESAD de Vigo, as turmas de Teatro da Universidade do Minho e os alunos do 3º ano do Curso de Teatro da Escola Profissional Balleteatro. No dia 12 de junho, às 19h00, a ESAD de Vigo traz à Black Box da Plataforma das Artes a peça “A State Affair (Unha Cuestión de estado)”, de Robin Soans, encenada por Delfina Miguélez-Val. No dia seguinte, 13 de junho, às 19h00, é a vez da Universidade do Minho subir ao palco da Black Box da Plataforma das Artes com o espetáculo “Estudos | Fragmentos | Tchékhov”. Por fim, o mesmo espaço acolhe no sábado, dia 14, às 16h00, os alunos do 3º ano do Curso de Teatro da Escola Profissional Balleteatro com a peça “Milli Vanilli”, escrita por Marcos Barbosa em parceria com os estudantes.

Por fim, ainda no âmbito dos Festivais Gil Vicente vai realizar-se um Workshop de Voz e Elocução com Luís Madureira, a acontecer entre os dias 11 a 13 de junho, entre as 10h00 e as 13h00 e visa ajudar os inscritos com exercícios técnicos tendo em vista a obtenção de postura correta, respiração eficiente, disponibilidade do órgão vocal para a fala e para o canto; leitura e análise de textos em prosa e/ou verso. Este workshop é dirigido a atores profissionais e/ou amadores e as inscrições deverão ser efetuadas até ao dia 05 de junho no site do Centro Cultural Vila Flor.

A ir, se por Guimarães estiver! •

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© Fotografia de destaque: “Tartufo”, Rui Carlos Mateus.