Amanhã, dia 31 de outubro, pelas 22h00, inaugura em Serralves a exposição “O Processo SAAL: Arquitetura e Participação, 1974-1976”.
Será a primeira exposição dedicada ao Serviço Ambulatório de Apoio Local – SAAL, a sigla que ficou na memória de muitos e obrigatória no universo da história da arquitetura, na sua memória construída. O SAAL, Serviço Ambulatório de Apoio Local foi um projeto arquitetónico e político criado poucos meses depois da revolução de 25 de Abril de 1974, numa tentativa de envolvimento da arquitetura com as necessidades das populações mais carenciadas segundo um processo participativo. Foi um projeto pioneiro na Europa do seu tempo e teve como principal impulsionador o arquiteto Nuno Portas, então Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo do 1º Governo Provisório de Portugal.
Através de maquetas, fotografias históricas, gravações sonoras, documentários e filmes de 8 e 16mm são apresentados 10 projetos exemplares do SAAL, distribuídos por contextos sociais e geográficos muito diversos e que tiveram soluções arquitetónicas também muito diferentes por parte das equipas de projetistas. Foi um verdadeiro laboratório de arquitetura, do exercício do desenho, da arquitetura como serviço público. A exposição é composta por maquetas de cada um dos projetos selecionados, fotografias da época (provenientes de coleções privadas ou cedidas pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra), filmes (alguns dos quais agora apresentados pela primeira vez), ficheiros sonoros com entrevistas a alguns dos protagonistas, documentação impressa e extractos de documentários. Portanto, uma aula de arquitetura viva a ter de ser vivida.
A exposição inclui ainda uma série de encomendas fotográficas realizadas pelos fotógrafos André Cepeda, José Pedro Cortes e Daniel Malhão que apresentam o estado atual de alguns dos projetos mais emblemáticos do SAAL – o ontem no hoje – e uma instalação da artista Ângela Ferreira, especialmente criada para a exposição e que lida com a memória histórica e política de um dos momentos mais marcantes para a sociedade e para a arquitetura portuguesas. Esta exposição é organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves em associação com o CCA, Canadian Center for Architecture, Montreal, Canadá, onde será apresentada de maio a setembro de 2015 e tem como curador Delfim Sardo.
Para os interessados, estão agendadas três visitas guiadas, com lotação de 30 pessoas – 02/11/2014, 12h00–13h00, por Ana vieira; 07/12/2014, 12h00–13h00, por Andreia Coutinho; 25/01/2015, 12h00–13h00, por Ana Vieira – e haverá também conversas nos Bairros do SAAL – Norte, concerto, performance, teatro, um colóquio… (ver programa completo no link abaixo). Tudo em torno deste processo que marcou e marca a arquitetura portuguesa.
Projetos SAAL em exposição:
Porto/
Bairro São Vítor (Arq.º Álvaro Siza Vieira).
Bairro Antas (Arq.º Pedro Ramalho).
Bairro Miragaia (Arq.º Fernando Távora, Arq.º Bernardo Ferrão e Arq.º Jorge Barros).
Bairro Leal (Arq.º Sérgio Fernandez).
Lisboa/
Bairro Curraleira – Embrechados (Arq.º José António Paradela e Arq.º Luís Gravata Filipe).
Bairro Quinta da Bela Flor (Arq.º Artur Rosa).
Bairro Bacalhau-Monte Côxo (Arq.º Manuel Vicente).
Bairro Quinta das Fonsecas ― Quinta da Calçada (Arq.º Raúl Hestnes).
Setúbal/
Bairro Casal da Figueira (Arq.º Gonçalo Byrne).
Algarve/
Bairro Meia-Praia-Apeadeiro, Lagos (Arq.º José Veloso).
A exposição estará patente até dia 1 de fevereiro de 2015 e é a não perder, por todos. É história, é arquitetura, é uma aula. A ir, em Serralves! •
