O Centro de Arte de Alcobendas (CAA) não deixa indiferente a nenhum visitante. É um espaço que se começa a traçar desde a entrada da periférica cidade de Madrid.
Chega-se facilmente de metro, mas quem viaja de carro começa a sentir o pulsar do CAA desde a grande avenida, com gigantes fotografias que nos prendem o olhar. O edifício do Centro de Arte é um projecto ousado, que foi inaugurado em 2010 e que põe em evidência uma forma de fazer política que até há pouco tempo construiu espaços expositivos sem limites de orçamento. E daí surge um edifício que é arquitetonicamente imponente, dinâmico e integrado num tecido urbano claustrofóbico definido pela construção do tijolo. Dentro, esquecemos o mundo exterior. Todos os espaços interiores estão cuidadosamente planificados para uma fruição visual intensa, dada a quantidade de cores que penetram pelos vidros recobertos por placas solares, como uma versão moderna dos vitrais. No grande hall recebe-nos uma obra residente de Alícia Martín, feita para este espaço expositivo, e a poucos metros encontramos uma fotografia de Pedro Barateiro, que dá as boas-vindas à exposição dos artistas portugueses.
Miguel Palma
A Colecção Navacerrada teve início há vinte anos e há dez introduziu a aquisição de artistas portugueses no seu acervo. Actualmente conta com cerca de quarenta nomes nacionais. Alguns são já consagrados, como Helena Almeida, José Pedro Croft ou Miguel Palma. Outros, são jovens artistas a quem chamam “geração 25 de Abril”. Estão presentes em maioria e conseguem recuperar de novo o lugar do espectador: o acto de ficar expectante, na observação, no descodificar da obra.
André Romão
A exposição divide-se em três salas. Duas grandes, em espaço aberto, que dividem a exposição em dois grandes blocos: uma primeira sala de conceito abstracto e conceptual; e outra que é mais figurativa e descritiva. A primeira sala enche-se de planos coloridos com pontuais registos tipográficos, seja pelas folhas prensadas de Fernanda Fragateiro ou pelas imagens descritas de João DECQ. Na segunda sala surge a fragilidade do ser humano, pela obra de Nuno Nunes-Ferreira, Carla Filipe ou Tiago Baptista. Há ainda uma terceira sala, que é escura e apresenta pinturas com iluminação direccionada, o que confere um ambiente sensorial diferente ao espectador.
Fernanda Fragateiro
A comissária para a exposição Mónica Álvarez Careaga reforça a ideia de que a colecção não é temática ou de tendência, mas sim de um reconhecimento que é feito ao trabalho dos artistas, ao acompanhar a sua evolução e compreender as suas contribuições. Refere em texto de catálogo que ”os artistas sentem-se legitimados para actuar em âmbitos criativos e críticos, para produzir novos discursos sobre todos os assuntos do seu interesse”. Estes propósitos refletem-se bem no conjunto das obras expostas.
O Centro de Arte de Alcobendas conta com mais uma sala de exposições, um auditório, uma mediateca e um acervo que se gera há 22 anos. Actualmente só fazem aquisições de obras fotográficas. Contam com a parceria de PhotoEspaña para diferentes níveis formativos em fotografia e aposta na divulgação da fotografia como arte contemporânea.
A exposição está presente até ao dia 5 de Dezembro de 2014.
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