Leonor Keil e Joana Providência levam ao palco do Teatro Municipal Maria Matos (MM) a sua dança numa peça que vai encantar os mais pequenos e graúdos também.
“Miraginava” é uma viagem ao curioso mundo das sombras, através do imaginário de Lourdes Castro e do seu trabalho centrado na sombra de plantas, pessoas ou objetos. Nesta peça em que o universo poético da artista visual se cruza, rasga e dilui no texto “Quando eu nasci“, de Isabel Minhós, o movimento, a música e as sombras fazem-nos descobrir e reinventar sabores, cheiros, sons e olhares num percurso que nos sugere memórias e sensações.
“Quando eu nasci nunca tinha visto nada.
Só um escuro, muito escuro, na barriga da minha mãe.
Quando eu nasci nunca tinha visto o sol, nem uma flor, nem uma cara.
Eu não conhecia ninguém, nem ninguém me conhecia a mim.
Quando eu nasci
não sabia o que era o mar,
nem que existiam florestas,
nem que havia um mundo com montanhas e praias.
Quando eu nasci,
nunca tinha visto um passarinho,
nem sabia que havia animais com penas,
outros com escamas,
e outros com pelo, como o cão.”
Leonor Keil, nasceu em Ponta Delgada, em 1973, e iniciou os seus estudos em Dança na Escola de Dança de Maputo (Moçambique) concluindo a sua formação na Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa. Como intérprete de Dança/Teatro trabalhou com Joana Providência, Madalena Victorino, Marta Lapa, João Fiadeiro, Paulo Ribeiro, Francisco Camacho, Amélia Bentes, José Wallenstein, Cláudio Hochman, John Mowat, Rafaela Santos, Giacomo Scalisi, Companhia TPO (Itália), Luis El Gris (Pogo Teatro), Francisco Campos (projecto Ruinas) e Nuno M. Cardoso (Cão Danado). Foi assistente de ensaios do coreógrafo João Fiadeiro na obra Branco sujo e de Paulo Ribeiro na obra New Age para o NDT 3, Holanda. No cinema destaca a sua participação em “É só um minuto”, de Pedro Caldas, “Contra Ritmo” de João Figueiras, “Pas perdu” de Saguenail, “O Barão e Cinesapiens” de Edgar Pêra. No âmbito do seu trabalho com a Companhia Paulo Ribeiro, da qual é intérprete regular desde 1995, foi-lhe atribuída uma Menção Honrosa pela sua interpretação na obra Rumor de Deuses nos V Rencontres Chorégraphiques Internationales de Seine Saint Denis, 1996, e, em 1999, foi-lhe atribuído o Prémio Revelação ― José Ribeiro da Fonte, pelo Instituto Português das Artes do Espectáculo. Em 2002, foi uma das intérpretes escolhidas para participar no programa Vif du Sujet, do Festival d’Avignon, para o qual convidou o coreógrafo Javier de Frutos (solo Solitary Virgin). É, desde 2003, a responsável pelo desenvolvimento de projetos de âmbito pedagógico no Lugar Presente em Viseu.
Joana Providência, nasceu em Braga, em 1965, e iniciou os seus estudos em dança com Fernanda Canossa. Em 1989 terminou o curso da Escola Superior de Dança do IPL. Integra desde 1995 a Academia Contemporânea do Espectáculo na qualidade de docente responsável pelo departamento de movimento do curso de Interpretação. Integra a companhia de teatro promovida por aquela entidade, a ACE/Teatro do Bolhão, sendo membro da sua direção artística. No seu trabalho coreográfico, Joana Providência tem desenvolvido uma linguagem pessoal de composição, onde privilegia a relação intérprete/coreógrafo. A matriz do seu processo criativo baseia-se num diálogo construído a partir da apresentação de uma série de propostas para as quais os intérpretes desenvolvem respostas. O uso da palavra (o texto é um dos pontos de partida), a utilização de espaços arquitetónicos (como elementos do processo criativo), a escolha de atores (justificada pela sua capacidade de integrarem palavra com movimento) são elementos estruturantes do seu trabalho. Como coreógrafa tem desenvolvido diversos projetos dos quais destaca, Terra Quente, Terra Fria a partir da obra de Graça Morais, coprodução ACE-Teatro do Bolhão/Teatro Municipal de Bragança, Ladrões de Almas coprodução ACE-Teatro do Bolhão/ Culturgest, e mão na boca coprodução ACE-Teatro do Bolhão/ Fundação de Serralves, a partir da obra de Paula Rego, Mecanismos, espetáculo que lhe valeu o Sete de Ouro ― Prémio Revelação. Participou em diversos festivais como: New Moves, Glasgow (Escócia), Festival de Otoño /Madrid, Spring Dance (Holanda) e Klapstuck (Bélgica), Tanzplattform (Frankfurt).
De 5 a 8 de março, às 10h00 durante a semana, às 16h30 no sábado e às 11h00 e 16h30 no domingo, na sala principal do MM, esta é uma peça que aguarda a sua presença. •
direção: Joana Providência interpretação e cocriação: Leonor Keil e Margarida Gonçalves produção: Companhia Paulo Ribeiro
+ Teatro Municipal Maria Matos
© Fotografia: José Alfredo.
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