O mundo celebrou, no passado dia 27 de janeiro, o Dia Internacional da Memória do Holocausto, instituído em 2005 por uma resolução das Nações Unidas e adotado pela União Europeia no mesmo ano, e que coincide com a data de libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, há exatamente 70 anos.
Momento histórico, de dimensão imensurável, que o Conservatório de Música de Coimbra não deixará de assinalar. Na programação desta temporada da “Quintas do Conservatório” evocar-se-á a efeméride com a projeção de um filme e um documentário selecionados e comentados por Osvaldo Silvestre: “Noite e nevoeiro” de Alain Resnais – obra fundamental, na qual encontramos todos os problemas da representação fílmica do Holocausto e o primeiro episódio do documentário “Shoah”, de Claude Lanzmann – um dos maiores documentários de todos os tempos.
Sobre “Nuit et Brouillard” escreveu Edgardo Cozarinsky que era “o único filme justo sobre o grande horror do século XX: menos o extermínio de um povo do que o programa e administração postos em funcionamento para o executar. Também uma meditação sobre o esquecimento natural e o trabalho da memória”. Já sobre “Shoah” pode ler-se “Opus de nove horas de duração sobre o Holocausto é um filme contra o esquecimento e sobre o impensável: a morte de mais de seis milhões de judeus pelos Nazis. Realizado ao longo de doze anos, apresenta entrevistas feitas em 14 países com sobreviventes, testemunhas e criminosos. Sem recorrer a imagens de arquivo histórico, usa entrevistas que visam “reencarnar” a tragédia judaica, e visita os locais onde os crimes ocorreram. O filme nasceu da preocupação de Lanzmann com o facto de o genocídio perpetrado apenas 40 anos antes começar a ficar escondido nas brumas do tempo, uma atrocidade que começava a ser higienizada pela História“, em www.midas-filmes.pt.
Osvaldo Manuel Silvestre é professor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Na licenciatura em Estudos Artísticos lecionou Estética, Arte e Multimédia, Introdução aos Novos Média e Análise de Filmes, disciplina que leciona já há alguns anos. Integrou o corpo docente e o Conselho Científico do Colégio das Artes. É membro do Centro de Literatura Portuguesa, unidade de I&D da FCT com sede na FLUC. Colaborou em sites e blogues de natureza cultural e dinamizou, no TAGV, várias iniciativas mensais em torno de livros. É colaborador do jornal Público e responsável pela editora Angelus Novus. Publicou ensaios e livros sobre questões de teoria, estética, literatura, artes e crítica cultural.
Portanto, dia 19 de março, pelas 21h30, celebre o Dia do Pai de forma diferente e vá até ao Conservatório de Música de Coimbra pois “those who cannot remember the past, are condemned to repeat it“, George Santayana. •
+ Conservatório de Música de Coimbra
© Imagem de destaque: pormenor do cartaz de divulgação.
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