L’Académie Baroque Européenne d’Ambronay / CCB

O Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) prepara-se para receber jovens talentos a interpretarem música barroca de excelência, com a segurança de quem sabe o que toca e para quem toca, com um concerto que não deve perder pela Académie Baroque Européenne d’Ambronay.

Desde a sua fundação em 1993, a Académie Baroque Européenne d’Ambronay representa uma etapa importante na evolução e afirmação de jovens músicos europeus em início de carreira. Integra o projeto ’eeemerging’ valorizando um ou mais jovens ensembles escolhidos, aos quais se juntam jovens talentos individuais selecionados em toda a Europa, em parceria com a Association Européenne des Conservatoires (AEC). Músicos de mão cheia e aptidão nata. Foram maestros na academia: Jordi Savall, William Christie, Christophe Coin, Christophe Rousset, Ton Koopman, Gabriel Garrido, Rinaldo Alessandrini, Paul McCreesh, Hervé Niquet, Jean Tubéry, Serge Saitta, Martin Gester, Sigiswald Kuijken e Leonardo García Alarcón – nomes que dispensam apresentações.

Chegado o mês de julho, é hora de mais uma edição deste projeto. Esta 21.ª edição da Académie Baroque Européenne d’Ambronay, realizar-se-á em Lisboa no CCB, e terá como diretor artístico e pedagógico Enrico Onofri – violonista virtuoso e maestro de renome, é igualmente reconhecido em toda a Europa pelo seu talento como pedagogo. Criou um programa de verão em torno de concertos para três violinos  – sob o nome “Violino Fantástico” – salientando o virtuosismo ímpar deste instrumento. O programa musical associará compositores italianos do início de período barroco a referências do repertório alemão mais tardio. Como pontos altos, um concerto magnífico (a não perder) de Vivaldi e o inesquecível Concerto Brandeburguês n.o 3 de Bach. Este diálogo vivo entre solistas e orquestra oferece um terreno de jogo ideal para os jovens grandes talentos selecionados em toda a Europa.

Sem mais demoras, o programa para o ponto alto desta academia, dia 23 de julho, pelas 21h00, no Grande Auditório do CCB de “Violino Fantástico 3 – Ensemble Radio Antiqua e Orquestra da 21e Académie Baroque Européenne d’Ambronay”, com Enrico Onofri (violino e direção):
Arcangelo Corelli (1653-1713)
Concerto grosso para dois violinos, violoncelo, cordas e baixo contínuo em Ré maior, op.VI n.o1
Largo/Allegro/Largo/Allegro-Largo-Allegro-Allegro
Johann Pachelbel (1653-1706)
Canon e gigue para três violinos e baixo contínuo
Arcangelo Corelli
Sonatas em trio, op. 2 n.°1 em Ré maior, e Ciaccona da sonata n.o 12 Prélude-Allemande-Courante-Gavotte puis Chaconne
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Concerto Brandeburguês n.°3 para 3 violinos, 3 violas, 3 violoncelos, violone e baixo contínuo, BWV 1048
Allegro-Adagio-Allegro

(intervalo)

Antonio Vivaldi (1678-1741)
Concerto em Lá maior para três violinos “In Eco di lontano”, cordas e baixo contínuo, RV552
Allegro-Larghetto-Allegro
Georg Philipp Telemann (1681-1767)
Concerto em Fá maior para três violinos, cordas e baixo contínuo, TWV 53:F1
Allegro-Largo-Vivace
Antonio Vivaldi
Concerto grosso para dois violinos e violoncelo, cordas e baixo contínuo em Sol menor, op. III n.o 2, RV578
Adagio e spiccato-Allegro-Largo-Allegro.

Junto com Enrico Onofri estará o Ensemble Radio Antiqua – Lucia Giraudo (violino); Isabel Favilla (fagote); Petr Hamouz (violoncelo); Giulio Quirici (tiorba); Mariano Boglioli (cravo) -, da Orchestre da Académie baroque européenne d’Ambronay teremos nos violinos – Victoria Melik; Heriberto Delgado; Agnieszka Papierska; Elicia Silverstein; Gabriele Pro; Mayah Kadish; Karolina Habalo; Gemma Longoni; Anaëlle Blanc -, nas violas – Zhechao Xie; Maria Bocelli; Nuria Pujolras -, nos violoncelos – Anastasia Baraviera e Cristina Vidoni -, e no contrabaixo – Attila Szilagyi.

Mais ao pormenor, o programa criado Onofri, para três violinos, apresentará uma programação diversificada que prestará homenagem a um total de cinco compositores dos finais do século XVII à segunda metade do século XVIII. Cada um destes compositores, dotado de um estilo próprio, e considerado extremamente inovador, ilustrou através das suas peças o conceito de virtuosismo. Neste programa irão trabalhar-se conceitos ligados às formas para “3 solistas”: trata-se de uma tipologia instrumental escolhida por vários compositores que por motivos estéticos e simbólicos está associada ao número três, número mágico e sagrado. Através deste programa irá redescobrir, em particular, a obra de Johann Pachelbel (1653- 1706) cujas peças inspiradas na tradição alemã (que se tornaram famosas por terem contribuído para o canto sagrado e para o reportório de órgão) criaram uma ponte de ligação entre os compositores italianos e a estética desenvolvida por Johann Sebastian Bach. Integram também o programa dois dos mais importantes representantes do movimento barroco italiano: Arcangelo Corelli (1653-1713), violinista e maestro conhecido pelas suas sonatas da chiesa, sonatas da câmara e o maravilhoso “Concerti Grossi do Opus 6”, e Antonio Vivaldi (1678-1741). Iremos ouvir duas das suas mais emblemáticas peças: “Concerto Grosso em Sol menor”, excertos de “L’estro Armonico” para dois violinos, violoncelos e cordas, e o concerto “Per eco in lontano”, uma composição tardia que realça a importância da espacialização das cordas, exibindo um ritmo vigoroso bem como uma vitalidade surpreendente. Ao transcrever algumas das peças de “prete rosso” (padre vermelho), Johann Sebastian Bach (1685-1750) não se equivocou. Antes pelo contrário, soube conciliar o estilo francês com o estilo italiano permitindo assim a fusão entre o Concerto Grosso e o solista sem nunca esquecer o contraponto clássico e o puro virtuosismo. Os seus seis Concertos de Brandeburgo resumem de forma excecional a arte musical da época. O concerto apresentado neste programa é o que melhor representa o número três: é o terceiro concerto, foi escrito para três grupos de três instrumentos (3 violinos, 3 altos e 3 violoncelos). Deste modo, este concerto constitui-se como elemento central e simbólico do concerto. Neste panorama, o Concerto de George Philipp Telemann para três violinos em Fá maior ilustra a audácia do estilo da época, atingindo uma surpreendente fusão dos estilos italiano, francês e alemão.

Alinha numa ida ao CCB para ouvir música barroca? •

Académie Baroque Européenne d’Ambronay

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