A inesquecível fotografia de Marilyn Monroe de pé sobre um respiradouro do metro e uma lufada de ar soprando o seu vestido branco é um dos trabalhos mais conhecidos do fotógrafo nova-iorquino Sam Shaw e, naturalmente, faz parte das cerca de 200 imagens que compõem uma exposição imperdível – “Sam Shaw: 60 Anos de Fotografia”.
Chega a Portugal uma retrospetiva que percorre as mais de seis décadas da prolífica carreira do aclamado fotógrafo, passando pela sua lente no fotojornalismo, desporto, retratos e cinema. A exposição, que inclui algumas fotografias raras e nunca antes vistas e outras tão célebres quanto a imagem de Marlon Brando de t-shirt rasgada no filme Um Eléctrico Chamado Desejo (1951), inicia em Cascais a sua digressão mundial.
Shaw retratou praticamente todas as estrelas da indústria cinematográfica da sua época, bem como músicos, artistas (Marcel Duchamp, e.g.), escritores e intelectuais da altura, procurando sempre captar o momento numa perspetiva inovadora, única, utilizando ângulos de captação de imagem mais próprios da linguagem cinematográfica. Quer fosse na modalidade de retrato ou noutra, Sam Shaw não procurava encontrar a fotografia perfeita, isolada, preferindo trabalhar com os seus modelos sem poses, maquilhagem ou acessórios, sem camuflagem, encorajando-os a serem espontâneos e a improvisar.
“Pessoalmente, procuro encontrar. Encontrar o inesperado, o que está mesmo ao virar da esquina, o que está prestes a acontecer, é uma aventura visual. Só raramente montei uma composição fotográfica – a única excepção tendo sido a fotografia de Marilyn Monroe na sequência da saia esvoaçante.” (Sam Shaw). A investigadora e autora Lorie Karnath, que viajou pelo mundo com Sam Shaw, utilizou as memórias da sua longa amizade para desenvolver um catálogo com cerca de 200 imagens, que acompanha a exposição – a ter e reter.
Sam Shaw, nova-iorquino nato, veio do Lower Eastside de Manhattan. Começou cedo a mostrar os seus talentos artísticos: sem orçamento para materiais, recolhia alcatrão das ruas para fazer esculturas, do nada começou o tudo. Depois de partilhar um estúdio com o artista Romare Bearden, Sam Shaw acabou eventualmente por se dedicar à fotografia que iria marcar a sua vida. Começou a sua carreira fotográfica com sessões para a revista Collier nos anos 1940, e a sua série “How America Lives” (“Como vive a América”) onde captou pessoas reais e as suas vidas. Gravitou em torno do fotojornalismo, viajando pelo interior dos Estados Unidos para documentar os músicos de jazz de Nova Orleães, os meeiros do Mid-West, os mineiros de carvão da Virginia e o movimento dos direitos civis no Missouri, ou o último dia de um soldado das Great Smoky Mountains antes do serviço militar. Nos anos 1950 e 1960, os trabalhos de Sam tornaram-se sinónimo de capas das revistas Life e Look – as duas melhores e mais importantes revistas da época. Tornou-se um olhar obrigatório, uma lente de referência.
No início dos anos 1950, Sam Shaw começou a trabalhar na indústria cinematográfica e nos anos 1960, Sam Shaw já se tornara produtor de cinema, tendo começado com o filme “Noites de Paris” (1961), com Paul Newman e Sidney Poitier. Não só Sam Shaw criou algumas das imagens mais celebradas de Hollywood, como também foi pioneiro de um novo estilo artístico e nova técnica que abriram caminho ao cinema independente. Sam Shaw morreu em 1999. As suas fotografias espontâneas serão conhecidas para sempre, pelo seu olhar tão único e tão marcante.
Esta exposição que tem de colocar na sua agenda – “Sam Shaw: 60 Anos de Fotografia” – estará patente no Centro Cultural de Cascais, pela mão da Fundação D. Luís I, de 11 de setembro até 8 de novembro de 2015.
A não perder, em Cascais! •
+ Fundação D. Luís I
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