Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, acolhe a estreia absoluta do novo espetáculo de Rui Horta enquanto artista associado da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML).
Esta sexta-feira e sábado, dias 30 e 31 de outubro, pelas 22h00, o Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, apresenta a estreia absoluta da mais recente criação de Rui Horta, enquanto Artista Associado da Temporada de Música da Metropolitana 2015/16. “Cabul” é o título da muito aguardada criação cénica e musical que resulta desta união; uma coprodução da Orquestra Metropolitana de Lisboa, do CCVF e do São Luiz Teatro Municipal.
“Cabul” é uma viagem pela música de Morton Feldman e pelos textos de Heiner Müller. Aqui, Rui Horta apropria-se de excertos de “A Missão”, em particular do monólogo de Saportas, propondo uma nova escrita e um novo olhar dramatúrgico sobre o mesmo. “Piano And String Quartet” (1985) e “For Samuel Beckett “(1987) são as obras de Feldman interpretadas pela OML (dirigida pelo maestro Pedro Amaral) e que suportam a ação, conduzida pelo ator Pedro Gil.
“Um homem tem uma missão que procura obsessivamente cumprir, missão essa que adivinhamos nos interstícios da ação. Sem um interlocutor claro e sem um objetivo definido, o seu percurso leva-o a confrontar-se com ele mesmo, com os seus medos e com os seus limites”, explica Rui Horta. “Isto vem de um sonho que tive nos anos 80, em Londres. Tinha visto uma peça do [coreógrafo] Mark Morris e sonhei a noite toda com aquilo – sonhei nessa noite a peça perfeita, de tal maneira fiquei entusiasmado. Quando acordei de manhã, tinha essa sensação da peça perfeita, que obviamente nunca consegui fazer”, afirma o criador.
Passados mais de 20 anos, Rui Horta não desistiu do sonho e recupera os resquícios de uma memória antiga onde cose um texto do próprio com excertos de “A Missão”. No momento de trazer o sonho para a realidade, sem nunca ceder ao óbvio, Rui Horta atira um homem para uma missão. Uma busca pelo sentido, um confronto que vem de dentro.
“Cabul, capital do Afeganistão. Capital de guerra e destruição, capital de isolamento e solidão e desespero. Esse sítio árido como um inferno na terra. A recriar um ambiente onde se respira angústia o público é colocado no centro, rodeado de paletes que desenham uma suposta claustrofobia.” Pedro Gil vai declamando o texto e espalhando a tensão.
Se estiver por Guimarães, não deixe de passar pelo CCVF e passar uma noite em companhia de boa cultura portuguesa. •
+ CCVF
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