Ouvindo: They’re Heading West

Este outubro o refrão é They’re Heading West. Como diria o Nuno Prata “vamos repetir até à exaustão”, vamos ouvir e (re)ouvir porque esta trupe deu-nos, finalmente e sem desiludir, o esperado disco.

João Correia (TAPE JUNk, Julie & The Carjackers), Mariana Ricardo (Minta & The Brook Trout, Silence Is a Boy, Domingo no Quarto), Sérgio Nascimento (Deolinda, Sérgio Godinho, Humanos, David Fonseca,…), Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout) – a base. Um quarteto que, em boa verdade, escusa apresentações. Um quarteto que por si só nos dá: ukelele; bateria; baixo; guitarra acústica; palmas; coros; guitarra eléctrica; percussão; vozes; glockenspiel; congas; teclado; pandeireta… e até assobio! Completos.

Depois de várias subidas a palco(s), depois de uma dezena (mais até) de convidados, depois de duas digressões pelos E.U.A., era hora de nos darem, em álbum, a oportunidade de os podermos ouvir sempre que nos der na real gana. A música, têm de concordar, é muito de ganas e nós estávamos com ganas de ouvir este quarteto assim, sozinhos (nós) e eles acompanhados por convidados que dão, a este trabalho, o toque de luxo. Sim, isso mesmo, luxo, ou não estivéssemos a falar de: Ana Moura, Capicua, Nuno Prata, Samuel Úria, Luísa Sobral, Ana Bacalhau, Frankie Chavez, Joana Sá, Luís José Martins, Peixe, Afonso Cabral, Salvador Menezes, Tomás Sousa, Bruno Pernadas e JP Simões.

Editado no passado dia 9 de outubro, pela Pataca Discos, este álbum homónimo da banda é o culminar de muitos ensaios, concertos, de músicas do reportório de cada um que foram sendo acolhidas nesta nova gramática, onde novos arranjos foram sendo criados e partilhados ao vivo. Um evoluir depois de dois EP’s, que é o reflexo perfeito da sua essência – temas dos músicos base e temas dos músicos convidados, mas reinterpretadas e revisitadas por este quarteto exquisite. No todo, o que vai ouvir é um disco heterogéneo onde vivem todas as identidades, de todos os músicos, sendo que há uma que sempre presente, transversal a todas as músicas, a dos They’re Heading West. Exemplo? “Vayorken“, não há dúvidas que estamos na onda cool da Capicua, mas as vozes da Francisca e da Mariana, nos coros, a bateria do Sérgio… fazem a Capicua ser ela própria com um tempero bem deles. Outro? “The Fox“, Ana Bacalhau, nossa Deolinda, nem precisava de ter o seu nome escrito na voz; é ela e são eles a dar-nos uma música tradicional com impressões digitais definidas. Há mais exemplos, mas nada como a surpresa de ouvir de olhos fechados e identificar quem canta sem deixar de ser quem é e sabendo, simultaneamente, dar novas leituras, integrando-se na muche neste quarteto de estilo bem definido. Uma viagem imperdível por músicas bem esgalhadas, recriadas e interpretadas.

Dos convidados podemos ainda acrescentar que, por vezes, nos podem parecer inusitados, bem distintos do universo onde esta trupe normalmente habita e unem-se com encaixe perfeito nestes novos arranjos, podemos rematar que com eles tocaram, tocam e vão continuar a tocar, com certeza, naquela a que podem bem chamar a sua Casa Independente, espaço para onde tantas vezes nos convidam, para concertos regulares (uns trinta se não estamos enganados). A fórmula resulta, é continuar e não parar.

Sem mais latim e sem demoras… é carregar no play e ouvir They’re Heading West! •

+ They’re Heading West
© Fotografia: Sara Quaresma Capitão.

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