Há momentos que são… Rodrigo Leão. Há momentos que têm Orquestra e Coro Gulbenkian. E depois há estes momentos de beleza incontestável, de música elevada a um patamar superlativo, momentos que acontecem quando se junta Rodrigo Leão com a Orquestra & Coro Gulbenkian, com o selo da Deutsche Grammophon.
“O Retiro” será, certamente, um álbum do ano 2015. Foi um dos mais aguardados, será eleito um dos melhores, se não o melhor, deste ano da música portuguesa. É o regresso deste aclamado músico aos álbuns de originais, depois de muito o termos ouvido no cinema com as bem estruturadas e esgalhadas bandas sonoras dos filmes “The Butler” e “A Gaiola Dourada”, ou na ilustração sonora para exposições multimedia, passando pelo álbum electrónico que lançou discretamente em 2014 – ‘A Vida Secreta das Máquinas’ – e pelas colaborações com Ólafur Arnólds ou Ludovico Einaudi.
Neste novo trabalho, Rodrigo Leão faz-nos embarcar numa viagem a treze tempos de trabalhos inéditos, gravados por Tobias Lehmann, no Grande Auditório Gulbenkian, garantido uma acústica extraordinária exigida num trabalho destes.
Tudo começa com a música que dá nome ao álbum “O Retiro” que nos convida a “Respirar” um pouco a música e a sermos “O Peregrino” de uma religião que é a música de excelência, que se sente dentro e à flor da pele, de uma forma que não se explica. Esperamos que “O Tempo do Fim” deste trabalho seja infinito, pois ele leva-nos a um “Jardim Misterioso” onde a flora e fauna são feitas de notas, acordes, vozes… onde todo um universo fantástico habita e nos faz sonhar que não há “Inverno Triste” e que “O Julgamento” da “Melancolia” será doce, sem dor, etéreo… nos “Restos da Vida”. Na mira do horizonte “Um Homem Estranho” é uma “Bússola” que nos orienta os sentidos, que nos mostra “As Pessoas” que são “Floresta Submersas” de um jardim que habita dentro de todos nós, que nos faz apaixonar de novo e novamente de novo por música que nos faz ponderar os sentidos, que nos relembra os nossos egos e superegos, o ser e não ser, a filosofia que nos guia, indelevelmente, mas que acima de tudo nos leva a uma viagem contemplativa, de um pensar que consegue, por vários momentos, deixar a razão e viver no mundo do fantástico. É esta a viagem a treze tempos que todos devem fazer, com Rodrigo Leão. Uma viagem intensa sobre os sentida da existência.
O músico conta, também, neste trabalho, com as colaborações do seu quarteto de cordas inseparável – Viviena Tupikova, Bruno Silva, Carlos Tony Gomes e Denys Stetsenko – e com os suspeitos do costume como Celina da Piedade e Selma Uamusse, que interpreta, com emoção mais que sentida, “Melancolia”, o primeiro single deste novo álbum. E que não fiquem esquecidos Steve Bartek (conhecido por trabalho com Oingo Boingo e Danny Elfman), o violoncelista Carlos Tony Gomes nos arranjos orquestrais e João Eleutério na co-produção.
No alinhamento treze temas onde reconhecerá, imediatamente, uma identidade sonora definida, sólida, mas onde sentirá, também, que se viaja pelos tais novos destinos místicos… É a essência das composições que Rodrigo Leão criou no intervalo das suas múltiplas viagens. “O Retiro” é um álbum de calma e contemplação, um espaço sonoro para quem quiser encontrar um fugir do ruído quotidiano.
re.ti.ro [ʀəˈtiru] (nome masculino)
1. Lugar retirado; sítio ermo.
2. Descanso; paz espiritual.
3. Afastamento do mundo para recolhimento, oração e meditação; isolamento temporário.
Isole-se temporariamente, num sítio retirado, carregue no play e viaje neste mundo de Rodrigo Leão. Bons sons, a ouvir e sentir. •
+ Rodrigo Leão
© Fotografia: Sara Quaresma Capitão.
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