Diálogos Imaginados / Rafael Bordalo Pinheiro e Paula Rego

Porque falar de arte em português não cansa, porque quando um artista é imenso não é estranho falar da sua arte duas vezes numa semana, em contextos diferentes, falemos, de novo, de Paula Rego em “Diálogos Imaginados”.

Se na terça-feira passada alertámos para a exposição obrigatória de Paula Rego & Eça de Queirós (reler), hoje é tempo darmos espaço a “Diálogos Imaginados, Rafael Bordalo Pinheiro e Paula Rego”. Nos 100 anos do Museu Bordalo Pinheiro, Paula Rego regressa a Lisboa para uma conversa imaginada com o artista, oferecendo-nos um depoimento em filme.


© Rafael Bordalo Pinheiro, “O António Maria”, 16/10/1879

O Museu Bordalo Pinheiro inaugurou a exposição “Diálogos Imaginados, Rafael Bordalo Pinheiro e Paula Rego” ontem, dia 26 de maio, na sua Sala de Exposições Temporárias. A exposição, comissariada por Pedro Bebiano Braga, coloca em diálogo a obra destes dois incontornáveis artistas portugueses, procurando dar a ver como o trabalho de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), desenhador humorista e ceramista, se encontra referenciado na narrativa pictórica de Paula Rego (1935). Ambos, ímpares e inconfundíveis na sua arte.


© Paula Rego, “Hey Didle Didle”, 1989 CHPR-G255_F

Embora sejam obras artísticas de tempos diferentes da nossa contemporaneidade – distantes quase um século entre si – ambas fazem uma crítica visual da sociedade e da política, e, no caso de Paula Rego, sobretudo das relações humanas. Nos dois, a mão superlativa de um artista. Impregnados de crítica subversiva e de humor mordaz, encontramos temas comuns aos dois artistas a preencherem parte importante do espaço no discurso expositivo. Todavia, se existe a sugestão de humor irónico nestas obras, não tenhamos ilusões, por detrás de uma primeira abordagem está um mundo de enigmática violência, tal como por detrás do humor de Rafael Bordalo está, muitas vezes, uma profunda tristeza. Ambos têm, na sua obra, as entrelinhas; ambos são arte que precisa de um olhar atento para uma leitura completa da mensagem criada.


© Rafael Bordalo Pinheiro, “O António Maria”, 02/08/1883 b

Para esta exposição, Nick Willing filmou um depoimento da mãe, Paula Rego, sobre Rafael Bordalo Pinheiro, que acompanhará a exibição da exposição, patente até ao dia 29 de setembro de 2016. Mais uma exposição para colocar na sua agenda. Mais uma viagem na arte, a não perder. •

+ Museu Bordalo Pinheiro
© Imagem em destaque: Paula Rego, “Goosey-goosey Gander” 1989 CHPR-G253_F.

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