Último concerto do Ciclo Músicas do Mundo da temporada Gulbenkian Música 15/16 estará entregue ao cantor persa Alireza Ghorbani.
Alireza Ghorbani pertence à geração, nascida nos anos 1970, que sucedeu aos iranianos confrontados com a revolução e com questões tão básicas quanto o lugar da música na sociedade ou a república islâmica.
Proveniente de uma família religiosa, Alireza Ghorbani aprendeu cedo a prosódia e a cantilena do Corão em árabe e, como muitos da sua geração, descobriu a música persa clássica na rádio. Ghorbani recorda-se de ouvir na rádio, entre os seus 13/ 14 anos, Banan, o grande mestre do canto e da música persa, falecido em 1986: “Apesar de não ter percebido o sentido e o sistema musical, o canto deixou-me perturbado por ser profundo e espiritual. Aliás o jovem que não se sentir perturbado com esta música, não vai ser de certeza um bom músico. É preciso, a uma determinada altura, sentirmo-nos possuídos pela música. Eu percebi esta questão desde a minha primeira aula, quando me deparei com a profundidade dos sentimentos desta música.”
O músico criou uma relação intensamente próxima, de uma cumplicidade ímpar, entre a fé e a música, que o próprio descreve como a relação entre os dedos de uma mão: uma unidade, que lhe permite recitar o Corão e as palavras de Maomé e, em simultâneo, cantar a poesia de Rûmî, Hāfez ou Saadi. Esta relação intrínseca conduziu-o naturalmente ao espetáculo “Homenagem a Rûmî”, consagrado ao poeta místico persa (1207-1273), criador da ordem sufi dos Mevlevi.
No seguimento deste espetáculo, que apresentou na companhia de Ali Ghamsary, Saman Samimi e Hussein Zahawy, gravou com os dois últimos músicos e com Milad Mohammadi, em 2015, o álbum “Eperdument… Chants d’amour persans” (“Perdidamente…Canções de amor persas”), que agora apresenta em concerto na Fundação Calouste Gulbenkian. “Eperdument…” é uma autêntica viagem iniciática ao Gulistan, um imaginado “jardim das rosas”, que serviu de inspiração a poetas persas como Hāfez, Sadi e Rûmî e que nos leva, ao mesmo tempo, a descobrir autores contemporâneos, como Mohamed Reza Shafiei Kadkani e Fereydoon Moshiri, entre outros, contando ainda com as composições originais do músico Saman Samimi, que transpôs para os instrumentos esta conjunção perfeita entre dois mundos, o antigo e o novo.
Em palco estarão: Alireza Ghorbani (voz), Saman Samini (kamancha), Milad Mohammadi (tar) e Hussein Zahawy (das, bendiz, darbouka, udu). É uma viagem única pela cultura persa, pelos seus poetas, pela voz de quem tão bem a interpreta e canta. Mais um concerto a não perder, no dia 15 de maio, pelas 19h00, na Gulbenkian, em Lisboa. •
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© Fotografia: Alireza Ghorbani por Sahar Saebnia.
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