Novos sons: Marta Pereira da Costa

Na Guitarra Portuguesa tem a sua carreira, a sua arte e num passo seguro lança o seu primeiro álbum homónimo: Marta Pereira da Costa.

Está disponível o primeiro álbum da guitarrista Marta Pereira da Costa um álbum onde claramente se leva a Guitarra Portuguesa a outros registos, a outros mundos sonoros e vozes, não limitando o instrumento apenas ao estilo a que mais o associamos, o Fado. A guitarra é aqui um elemento que une a música portuguesa à world music, ao inevitável Fado, aos toques de jazz… é a espinha dorsal de um álbum heterogêneo que arranca num “Terra” que nos transporta para um universo bem nosso, bem tradicional no andamento e ritmo.

Um soltar da identidade do Fado que se faz ao longo de 13 composições, mas um soltar que não nega o estilo, que mais não seja pelo nome superlativo do Fado – Camané convidado em “Fado Laranjeira“. É o caminho para uma nova dimensão a dar à Guitarra (de alma) Portuguesa num dedilhar que promete chegar ao sonoro inspirar que tanto ar nos tira.

Com o selo Warner Music, Marta Pereira da Costa faz esta primeira caminhada com convidados escolhidos a dedo, pela sua identificação especifica ao estilo de cada um deles, pela forma como são fontes que a inspiraram a chegar aqui. Além do já referido Camané que nos dá um Fado tão genuíno de Alfredo Marceneiro e… nada mais a acrescentar – é Camané – (e aproveitando o registo Fado, Marta mergulha sem medos no génio incomparável de Carlos Paredes em “Canto Rio“); retomando a lista de convidados, junta-se Pedro Jóia com o seu virtuosismo na guitarra clássica em “Ícaro“, assinando também a composição da música; o camaronês Richard Bona que nos leva até África onde a guitarra de Marta dá uma maior ênfase aos ritmos quentes e únicos do continente africano em “Encontro” – nome perfeito para o encontro de mundos sonoros que se unem sem arestas agrestes; Rui Veloso “Casa Encantada” que viaja um pouco até um leve toque de Fado; Mário Laginha em “Folia” não como interprete , mas como compositor de mão tão cheia; Dulce Pontes em “É ele que canta em mim“; a iraniana Tara Tiba, com “Moon“, cantora radicada na Austrália e o maior contraste neste álbum, no quase terminar do alinhamento – um transportar dos nossos sentidos para um ambiente inesperado, onde o cantar ímpar de Tiba não nos faz esperar encontrar Marta com seu inquietante dedilhar, mas encontramos e a mistura destes dois mundos funciona num equilíbrio conseguido; e, por fim, Filipe Raposo peça fundamental nos arranjos deste álbum.

Uma primeira viagem que prometer ser apenas o começo de outras mais na procura de um virtuosismo singular onde encontraremos aquela respiração que nos faz suster a nossa, por segundos. Um primeiro passo bem dado, seguro de si, certo do caminho que se quer traçar e seguir com um dedilhar senhor(a) de si. Marta Pereira da Costa, a ouvir. •

+ Marta Pereira da Costa
© Fotografia: Sara Quaresma Capitão.

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