Cinema Quarteto em 4 salas, com 4 artistas / Colégio das Artes

No Colégio das Artes, em Coimbra, tem à sua disposição um Cinema, Quarteto: 4 salas para 4 artistas, que por acaso até são 5. Explico: 1 das salas é Complexa, e inclui “2”. Será tudo eminentemente desvendado já a seguir.

Abrigada na Galeria do Colégio das Artes, entidade afecta à Universidade de Coimbra, permanece uma exposição multiforme e vibrante com a assinatura de Alice Geirinhas, responsável pela sua curadoria. Intitula-se: Cinema Quarteto, 4 salas 4 artistas; as salas são realmente quatro, os artistas dão pelos nomes de André da Loba – 1ª sala; João Fazenda – 2ª sala; Lord Mantraste – 3ª sala; Pandora Complexa, que se desdobra em Julio Dolbeth e Rui Vitorino Santos – 4ª sala. Esta é a ordem de enunciação do espaço, a que se regula pela sala de entrada da Galeria; todavia, uma vez lá dentro, e se nos soubermos perder a partir das diversas propostas, encontramos uma verdadeira evasão.

Pese embora persevere a identidade de cada artista, na verdade, e se submergirmos nos fantásticos mundos, a determinado momento já não se sabe se temos a Alice (sim, a do país das Maravilhas) à espera, ou não; porque são muitos os coelhinhos a sair aqui das cartolas. A exposição, e de acordo com o que vem expresso na folha de sala que a curadora nos oferece, conjuga “histórias, ilustração, design e o objeto livro.” Já o “argumento deste Cinema Quarteto”, e continuando a seguir as suas palavras, irá deter-se no, ou construir-se em torno de: “desenho, a narrativa visual, a metáfora, percepções visuais.”

Posto tal circunstância, e já dentro da exposição, ocorre-me dizer com André da Loba: “Se não tens mapa, pergunta!” Não levei realmente o mapa, mas também não perguntei; resolvi ouvir-me e colocar-me na imanência do que via. Entretanto, e já dentro da 3ª sala, sou solicitada pela seguinte frase-manifesto de Mantraste: “DESCULPEM APAIXONEI-ME E NÃO FIZ NADA.” Então, ali, naquela parede, abriu-se uma brecha racional que apenas a afectividade conhece; pensei – não faço mais nada!… No entanto, desafio-vos a não fazerem como eu, quer dizer, pelo menos antes de irem ver a exposição: apaixonem-se depois, sim?

Num “strange world”, como se lê pela mão dupla de Pandora Complexa, com ligações aceleradas e tantas vezes dúbias, vale a pena seguir o exemplo da sua persistência, tanto enunciativa, como relacional. Porque, já pensa André da Loba cineticamente, é preciso fazer da árvore a raiz – Pensamientras entre a natureza e a cultura. Salão dos Re(g)jeitados? Nem pensar! E Dançar na Trama, dois títulos bem objectivos de João Fazenda.

Para ver até dia 7 de Novembro no Colégio das Artes, em Coimbra; não falte, porque há sessões contínuas de segunda a sexta-feira, entre as 14h e as 18h.

+ André da Loba
+ João Fazenda
+ Lord Mantraste
+ Pandora Complexa
© Fotografia: Alice Geirinhas

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