A vida e o imaginário de Camilo Pessanha / Museu do Oriente

Para assinalar o 150.º aniversário de Camilo Pessanha, o Museu do Oriente, em Lisboa, apresenta um conjunto de 24 foto-ficções da autoria do artista plástico Victor Belém, sobre o imaginário da vida e obra do poeta. Falemos de “Memórias de Camilo Pessanha”.

O fascínio de Victor Belém pela literatura e, em particular, pela poesia de Camilo Pessanha, espelha-se num conjunto de foto-ficções em que o artista recorre à sobreposição de transparências, privilegiando texturas, valores de luz e ambientes oníricos. As obras, cujos títulos remetem para excertos de sonetos e poemas da “Clepsydra”, ilustram as várias fases da vida de Camilo Pessanha desde a juventude, a partida para Macau, o seu amor por Ana de Castro Osório e o tema do ópio e da morte. Este conjunto de obras foi doado à Fundação Oriente por duas fases: uma primeira em 2013 pelo artista e depois, em 2016, pelo seu filho, Mário Pardal Monteiro Belém.

A exposição propõe ainda um segundo olhar sobre a vida de Camilo Pessanha, integrando duas dezenas de peças em porcelana chinesa, álbuns de pintura e frascos de rapé que fazem parte da colecção doada por Pessanha ao Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra. Esta é a primeira vez que as peças são expostas ao público no Museu do Oriente, onde se encontram em depósito. O Museu do Oriente associa-se assim às comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha que decorrem também na Sociedade de Geografia de Lisboa e no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra. Uma pequena apresentação de Belém e Pessanha:

Victor Belém [1938 – 2015]. Iniciou-se nas artes plásticas em 1956, tendo-se formado na Escola António Arroio, em Lisboa. Entre 1961 e 1963 foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, sob orientação do pintor Júlio Pomar. Destacou-se pela sua modernidade e irreverência, primeiro como artista plástico e mais tarde com trabalhos de fotografia ficcionada. Expôs pela primeira vez em 1958, tendo feito um percurso pródigo em exposições individuais e participações em exposições colectivas.
Camilo Pessanha [Coimbra, 1867 – Macau, 1926]. Licenciou-se em Direito em 1891 e, três anos depois. partiu para Macau, onde deu aulas de Filosofia. Desde a sua chegada que se interessou pelo exotismo e beleza da arte e cultura chinesa. Ao longo de duas décadas reuniu uma vasta colecção de objectos como rolos e álbuns de pintura e caligrafia, têxteis bordados, porcelanas, pratas, leques, esculturas e frascos de rapé, entre outros, com um horizonte cronológico que vai desde o século II a.C até finais do século XIX.

A exposição “Memórias de Caminho Pessanha” tem inauguração agendada para dia 12 de outubro pelas 18h30 e estará patente até dia 19 de novembro. Poderá ser visitada de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00. A colocar na sua agenda, a ir. •

Museu do Oriente
© Fotografia: Victor Belém, “Foi um deslumbramento que me endoidou a vista”.

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