Lá Fora – Festival Internacional de Artes Performativas

Se ainda não tem programa para este final de semana e fim-de-semana, que tal rumar ao Lá Fora 2018 – Festival Internacional de Artes Performativas, em Évora? Cremos que não se vai arrepender.

Prometem, em Évora, quatro dias de música, performance, dança e atividades para toda a família naquela que é já a 5.ª edição do festival Lá Fora, que continua a apresentar-se com uma programação q.b. de intensa. Organizado pela Fundação Eugénio de Almeida, este festival é um dos pontos altos que marca a atividade cultural da Fundação e da cidade de Évora. É uma abordagem multi-disciplinar das relações entre os espaços patrimoniais da Fundação Eugénio de Almeida, emblemáticos da cidade de Évora, e as artes que os celebram e abrem à vivência dos públicos da cidade. Com direção artística a cargo de José Alberto Ferreira este é já um festival que marca a agenda cultural de Évora e dos eborenses. Vejamos o programa para este 2018:

No dia de abertura, dia 07 de Junho, há duas propostas, ambas no Pátio Pequeno do carismático Páteo de S. Miguel. A primeira, de carácter performativo e com um desafio lúdico na participação, apresenta “O flautista”, dos catalães Llobet & Pons. Um flautista recebe mensagens da audiência, previamente vertidas para morse. Aquele código transforma-se, assim, na base para a interpretação (livre) do flautista, que nesta sessão de abertura do Lá Fora é Carlos Bechegas, um dos mais conceituados músicos da cena experimental portuguesa. A sua versátil flauta estará ao serviço do público, lendo musicalmente o que cada um escrever e enviar.
Segue-se o projeto Sequin (a eborense Ana Miró) apresentar as suas mais recentes músicas e a cativar os presentes com a sua voz e ritmos. Com o seu terceiro disco acabado de lançar Born Backwards), Sequin tem feito uma carreira marcante e chega agora a Évora para mais uma etapa calorosa desse caminho.


© Joana Guerra, DR

No dia 08 de Junho, o dia começa com uma visita em forma de dança aos espaços do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida. O Plano de mármore, as Casas Pintadas, o Horto e os pátios interiores são o cenário para esta proposta da Companhia Instável, que leva a Évora seis jovens coreógrafos e bailarinos para criarem, especificamente nestes lugares, uma série de trabalhos que aproximam o corpo do espaço — tanto dos bailarinos como dos espectadores. Uma proposta a não perder, porque reinventa pontos de vista sobre os espaços ao mesmo tempo que se oferece como coreografia para espectador.
À noite, neste mesmo dia, são dois os concertos que animam o palco principal do Páteo de São Miguel. Primeiro, a Orquestra de Jazz de Évora (OJE), com um repertório festivo interpretado por jovens músicos saídos (na sua quase totalidade), do curso de Jazz da Universidade de Évora. Logo depois, é hora de Cais Sodré Funk Connection (CSFC). Nascidos no coração do bairro boémio que lhes dá o nome, em Lisboa, os Cais Sodré Funk Connection são apaixonados pelo funk e a soul. A experiência deste grupo de veteranos da música portuguesa reúne elementos dos Cool Hipnoise, Orelha Negra, Mr Lizard, Cacique 97, banda de Sérgio Godinho, entre outros, garante a sabedoria necessária à produção do mais contagiante groove.

No dia seguinte, a 09 de Junho, Joana Guerra leva a sua música serena e profunda ao Jardim do Páteo de S. Miguel. A voz e o violoncelo de Joana Guerra regressam à cidade que primeiro a viu neste formato (em 2011). Com um percurso vertiginosamente ascendente, Joana Guerra tem tocado em diversas formações e contextos disciplinares, com destaque para o teatro e a dança. Em cada performance há como que um mistério revelado no cruzamento da voz e do violoncelo.
Os ingleses Reckless Sleepers levam ao Lá Fora um trabalho com coreografia da belga Leen Dewilde. No Pátio de Honra do Centro de Arte e Cultura, A String Section apresenta-nos cinco mulheres envergando um vestido preto e entrando em cena como para um concerto clássico. Sentadas em cadeiras que vão paulatinamente destruindo sem delas saírem durante os 45 minutos da peça, estas bailarinas confrontam-nos com imagens que convocam pontos de vista abertos sobre as cadeiras do universo doméstico, sobre o vestido que as caracteriza, os corpos que se apresentam em desequilíbrio imponderado, o esforço efetivo exigido de cada performer…
À noite, no Pátio das Colunas do Centro de Arte e Cultura, António Bexiga e Cristina Viana apresentam “Quando as sereias são pássaros”, concerto multimédia desenvolvida no âmbito do Serviço Educativo da Fundação Eugénio de Almeida e livremente inspirado nas sereias e outros seres fantásticos que povoam os frescos das Casas Pintadas, convidando um público mais familiar a reencontrar esses seres noutras formas e animados de novas linguagens musicais e de cena.
O Festival Lá Fora cruza-se, ainda, com o EA Live Évora que tem início neste dia, no Páteo de S. Miguel, com os concertos de Lince e Dead Combo. Enquanto Lince, projeto da Sofia Ribeiro, abre a noite com as suas histórias e ritmos de forte cariz eletrónico, os Dead Combo, com álbum novo neste 2018, apresentam-se em Évora em quinteto, motivo acrescido para ir ver ou rever esta banda mítica da música portuguesa, liderada por Pedro Gonçalves e Tó Trips.

No encerrar do festival, no dia 10 de Junho, a manhã de domingo assiste ao encerramento do Lá Fora com o Projecto migratório de Catarina Garcia e Sofia Aires. Um carro transporta, esconde, acolhe e mostra dança, viajando com humor pelas ruas em frente ao Centro de Arte e Cultura e ao Templo Romano. Repete, em loop, a cada meia hora.


© Dead Combo, DR

Programa Lá Fora – Festival Internacional de Artes Performativas para tomar nota na agenda:

07/06 – Páteo de São Miguel
21h30, Palco Pequeno, Llobel & Pons – Flauta Morseuest.
Flauta: Carlos Bechegas.
22h30, Palco Pequeno, Sequin – Born Backwards.
Ana Miró (voz / programações), Filipe Paes (teclados), Tiago Martins (baixo) e Gonçalo Duarte (guitarra)

08/06 – Centro de Arte e Cultura e Páteo de São Miguel
19h00, Centro de Arte e Cultura, Percursos – Companhia Instável.
Performances coreográficas com coordenação de Ana Figueira e com Alexandre Duarte, Álvaro, Andrea Mesquita, Catarina Garcia, Josefien, Sofia Airs.
21h30, Páteo de São Miguel – Palco Principal, Orquestra Jazz de Évora.
Orquestra de Jazz de Évora (OJE) com: Saxofones: alto – Rodrigo Lino, Bernardo Matias. Tenor: Ricardo Nascimento, José Andrade. Baritono: Pablo Inda Garcia. Trombones: Flávio Bolrão, Nuno Lopes, Miguel Bacalhau, João Rasteiro (tuba). Trompetes: André Dourado, Jéssica Pina, Hélio Ramalho, Antonio Moreno Torres. Secção Rítmica: Vítor Guerreiro (guitarra), Vasco Sousa (contrabaixo), Mário Lopes (bateria).
23h00, Páteo de São Miguel – Palco Principal, Cais Sodré Funk Connection.

09/06 – Centro de Arte e Cultura e Páteo de São Miguel
18h00, Páteo de São Miguel – pátio pequeno, Joana Guerra (Voz e violoncelo).
19h30, Centro de Arte e Cultura – Pátio de Honra, Reckless Sleepers (UK)– A String Section.
Coreografia: Leen Dewilde. Direcção artística: Mole Wetherell.
21h00, Centro de Arte e Cultura – Pátio das Colunas, António Bexiga e Cristina Viana – Quando as Sereias São Pássaros.
Concerto multimédia.
21h30, Páteo de São Miguel – palco principal, Lince.
23h30, Páteo de São Miguel – palco principal, Dead Combo. (Tó Trips – Guitarras; Pedro Gonçalves – Guitarras, Contrabaixo, Melódica, Pianinho; Alexandre Frazão – Bateria; Gui – Sopros, Teclas;António Quintino – Baixo, Contrabaixo, Guitarras).

10/06 – Centro de Arte e Cultura – Pátio de Honra
11h00 – Catarina Garcia & Sofia Aires – Projeto Migratório.
11h30 – Catarina Garcia & Sofia Aires – Projeto Migratório.
12h00 – Catarina Garcia & Sofia Aires – Projeto Migratório.
12h30 – Catarina Garcia & Sofia Aires – Projeto Migratório.

Rumamos a Évora? •

Fundação Eugénio de Almeida
© Fotografia de destaque: Reckless Sleepers (UK)– A String Section, DR.

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