Trata-se de uma exposição-proposta por Edicleison Freitas que pode ver no Colégio das Artes, em Coimbra, até dia 14 de Janeiro de 2023 e que teve como supervisor na sua concepção também António Olaio.
Será, esta exposição-proposta, uma linha que demarca a pesquisa que Edicleison Freitas vem desenvolvendo, e pretende levar a bom porto, na Universidade de Coimbra, concretamente, no doutoramento em Estudos Contemporâneos que o Colégio das Artes proporciona. Existe, sim, uma entrada que firma a sua fixação em torno da “mancha” e que, após conversar calmamente com o artista durante a tarde do dia 23 de Dezembro, entendi ser aquele espaço entre ele e o seu objecto de pesquisa a que também dá o nome de “impulso”: um espaço que vem sendo paulatinamente iluminado através de uma prática insistente e consistente, ainda que pontuada por alguma solidão. Quando visitei o Colégio das Artes para ver a exposição de Edicleison Freitas, que se distende na última sala em face da entrada principal, comecei por desejar ser surpreendida por um elemento, talvez, aglutinador. Apesar de existir um princípio, uma continuação e um final, que vão da esquerda para a direita, em rotação, desejava talvez segurar as rédeas da visão: mas tal seria como segurar uma nuvem. Passo a explicar.
Esta é a ocasião em que se dá uma estabilização temporária de, essencialmente, um movimento ou, talvez, de um ar que passa e que aqui se detém: o âmbito é por tal o do deslocamento. Repare-se: mesmo o vídeo, peça que marca o final, e tratando-se de mostrar uma imersão na terra, matéria escura e opaca, vem com a consistência do éter. De objecto em objecto diria que se enunciam várias camadas de tempo e de espaço, algo da ordem da antiguidade. Pese embora existam nesta exposição-proposta objectos irresistíveis, tanto pelo que evocam como pela mais consistência visual, a verdade é que se observa uma determinada impossibilidade: a de caçá-los, tornando-os, portanto, propriedade/s.
Edicleison Freitas referiu os olhos da criança como aqueles que atravessam o tempo – passado, presente e futuro; uma espécie de portal? Perguntei-lhe. Respondeu-me: os olhos abrem para o Agora. Registe-se, também, que Edicleison Freitas acredita que o artista deve ter o direito a contradizer-se. Recebeu recentemente um prémio internacional de destaque, através do World Cultural Center, relativo, no seu caso, às artes; a sua atribuição teve consequências, nomeadamente, quanto ao reconhecimento público inequívoco do seu trabalho na localidade onde residia, no Brasil – Cascavel. Relativamente a este facto assume-o como responsabilidade, e oportunidade para que se destaquem pessoas com talento e com mensagens que desejam transmitir aos demais, pessoas cujo percurso acompanhou de alguma forma: seja enquanto professor, seja como encenador. Assim seja!